Netflix - Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mystery)

12/23/2022 08:10:00 PM |

Costumo dizer que o gênero de suspense investigativo é um dos que mais me fascina no mundo do cinema, pois dá tantas brechas para o diretor brincar que uma trama pode ter tantas nuances abertas e tantas boas sacadas quanto ele deseje, e que se quiser revelar tudo no final, ninguém liga, pelo contrário, até fica bem divertido de ver. E dessa forma em 2019 fomos muito surpreendidos com o longa "Entre Facas e Segredos" que brincou com o público entregando as várias dinâmicas inversas de um comum suspense de assassinato, e claro que fazendo muito sucesso na época logo a Netflix comprou os direitos para fazer mais dois filmes, e eis que hoje chegou à plataforma de streaming, "Glass Onion: Um Mistério Knives Out", que tem muitos suspeitos bem trabalhados com as diversas motivações para os dois crimes, e que brinca bem com a mente do público que vai ficar tentando descobrir quem foi que fez tudo, e que tem bons atos misteriosos, porém gastaram muito mais com a produção, sendo algo riquíssimo, com muitos efeitos práticos e também computacionais, e não foram tão misteriosos com toda a trama, de forma que muito se advinha bem antes. Ou seja, é um tremendo filmaço, está recebendo diversas indicações nas premiações, mas poderiam ter gasto um pouco menos na produção e trabalhado um pouco mais no roteiro, pois aí sim seria perfeito.

A sinopse nos conta que após resolver a morte misteriosa do famoso escritor de histórias policiais, Harlan Thrombey, encontrado morto dentro de sua propriedade no primeiro filme, Blanc retorna à ativa, agora para desvendar outro caso, tão peculiar quanto. Nesta nova aventura, Benoit se encontra em uma luxuosa propriedade privada em uma ilha grega, mas como e por que ele chega lá é apenas o primeiro de muitos quebra-cabeças, e o fato peculiar de que ele foi convidado também. Blanc logo conhece um grupo de amigos reunidos a convite do bilionário Miles Bron para sua reunião anual. Como em todos os melhores mistérios de assassinato, cada personagem guarda seus próprios segredos, mentiras e motivações. Quando alguém aparece morto, todos são suspeitos.

É bem fácil notar que o roteiro desse novo longa é muito mais amplo do que o filme original, porém é bem notável também que deram para o diretor Rian Johnson algo que ele nunca teve em nenhum de seus filmes, que é dinheiro à vontade para gastar, então o narcisismo já ao escrever o texto é notável com vários objetos caríssimos, uma locação paradisíaca e muitos elos para poder brincar, de forma que se no original o ganho estava no elenco excelente de pessoas contraditórias e misteriosas, aonde os objetivos da morte e os ganhos que teriam com aquilo sequer passava pela nossa cabeça, e tínhamos de ir montando o quebra-cabeças inteiro, aqui não, ele já colocou atores fáceis fazendo personagens com objetivos bem fáceis de suas motivações, e conforme tudo se desenrola, a trama também soa fácil. Ou seja, o diretor e roteirista foi muito bem no que fez, pois é um filme impressionante e cheio de boas reviravoltas, de cenas explicativas incríveis e bem trabalhadas, mas ele entrega tudo muito facilmente, e isso não é o que o público de longas de mistério gosta de ver. Portanto aconteceu com ele o que acontece com quase todas as continuações de tramas com investigadores, que é ousar menos nos diálogos e gastar mais no visual, mas ainda assim uma obra bem notável e interessante, que brincou com todo o lance da pandemia no começo, e usou boas sacadas para todo o desenvolvimento seguinte.

Sobre as atuações, mais uma vez Daniel Craig entrega um Benoit Blanc totalmente seu, com ares bem egocêntricos e desenvolturas bem fechadas, com muito estilo e boas sacadas como sempre faz, e até tendo mais carisma e personalidade para um papel digamos mais seco, e assim ele acaba chamando a atenção no que faz. Da mesma forma tivemos um Edward Norton tão bem empostado com seu Miles, mostrando todo o ar clássico de um bilionário que tem tudo e todos para si, com um ego lá nas alturas, mas também com olhares fechados e bem trabalhados, ao ponto que se doou bem para o personagem, sendo marcante com o que fez. Outra que caiu como uma luva no papel foi Janelle Monáe com um papel digamos duplo de Andi/Hellen Brand, sendo bem trabalhado com ares diretos e muita correria nos bastidores para descobrir tudo e auxiliar o detetive, e com bons momentos bem colocados, olhares ora vingativos ora apavorados conseguiu chamar a responsabilidade do longa quase que toda para si, ou seja, deu show. Ainda tivemos momentos bem trabalhados e meio malucos com a Birdie de Kate Hudson toda chamativa e envolvente juntamente com sua assistente muito bem feita por Jessica Henwick, tivemos Dave Bautista bem brucutu com seu Duke, mas muito sagaz e cheio de tramas amarradas para desenvolver, e que junto da namorada sexy vivida por Madelyn Cline e da mãe brilhante no começo vivida por Jackie Hoffman acabou sendo um trio que valeria talvez um algo a mais, e ainda tivemos Kathryn Hahn fazendo uma governadora meio que corrupta, mas bem colocada, que até talvez poderia chamar mais atenção, mas que ficou em segundo plano.

Visualmente posso dizer que a equipe de arte foi incrível, pois arrumou uma mansão gigantesca, cheia de elementos cênicos de vidro que foram muito bem usados nos atos finais, uma sala gigantesca em formato de cebola de vidro com carrões e outros detalhes dentro para dar tanto o ar de luxo do filme quanto para os significados que são usados durante a trama, tivemos ainda atos nas casas dos protagonistas na época da pandemia, desvendando todo o quebra-cabeça para achar o convite da festa, e ainda tivemos alguns atos numa época passada quando todos eram falidos e estavam no bar chamado Glass Onion aonde formaram a turma de amigos, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito para encher o filme de sentidos e de pistas como todo bom filme do gênero tem, e deu show.

Enfim, é um filmaço realmente, mas que ficou um pouco abaixo do primeiro por não surpreender tanto na história e no desenvolvimento, mas no conceito de produção é daqueles para lembrar muito, então vamos ver o resultado dele e esperar o próximo, afinal pago por dois a Netflix já pagou, basta o diretor entregar algo que faça jus a um fechamento explosivo real (afinal neste aqui a explosão deu para ver que era computação gráfica). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje desejando um Feliz Natal para todos, e volto segunda com mais textos, afinal agora é só curtir as festanças, então abraços e até lá.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...