O diretor e roteirista Tarik Saleh já é figurinha carimbada por aqui, já tendo feito longas mais "normais" para o público do ocidente, como por exemplo o filme "Contrato Perigoso", e aqui ele desenvolveu algo mais fechado que muitos podem ser que nem entendam toda a dinâmica que a trama entrega, afinal é um país com praticamente dois governos: o religioso e o presidencial, então tudo envolve o poder que querem ter, envolve os militares, e claro que como toda briga por poder envolve que os pobres se lasquem, são colocados no meio das conspirações de maneira tão bem colocada que não percebam como estão sendo usados, e o diretor soube muito bem usar isso, soube dimensionar o tamanho de sua obra para que ela não ficasse caríssima nem falsa demais, e tudo é bem convincente dentro do que é passado, então diria que o motivo dele ter ganho o prêmio de roteiro em Cannes foi mais por conseguir passar toda essa mensagem conspiracional bem feita em um lugar que quase ninguém conhece do que pela história em si, pois se olharmos bem a fundo o roteiro é simples e já foi usado diversas vezes em outros filmes, mas essa novidade caiu muito bem no mundo moderno, e ao falar de suas inspirações fica nítido que soube colocar o passado e o futuro em algo que está acontecendo agora.
Sobre as atuações aí já entramos em algo meio complexo, pois tivemos alguns trejeitos, caras e bocas meio que estranhas de ver, e isso não é muito interessante, mas posso dizer que os protagonistas ao menos se esforçaram para chamar atenção, tendo claro o destaque para Tawfeek Barhom que fez de seu Adam um jovem simples e bem colocado, disposto a se entregar em todos os envolvimentos e conseguindo trabalhar bem a síntese da trama para o seu personagem, fazendo algumas caras sofridas demais, mas acertando de certa forma. Outro que foi bem usado foi Fares Fares com seu Ibrahim, entregando boas dinâmicas com o protagonista, sendo investigativo e bem direcionado nos atos mais densos, e conseguindo convencer no quê precisava, só soando estranho como um papel militar não tão rigoroso, mas não tem como saber como é isso por lá. Quanto aos demais, cada um apareceu um pouco dentro das devidas conexões, não indo muito além, mas sendo bem trabalhados ao menos, com leves destaques para Meudi Dehbi com seu Zizo, Ahmed Laissaoui com seu Raed, e Sherwan Haji como Soliman.
Visualmente o longa foi bem marcante ao mostrar uma faculdade islâmica, não sei dizer se gravaram lá dentro da Al-Azhar que é toda cheia de regras, mas que ficou bem convincente, com as aulas bem imponentes em rodas sentados como se fossem orações mesmo, os diversos ambientes de rezas, uma boate cheia de homens dançando, um café aonde rolam as conversas de investigador e seus infiltrados, além de um quartel da secretaria de Estado meio artificial demais, mas que no contexto completo da trama tudo funciona bem, além de algumas cenas do protagonista pescando com seu pai e a casa simples deles.
Enfim, é um filme bem interessante que chama atenção por ser de uma cultura tão diferente da nossa, mas que tem boas conexões no quesito da briga pelo poder, então fica a dica para todos conferirem a partir do dia 19 em cinemas selecionados, e eu fico por aqui agora deixando meus abraços e até breve.
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