A Porta Fechada de Suzume (Suzume no tojimari) (すずめの戸締まり) (Suzume)

4/14/2023 12:28:00 AM |

O Japão sem dúvida é um dos berços das animações, e conseguem entregar tramas para todo tipo de público com traços icônicos e personagens que sempre trazem aquele algo a mais que esperamos ver, seja algo fofo para emocionar de um modo bobinho, ou alguma reviravolta emocionante que faz você suspirar e sentir realmente tudo o que pensaram para algo que vai muito além da tela, e isso não é de hoje, tanto que cada ano mais estúdios do gênero se espelham no que vem de lá, e isso não deve mudar tão cedo, o que é ótimo. E com "Suzume" ou "A Porta Fechada de Suzume" vemos mais uma grande obra de arte do diretor Makoto Shinkai que já vem trabalhando simbolismos e muito envolvimento desde o começo dos anos 2000, mas que tem explodido realmente do lado de cá do globo desde 2013 com "O Jardim das Palavras", depois com "Your Name" em 2016 e "O Tempo Com Você" em 2019, que podem parecer bem diferentes, mas todos trabalham bem a essência dos elementos climáticos e suas conexões, que aqui é mostrada de uma forma melhor como ocorre. Ou seja, são quatro filmes que não precisam ser vistos para entender o outro, mas que facilmente trará emoções diferentes e muitos sentimentos para quem conferir, e o resultado novamente funciona na telona chamando muita atenção para os protagonistas, e principalmente com um fechamento que parecia abstrato se olhássemos desde o começo, mas que dá coerência e emociona se pararmos para contemplar tudo.

O longa acompanha dois amantes desafortunados. Suzume, uma garota de 17 anos que vive em uma pacata cidade em Kyushu, conhece um jovem em uma jornada “procurando portas”. Ela o segue até um prédio em ruínas nas montanhas e encontra uma porta, como se "só ela" fosse salva da devastação. Suzume se sente atraída por um poder invisível e estende a mão para a porta. Logo, portas em todo o Japão começam a se abrir uma após a outra. As portas que se abriram devem ser fechadas para fechar a calamidade que jaz do outro lado. Agora, começa a "jornada de fechar portas" de Suzume.

Diria que o diretor e roteirista Makoto Shinkai tem ideias tão grandiosas que fazem suas animações saírem do plano terreno e ir para o imaginário com tanta facilidade que não tem como não se envolver, e cada vez que ouço que alguém irá tentar adaptar uma de suas tramas para live-action apenas dou risada e penso: impossível, e digo o motivo, pois para conseguir isso num mundo realista precisariam colocar tantos efeitos que soaria falso demais, enquanto no mundo maravilhoso da animação isso funciona sem precisar causar. Ou seja, chega a ser fácil pensar nas conexões trabalhadas pelos personagens do diretor, vemos um mundo possível de interações místicas para ter floreios impactantes, mas o desenho é tão bem feito e a trama é sempre tão gostosa e impactante ao mesmo tempo, que não conseguimos piscar durante tudo o que ocorre, e o resultado é o mesmo sempre com tanta perfeição e interação que sempre acabamos querendo mais.

Já falei muito que os personagens são muito bem desenhados, mas a atitude e personalidade marcante é outro fator incrível colocado na trama, de modo que Suzume é carismática, tem desenvolturas e dinâmicas muito bem encaixadas, e não desiste por nada de seu objetivo que é ajudar o homem misterioso, que teve de cara muita conexão, e vemos a personagem correndo, se jogando, machucando e tudo com um gás máximo para resolver o que acredita que criou. Da mesma forma vemos Souta inicialmente na forma humana bem encaixada, com um certo charme que chama atenção, e mesmo depois que é transformado na cadeira infantil da protagonista, foi todo malucão correndo, se atirando e surpreendendo por onde quer que passasse. Tivemos ainda boas cenas com o gatinho Daijin, quase uma personalidade das redes sociais japonesas, aparecendo em várias fotos, e com um significado final muito marcante para tudo, e claro vários outros personagens que vão aparecendo dando a devida conexão com a protagonista, o que funciona demais em tudo.

Visualmente o longa tem um brilho incrível, tem cores para todos os lados, e trabalhou muito os sentimentos dos personagens com tons, de forma que viajamos por várias cidades do Japão, conhecemos personagens de diferentes estilos, e o verme/vilão é tão marcante com as nuances reflexivas, o gato que parece ser um grandioso atrapalhador também tem toda sua intensidade, vemos elementos cênicos para todos os lados, e principalmente é um filme desenhado, computacionalmente, mas muito bem desenhado, com traços característicos do estilo oriental e que marca a cada momento.

Enfim, é um filme que é muito bonito tanto visualmente quanto de essência passada nas mensagens, além de ter uma trilha sonora belíssima que pode ser ouvida aqui, e que como é de costume da cultura oriental tem muitos significados em segundo plano, de forma que alguns verão o longa de uma forma e outros vão enxergar algo completamente diferente, valendo totalmente a recomendação e o envolvimento com tudo, que só não vou dar a nota máxima por achar ele levemente inferior ao grande filme que é "Your Name", e por esperar mais conexões na tela, mas que tirando isso o resultado é incrível. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...