O diretor e roteirista Rubens Rewald soube fazer muito bem algo que poucos diretores nacionais costumam colocar em suas tramas mais fechadas que é a síntese emocional, pois ou pecam com excessos de diálogos ou com excessos de reflexões, e aqui ele soube dosar muito bem cada elemento da trama, cada envolvimento pessoal bem colocado, e principalmente expor seus personagens sem precisar de grandes apresentações, pois tudo fica evidente de uma maneira leve e bem pautada. Claro que precisou ir a fundo para mostrar aonde o protagonista ganha o seu dinheiro, brincou um pouco com o ar melancólico da protagonista para mostrar um pouco sua depressão, mas sem forçar laços ou quebras bruscas, tudo serviu para ir além nos atos finais e se desenvolver bem com um certo brilhantismo. Ou seja, o que vemos na tela é somente o necessário para entender e envolver, e o resto, a produção que lutasse para levar o filme para ser filmado em boas locações na Europa, tivesse todo o anseio bem conectado com tudo, e assim tudo funciona bem, coisa bem rara de se ver no gênero.
Sobre as atuações, posso dizer que ambos os protagonistas se entregaram muito bem para seus devidos personagens, fazendo com que enxergássemos eles na tela ao invés de ver os atores, e isso é algo que costumo valorizar demais em uma atuação, e assim o resultado fluiu muito bem na tela. Dessa forma Priscila Steinman ficou responsável pelos atos mais introspectivos e melancólicos com sua Ana, mas sendo menos direta que o irmão, acabou aproveitando para ver mais os ambientes, se envolveu com a história do lugar e cadenciou tudo com ares menos sofridos do que no Brasil, de modo que acabou se conhecendo mais e criando muito mais com seus olhares, e claro com isso passando a mesma sensação para o público, mostrando facetas e envolvimentos bem colocados na tela. Já Kauê Telloli foi mais atirado, mais direto e desesperado em querer saber mais do seu passado, e claro com isso indo bater de frente com tudo sem pensar em nada, mas se olharmos por outro lado, seu sumiço de tela foi bom para desenvolver a irmã, e claro que vemos também sua afeição por ela, de modo que o ator soube criar um estilo rápido e bem marcante para seu Carl. O longa teve muitos personagens secundários passando no caminho dos jovens atores, mas sem dúvida a essência marcante ficou por conta das cenas com o ator alemão Michael Hanemann como o pai deles, que mesmo morrendo logo no começo ainda aparece bastante nas lembranças, e agrada com o que faz.
No conceito visual a trama foi muito bem desenvolvida, mostrando de início o apartamento simples da família, a biblioteca que a protagonista trabalha, e um pouco do mundo de como o jovem ganha sua vida entre futebol e encontros, tudo sem precisar forçar a barra, e ao encontrar as cartas e coisas do pai como um elemento cênico bem importante, o filme muda os ares para a Alemanha, passando por algumas cidades e tendo locais bem colocados para a síntese completa da trama, envolvendo bastante e chamando atenção para o pequeno restaurante aonde vemos a história do proprietário e como era na Alemanha na época de Hitler, vemos um pouco de uma escola, uma boate e tudo simples e direto que acaba agradando bastante, e falando em simplicidade, a cena da protagonista de pijama no aeroporto ficou muito marcante e acertou em cheio na escolha.
Enfim, é um filme que pode se florear bastante na análise, serve para pensar e refletir no modo como tratamos e nos conectamos com as pessoas, mas principalmente vale como algo emocional bem trabalhado tanto pelos atores como pela direção, sendo singelo e direto em tudo, o que chama atenção e agrada sem errar, e assim sendo recomendo ele com certeza para todos assistirem quando estrear dia 16/03 nos cinemas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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