Diria que a diretora e roteirista Laura Mora Ortega soube ser bem direta no que desejava entregar para sua trama, pois mesmo indo por uma linha de jovens rebeldes, sem muito rumo, que apenas querem a curtição e a base familiar deles são o que conhecem entre o que fazem, mas todos em busca de algo que fixe seu território, e com um tendo uma herança de terreno, o jovem leva esses amigos/irmãos consigo, e essa densidade fica bem clara no que a diretora acaba passando, que por mais introspectivo e reflexivo que sejam alguns dos momentos da trama, o resultado acaba sendo bem encaixado e traz boas nuances dinâmicas. Ou seja, é daqueles filmes que como disse no começo não nos leva para algo que imaginamos como seja, e assim por não termos essa vivência acreditamos no ar ficcional que o longa entrega, mas se pararmos para refletir vemos que muitos jovens de rua têm essa vontade e essa essência, e assim o resultado abre a mente e faz valer os minutos de tela.
Sobre as atuações, diria que o quinteto de jovens foi muito bem selecionado, tendo apenas o mais velho do grupo (Culebro) atuado em outras produções, então fizeram uma boa estreia com olhares e nuances bem desenvolvidas, passando emoção nas dinâmicas soltas e nos envolvimentos entre eles, de forma que certamente irão seguir carreira e chamar atenção mais para frente. Mas vou destacar dois que foram além, com claro o principal Carlos Andrés Castañeda com seu Rá cheio de imaginação, disposição e atitude, mas com nuances calmas e tranquilas, disposto a ir até o fim para conseguir algo que é seu, e o jovem soube dosar bem cada momento para que não ficasse forçado, claro sendo muito bem dirigido para isso. E o outro que me chamou até mais atenção do que o personagem principal foi Cristian Campaña com seu Winny pequenino e imponente, cheio de marra e disposição para os conflitos, mas também bem pronto para segurar os atos mais marcantes, ao ponto que certamente vai ser muito chamado para mais filmes, pois tem estilo. Ainda tivemos Brahian Acevedo com seu Nano bem discriminado pela cor da pele, mas que não teve tanto trabalho dialogal, e Davison Florez como um emocionado Sere que acabou sendo mais usado nos atos finais, mas também focou mais nos olhares do que nos diálogos, e claro como já falei o mais experiente dos cinco, Cristian David Duque com seu Culebro, que já fez muitos filmes e séries e soube dar mais força em alguns atos, mas nem por isso ficou desconexo do grupo.
Visualmente a equipe de arte conseguiu trabalhar meio que de segundo plano, não travando os ambientes nem conduzindo tudo como um road-movie tradicional, ao ponto que vamos andando com eles seja nas bicicletas, nos caminhões ou andando, passando por bordeis, por casas de criminosos, de mendigos e até de esquecidos pela sociedade no meio do nada, mostrando claro muitos dos perigos das ruas e claro dos mineiros no final do longa, usando muitos artifícios de vivência mesmo e simbolizando tudo o que fosse possível, o que deu um bom charme para a produção toda, mesmo tudo sendo bem sujo.
Enfim, é um filme que não vai chamar a atenção de muitas pessoas, e que é bem diferente do costumeiro comercial que muitos dão play na Netflix, mas dê uma oportunidade para a trama, se envolva e viva com os garotos, e o resultado certamente vai surpreender, pois como já disse, mesmo sendo extremamente artístico, não cansa e funciona bem, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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