Lá no começo de 2012 eu já tinha feito mil elogios para o estilo do diretor e roteirista Marcos Bernstein com "Meu Pé de Laranja Lima", e profetizava que ele iria decolar demais como diretor, porém não sei os motivos, mas depois disso escreveu mais alguns poucos e bons filmes e não dirigiu mais nenhum longa, o que é muito estranho visto sua qualidade, e agora posso dizer novamente que ele acertou em cheio para entregar uma trama que não fosse cansativa, que não tivesse traquejos de novela (mesmo com atores de novelas!), e trabalhando de uma forma bem simples e direta conseguiu entregar apresentações e dinâmicas com uma pegada rápida e sem precisar ficar elaborando muito. Ou seja, fez o básico muito bem feito e acertou no estilo, só sendo realmente uma pena faltar um pouco mais de fogo mesmo entre os personagens, parecendo um amor frio entre todos, o que poderia ter sido mais intenso e direto, mas ainda assim é daqueles que são gostosos de ver e não cansam.
Como já disse acho que faltou calor nas cenas românticas entre os protagonistas, mas não acho que a culpa tenha sido dos atores, pois todos tiveram um desenvolvimento cênico marcante, e com isso acho que faltou pegada no roteiro mesmo para que a química fosse maior, mas dito isso gostei muito de ver Igor Angelkorte com um ar bem ingênuo, trabalhando olhares e sentimentos bem marcados, de tal forma que seu André acabou tendo um estilo diferenciado dos homens tradicionais, e assim seu personagem teve uma boa cadência, mesmo não sendo um galã "pegador" como é costumeiro em longas do estilo. Cleo Pires dosou sua Dani para não soar explosiva, e isso acabou sendo bem bacana e inteligente, pois vemos uma personagem apaixonada, mas sem soar pegajosa, de tal maneira que chama atenção e cria as dinâmicas para com o protagonista, sem precisar ficar com ares bobos demais. Já Juliana Didone acredito que tenha ficado muito em cima do muro com sua Beta, tendo anseios explosivos em algumas cenas, em outras sendo sutil demais, e em outras com ares de dúvida, então faltou que o diretor lhe conduzisse melhor para um estilo só, mas não atrapalhou suas cenas, chamando a atenção como precisava e agradando de certa maneira.
Visualmente a trama tem uma boa pegada, tem alguns símbolos bem colocados como o apartamento abandonado do protagonista aonde ele por ser metódico refaz igualzinho a quando se mudou para a África, tivemos um começo bem rápido e interessante mostrando o acampamento dos médicos no país e toda a dinâmica das cartas e envolvimentos à distância, mostrou todo o lance de desapego do protagonista por tecnologia, fazendo sua limpeza digital e por isso o motivo de não usar métodos mais atuais de comunicação, teve todo o processo de road-movie com os personagens passando por restaurantes de estrada, com músicas bregas e bem colocadas, toda a dinâmica de uma pegação mais ríspida e divertida, o lance do motel da cidadezinha ser lotado, uma blitz simples e claro a casa da praia com nuances bem fortes de tempestade para dar o devido simbolismo do conflito entre os personagens, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante e chamou a responsabilidade para si, sem errar de forma alguma.
Enfim, é um filme bem feito, com uma proposta direta e objetiva, que envolve o público, e que passa bem perto de ser algo perfeito do gênero, faltando um pouco mais de paixão mesmo, que aí seria memorável, mas que funciona bem para quem curte romances mais levinhos, e quem gosta de um passatempo envolvente, pois já disse que não cansa e não tem estilo novelesco, então é só ir e aproveitar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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