Mubi - Aftersun

1/08/2023 11:41:00 PM |

Como ouvi falar muito do longa "Aftersun", logo que saiu no Mubi fiz questão de dar play nele, pois vários conhecidos haviam falado da beleza do longa, de toda a relação emotiva maravilhosa e tudo mais, então claro fui ver com as expectativas bem altas em cima dele (coisa que já falei milhares de vezes que não se deve fazer), porém a trama é algo emocional bem feito em cima da relação de um pai com sua filha, todas as boas sacadas e dinâmicas de alguns dias de férias da dupla, as descobertas da garota, as angústias do pai, e só, sem grandes conflitos ou desenvolturas que deem alguma cadência maior para o longa ou que prenda o público para um algo a mais. Claro que muitos verão o longa com olhares familiares e se enxergarão nele, e isso aumenta e muito a sensação de conexão, mas para pessoas comuns (como me considero) o resultado é apenas uma trama bonitinha que mostra as férias de um pai com sua filha, e nada além disso.

O filme nos mostra que no final da década de 1990, Sophie, de onze anos, e seu pai Calum passavam as férias em um clube na costa turca. Eles tomam banho, jogam bilhar e desfrutam da companhia amigável um do outro. Calum se torna a melhor versão de si mesmo quando está com Sophie. Sophie, enquanto isso, acha que tudo é possível com ele. Quando a jovem está sozinha, ela faz novos amigos e tem novas experiências. Enquanto saboreamos cada momento passado juntos, uma sensação de melancolia e mistério às vezes permeia o comportamento de Calum. Vinte anos depois, as memórias de Sophie ganham um novo significado enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que não conhecia.

Diria que a estreia de Charlotte Wells na direção e no roteiro de longa-metragens é algo até que muito bem feito, pois embora não tenha sido um filme que me atingiu, ele tem todas as funções dramáticas bem encontradas, traz toda a vivência familiar de conexão tão grande que existe entre um pai e uma filha, vemos o crescimento da jovem ao conviver alguns dias com o pai e conhecer mais dele, aprender com as coisas no ambiente, e tudo mais de uma maneira bem bonita de ser trabalhada, mostrando provavelmente todo o carinho que a diretora também teve em algum momento de sua vida, afinal geralmente esse estilo de roteiro vem muito das experiências. Ou seja, é um filme que diria ser correto e direcionado para pessoas com filhos e filhos que tiveram algum ato mais conectivo com seus pais, pois a trama enxerga tudo nesse elo sentimental e passa bem as mensagens da trama, porém os atos dos 20 anos após são muito rápidos e quase nem nos é mostrado em suma, e isso faz falta para quem não tiver essa conexão toda, e é onde poderia ser imensamente melhorado para chamar mais atenção dos demais que forem conferir.

Agora um fato incontestável sobre a trama é a atuação dos dois protagonistas, pois tanto Paul Mescal quanto Frankie Corio se doaram demais em todas as cenas, tiveram um carisma impressionante e desenvolveram todos os seus atos com muito carinho e determinação, parecendo realmente serem da mesma família, ou seja, acertaram em cheio no que precisavam fazer. E falando de Paul Mescal, o jovem ator está cotado para alguns filmes bem imponentes, e mostra o motivo com o que faz aqui com seu Calum, pois é daqueles personagens que trazem envolvimento para a tela e o ator conseguiu passar sentimento nos olhares, nos gestuais e teve uma química muito boa com a sua companheira de cena, de modo que o filme tem uma fluidez muito boa, e muito se deve dele não prender aos excessos que o personagem poderia ter. Essa foi a estreia de Frankie Corio nos cinemas com sua Sophie, e facilmente a atriz vai ganhar muitos papeis em Hollywood, pois a jovem tem um olhar meio que melancólico ao mesmo tempo que tem vitalidade nos atos, e isso funciona demais em todo tipo de personagem que desejarem comover, e assim ela conseguiu dar pontadas fortes nos diálogos, mas ao mesmo tempo ser sutil e isso agrada bem.

Visualmente a trama se passa quase que toda num hotel da Turquia, alguns atos em ônibus, idas à piscina, alguns atos no ambiente de lazer com um jogo de motos e uma mesa de sinuca, vemos também alguns atos em karaokês, shows e uma boate de luzes piscante, além de alguns momentos no aeroporto, mas o que vale o destaque mesmo são os atos filmados pelos protagonistas com uma câmera amadora, que traz alguns elos bem marcados, e acaba sendo até mais do que apenas um elemento cênico do filme, pois ali vemos as desenvolturas dos personagens e tudo o que é refletido pela memória da protagonista adulta, ou seja, a equipe de arte meio que precisou desenvolver bem os atos para cair na época em que se passa o longa, mas não foi tão acionada, então o resultado visual ficou bem trabalhado apenas.

Enfim, é um filme bonito como já disse pelas dinâmicas dos personagens, mas dava para facilmente ser bem mais pesado e emocional, que aí cairia para elos fortes e chamaria a atenção de um público maior, pois da forma entregue ficou algo apenas artístico, e daria para ter sido algo de impacto realmente, mas como é o primeiro trabalho da diretora certamente vai melhorar isso nos próximos filmes, e assim sendo vale a dica mais para quem tem conexões de pai/filha para entrar no clima, que aí vale o play. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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