Diria que o trabalho do diretor, roteirista, editor e protagonista Lucas Estevan Soares até foi algo bem trabalhado, pois conseguiu fazer uma trama com boas dinâmicas e estilos, sem precisar recair ao lado novelesco do cinema nacional, pois aqui sendo um drama com pitadas de filme de justiça, ele soube administrar o ambiente, mostrar a base de policiais que se acham os maiorais e claro todo o processo de loucura quando um amor não é bem aceito, resultando em tantas tragédias que vemos mundo afora. Porém diria que esse excesso de funções que é comum nas obras com pouco orçamento é um risco gigantesco, pois como falávamos na época da faculdade de cinema, o maior acerto de um roteirista é entregar seu filho (o roteiro) para um bom diretor desenvolver ele melhor, e o maior acerto de um diretor é entregar seu filho (as filmagens) para um bom editor criar ele realmente para que o público entenda e goste do resultado, e aqui ao fazer todas essas três funções (e a quarta de estar na frente das câmeras também), ele não quis cortar cenas que achou importante e que na realidade não eram, e assim seu filme se arrastou um pouco. Ou seja, em outras mãos, talvez o filme ficaria incrível, ou não, mas da forma que resultou acaba não entregando tudo o que certamente ele pensou ao escrever.
Sobre as atuações, aí o problema já é outro completamente diferente, pois o diretor Lucas Estevan Soares caiu até que bem para o personagem de Fernando, teve olhares carismáticos e bem emocionais em cima do carro e de seu pai, mostrando gostar daquela vida, já quando vira de lado para buscar respostas exagerou um pouco nos trejeitos fazendo algumas caras e bocas exageradas, mas que no contexto completo da trama até funciona, ou seja, não fez algo brilhante, mas passou muito bem a mensagem que queria no personagem. Outro que entregou um olhar bem bacana nas cenas iniciais foi Paulo Matos com seu Lau bem direto e envolvente, sendo amplo de sorrisos e direto no estilo que chamou para si. Tivemos ainda atos bem interessantes de Wagner Jovanaci como o policial Gomes, sendo brutão e forte nas dinâmicas, acertando no que precisava fazer. E ainda tivemos bons atos de Ana de Ferro com sua Andressa e Wawa Black com seu Dinho bem colocados na trama e nas dinâmicas com o protagonista. E não posso esquecer da cachorra Penélope Cruz que colocaram um in memorian para ela, e teve olhares e atos muito bem feitos em cena, valendo não terem cortado suas cenas!
Visualmente o carro tem todo um estilo bem bacana para um carro de telemensagem, temos boas cenas na casa do protagonista que vai vendendo todos os móveis da casa para manter seu sonho ativo, vemos bons atos nas ruas, tivemos uma cena de briga de jogo bem trabalhada, mas completamente desnecessária, e claro a casa do policial que é o local da tragédia, de forma que foram bem concisos de locações, mas tudo bem retratado dentro da proposta que acaba agradando de certa forma.
Enfim, é um filme bem interessante que poderia ser muito melhor com poucos ajustes, mas que com toda certeza fez muito sucesso em Curitiba e mostra que o pessoal mais novo está vindo com boas ideias de filmes, sem precisar recorrer ao tradicional estilo novelesco, então fica a dica para quem gostar do estilo para conferir. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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