domingo, 19 de março de 2023

Globoplay - Emily, A Criminosa (Emily The Criminal)

Costumo dizer que alguns filmes começam com um ritmo tão forte que parecem querer resolver tudo nos primeiros minutos de tela, e isso não é bom de acontecer, pois a tendência logo em seguida é amornar para ter o devido desenvolvimento, e a trama de "Emily, a Criminosa" que estreou na Globoplay/Telecine usa desse artifício para mostrar a vida da protagonista que trabalha como entregadora de comida e não consegue um emprego melhor por ter antecedentes criminais, e devendo muito dinheiro para o banco acaba aceitando entrar para um grupo de pessoas que clonam cartões e compram coisas para revender. Ou seja, toda essa dinâmica de furtos é passada voando, e logo vemos ela caindo de ritmo e se envolvendo em outras coisas sem ficar rodeando, de forma que não digo que tenha sido algo ruim o estilo escolhido, só poderiam ter usado menos velocidade em tudo, pois se olharmos ao fundo, a trama é um drama, e não uma síntese de ação, o que acabou parecendo ser o contrário. Portanto é um passatempo até que interessante para quem gosta do estilo, mas é daqueles que mostra que o crime compensa o risco, e assim o filme não joga mensagens interessantes para o público.

A sinopse nos conta que Emily está com dificuldades na vida. Sendo uma universitária com uma grande dívida estudantil, ela precisa achar um emprego rápido, porém com uma pequena ficha criminal tudo fica mais complicado. Isso a leva tomar medidas desesperadoras e entra em um esquema de fazer compras com cartões de crédito roubados por Youcef e revender tais compras. Recebendo um "não" após o outro em suas diversas entrevistas, Emily começa a tomar gosto pelo dinheiro rápido e o mundo do mercado negro.

É bem fácil entender um pouco dessa correria ao ver que é a estreia do diretor e roteirista John Patton Ford em um longa metragem, pois como sabemos quando fazemos curtas temos de ir direto ao ponto, o que não é tão necessário quando se tem mais tempo, mas isso não impediu de trabalhar bem a personagem, mostrar suas ambições e suas amizades meio que forçadas, e claro desenvolver bem a formatação do golpe, mostrando os devidos riscos, e depois usar ainda a base para mostrar como as pessoas por trás do golpe fazem tudo, e assim diria que ele até foi bem em algumas dinâmicas, mas certamente dava para não pesar tanto a mão de uma vez só. Ou seja, o que vemos na tela é o desenvolvimento de uma garota num crime, e faltou um pouco mais de mostrar como os criminosos agiam, e assim fluir melhor, mas o filme funciona de certa forma e agrada bem, mostrando que o diretor tem estilo, e possivelmente num próximo longa irá se sair melhor.

Sobre as atuações, diria que gostei do estilo que Aubrey Plaza colocou para sua Emily, de modo que trabalhou vários trejeitos e situações durante seus atos, foi marcante dentro da medida, e agradou sem precisar forçar a barra, mostrando claro que não leva desaforo para casa e disposta a conseguir tudo o que era dela, ou seja, fez bem as vezes que uma protagonista precisa ter e agradou. É até engraçado que Theo Rossi seja americano mesmo, pois na maioria dos filmes ele é colocado como estrangeiro que chegou no país e está fazendo sua vida por lá, e aqui seu Youcef combinou demais com sua personalidade, de modo que cheguei a pensar realmente que tinham colocado algum libanês no papel, e isso mostra que ele soube segurar bem os trejeitos de seus ancestrais e chamou atenção com boas dinâmicas. Quanto aos demais tivemos mais participações apenas, sem grandes chamarizes, com destaques leves para a amiga "não muito amiga" da protagonista Liz, vivida por Megalyn Echikunwoke, e também para o irmão do protagonista vivido por Jonathan Avigdori que mostrou atitude em alguns atos com caras fortes, mas não foi muito longe com tudo.

Visualmente a trama focou em mostrar um pouco da vida dos entregadores de comida dos EUA, levando refeições grandes meio que diferente daqui, trabalhou com a ideia de serviços para ganhar dinheiro fácil, mas não honesto e mostrou uma máquina de clonar cartões bem interessante (não sabia que era dessa forma que faziam), e claro algumas cenas mais criminosas e impactantes com os roubos dos dois lados, mostrando que a equipe de arte arrumou muitas caixas para um depósito e brincou bem com toda a simbologia criminal.

Enfim, é um filme até que interessante de proposta, que mostra bem o lance criminoso dando a vez para a protagonista, e que mostra ainda que o crime compensa se bem trabalhado e sabendo dos riscos, mas como filme acho que poderia ter melhorado mais em tudo, sendo um passatempo bem simples para quem gosta de um drama simples. E assim sendo fica a recomendação, e eu fico por aqui agora, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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