Fiquei pensando o tanto que a diretora e roteirista Georgia Oakley se preparou para o que entregou na tela, pois seu filme não é dos mais difíceis de se fazer, mas teve todo um trabalho estrutural e sentimental em cima das atitudes na tela, de forma que a protagonista precisava passar todas as nuances da trama em olhares, trejeitos e vivências, e não tanto em diálogos, pois coube à essa parte ser pontual e direto nas colocações contrárias aos desejos e sentimentos da protagonista, de tal forma que vemos um filme acontecendo por parte dos atos sentidos pela personagem e outro nas dinâmicas ditas ao seu redor de um mundo totalmente contrário à sua opção, sendo olhada torto por onde quer que fosse, ouvindo que tudo o que faz é errado, e mais do que isso, os acontecimentos próximos à ela dizem tudo isso em sua fronte. Ou seja, o que vemos no trabalho de direção é nada menos do que uma sensibilidade aguçada para ser representativa de uma época e também tentar mostrar que muito já foi mudado, mas que ainda pode ser melhor, afinal o que querem não é mais direitos, mas sim os mesmos direitos que todos os seres humanos têm.
Sobre as atuações sem dúvida alguma todos os méritos vão para Rosy McEwen com sua Jean que trabalhou olhares de todos os tipos para uma única personificação, parecendo em alguns atos estar com medo de ser quem é, outras vezes trabalhando sua paixão, e por muitas vezes pensando em tudo o que está acontecendo com ela, com sua aluna, com o mundo e tudo mais, trabalhando de uma maneira forte, mas sem causar na tela, vivenciando cada momento com dinâmicas bem diretas, e resultando em algo quase que perfeito, e que impacta como deveria acontecer. Quanto as demais vemos personagens de todos os tipos, desde as amigas explosivas da protagonista na noite, passando pela sua amada bem imponente que Kerry Hayes fez em com sua Viv, totalmente diferente e bem encaixada em todas as cenas, vemos também as nuances da jovem Lucy Halliday ainda aprendendo a viver no mundo confuso com sua Lois, tendo cenas meio que amedrontadoras, e por vezes até se soltando mais, mas sempre acuada na escola, e claro tivemos o lado estranho de Lydia Page com sua Siobhan bem direta de contraponto, além de outros que tiveram claro atos bem homofóbicos e impactantes para o que o filme precisava mostrar, mas sem chamar grandiosos destaques, valendo apenas a menção para Aoiffe Kennan como a irmã da protagonista que tem uma estrutura bem clássica da família tradicional mundial.
Visualmente o longa conseguiu trabalhar muito bem os ambientes dos anos oitenta, mostrando uma escola bem tradicional com as garotas jogando netball (algo bem parecido com o basquete e que era chamado inclusive de basquete para mulheres), usando os tradicionais uniformes de época, vemos alguns bares e boates comuns dos grupos homossexuais, e até mesmo um apartamento somente de lésbicas bem marcado no final com o grande sentido da trama, além disso tivemos os detalhes de carros, de TVs, rádios e placas bem marcantes do momento, mostrando que a equipe pesquisou bem as referências para que o filme funcionasse bem.
Enfim, é um filme interessante de ver, refletir e sentir, que talvez pudesse ter um ar mais dinâmico e talvez alguns atos mais diretos para que não funcionasse apenas para um público apenas, afinal muitos precisam enxergar a mensagem e pensar melhor em seus atos, mas ainda assim vale com certeza a conferida e a recomendação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal ainda falta muitos longas do Festival Filmelier, e vem ainda mais uma semana de estreias, então abraços e até logo mais.
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