Netflix - Destemida (True Spirit)

2/05/2023 06:48:00 PM |

Não diria que seja um gênero específico, mas sim um formato que consegue me emocionar com uma facilidade, além de ser tão gostoso assistir obras assim, que é o de longas de superação, e nem precisam ser histórias reais, até mesmo os longas esportivos dramáticos ou até mesmo animações aonde o protagonista consegue superar alguma limitação para alcançar algum objetivo de vida, acaba sendo algo que vibro junto, balanço o pé no ritmo musical que está tocando de fundo e embarco por completo no que entregam. Mas claro que as histórias baseadas na vida real de alguém tem sempre um teor um pouco maior, e aqui no lançamento dessa semana da Netflix, "Destemida", conseguiu me impactar com uma trama simples, porém bem forte de uma jovem com dislexia que vivendo com os pais velejadores, vivendo praticamente sempre em barcos ou em praias, resolve ao ler um livro de um jovem velejador, que iria se tornar a mais jovem velejadora a cruzar todos os oceanos, fazendo a circunavegação do planeta passando por todos os cabos famosos, sem parar em nenhum porto ou ter qualquer tipo de ajuda para fazer isso, apenas contando com seu barco, e a jovem pequenina traçou seu plano, fez vários treinos até chegar o grande dia, indo contra tudo e todos que julgavam ser algo arriscado demais para uma garota. Ou seja, vemos alguns de seus dias turbulentos desde o evento teste com problemas passando por tudo o que aconteceu na viagem completa sem ventos, com tempestades e tudo mais que ocorreu, sendo algo simples de produção, com alguns elos computacionais meio fakes, mas com um resultado final bem emocional e que junto de uma trilha sonora incrível faz aquele suor dos olhos se movimentar.

O longa conta a história pessoal de uma garota australiana que é pessoa mais jovem a dar a volta ao mundo sozinha de outubro de 2009 a maio de 2010 - aos 16 anos. Sua viagem terminou em 10 de maio de 2010, depois de 210 dias em alto mar e mais de 22 mil milhas náuticas. Mas foi com muitos anos de preparo que a fizeram concluir o feito. No entanto, apenas oito meses antes, ela colidiu com um cargueiro de 63.000 toneladas. Porém ela não se deixou abalar e continuou seguindo seu sonho. O filme reconta todos esses dias, escritos em seu livro, em que ficou no mar, sozinha e sem ninguém, quase incomunicável. Mesmo assim, a jovem australiana seguiu em frente, rumo ao horizonte.

Diria que a diretora e roteirista Sarah Spillane desenvolveu algo muito semelhante ao que a verdadeira Jessica Watson viveu em sua vida, pois se baseando no livro dela conseguiu retratar uma emoção única na trama, deu as devidas nuances de impacto nos atos certeiros e soube dimensionar cada ato para que ele tivesse todas as conexões possíveis para envolver o público, de tal forma que seu longa tem dinâmica, tem espaço para mostrar o passado e sem precisar desenvolver tanto os personagens, apenas dando as corretas posturas familiares em cada ato acabou acertando em cheio no que o filme precisava. Ou seja, ela não quis correr riscos e fez um longa bem correto, bem cheio de atos marcantes, e mesmo abusando de uma computação facilmente detectada nas cenas de tempestade, ousou apostar no carisma da personagem com uma atriz novata e deu muito certo.

E já que comecei a falar das atuações, vamos direto ao ponto, pois Teagan Croft foi muito bem encaixada como Jessica, não precisou de muita maquiagem para ficar parecida com a verdadeira velejadora, e acredito que treinou bastante para conseguir fazer os devidos movimentos de barco, não soando falso suas amarrações e jogadas de timão e do mastro, colocando o público para bem perto de si, e claro emocionando nos devidos atos de encaixe emocional que o filme permitia, ou seja, deu seu nome para a produção e mostrou que tem futuro, afinal está só com 18 anos, e já mandou bem em séries e outros filmes. O ator neozelandês Cliff Curtis já tem um currículo bem chamativo com vários longas, mas sem fazer grandes sucessos efetivos, até que no ano passado apareceu bem como um dos protagonistas do novo "Avatar - O Caminho da Água", e agora mostrou um lado seu mais fechado como o treinador e velejador Ben Bryant (que aliás poderiam fazer sua história, já que velejou em muitas missões solo perdendo um dedo e também foi responsável pela morte de um velejador numa competição, ou seja, tem história para um filme com certeza) com uma postura séria e bem marcada, sendo na trama o único que treinou a jovem, mas diferenciando um pouco do livro aonde a jovem tinha uma equipe completa, porém esse estilo deu um lado mais sentimental e focado dentro da família da jovem, e o ator fez bem um personagem mais durão. Ainda tivemos bons atos com todos os membros da grande família de Jess, valendo destacar a garotinha Vivien Turner como Hannah a irmã caçula cheia de diálogos marcantes na trama com uma desenvoltura única, Anna Paquim como a mãe e Josh Pawson como o pai bem preocupados com as decisões da garota, mas apoiando bastante, e ainda os irmãos vividos por Bridget Webb e Stacy Clausen, mas todos dentro do âmbito familiar de apoio, então valendo claro o destaque máximo entre os secundários para Alyla Browne como a protagonista em seus atos mais jovens cheios de persistência.

Visualmente o longa foi bem trabalhado com um barco bem rosa e cheio de detalhes que a equipe criou muito semelhante ao original que está num museu náutico da Austrália, e claro depois presenteou a verdadeira Jess com essa réplica, tivemos uma casa familiar bem trabalhada em detalhes, aonde a imprensa ficou plantada no gramado esperando informações diárias nos piores dias da navegadora, e claro mapas e muitos elementos cênicos para serem usados dentro do navio, dando claro símbolo para os vários bichinhos de pelúcia que a jovem levou simbolizando ainda sua idade, ou seja, tudo muito bem colocado que acabou chamando atenção e funcionando bastante, tendo claro o único adendo para o excessivo uso da computação nas cenas de tempestade, que claro eu não queria ver a jovem atriz sofrendo em algo que lhe custasse sua vida, mas dava para fazer algo em um ambiente controlado de forma mais real, mas isso não chega a incomodar tanto felizmente na produção, só sendo algo que quem tiver um olhar mais técnico vai acabar reclamando.

Outro ponto que chamou muita atenção no filme foram as escolhas musicais contando com Sheppard, Dotan, Colbie Cailat, entre outros que deram tanto ritmo quanto envolvimento para as devidas cenas, e valem não só como músicas inspiradoras quanto bem arranjadas para que o filme tivesse uma cadência emocional, ou seja, vale a pena ouvir no filme e depois com o link que deixo aqui.

Enfim, dei o play sem esperar nada do filme, apenas pela história que parecia interessante e fui surpreendido com um filme gostoso, bem encaixado para o momento e que funciona bastante com os motes de superação entregues, ou seja, vale com certeza a recomendação de play nele. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto logo mais com mais textos, então abraços e até logo mais.


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