Diria que a diretora e roteirista Manuela Martelli soube conduzir sua obra de uma maneira bem segura do que desejava expressar na tela, pois o filme causa a densidade do afeto da protagonista para com o homem debilitado, e mesmo ela não sendo alguém que tradicionalmente estaria no meio dos protestos, acaba ajudando ele não apenas como uma tratadora, mas também de formas investigativas, participando de conversas e indo em lugares tecnicamente proibidos, e isso facilmente causa muitas sensações para o público, assim como causa sensações na personagem principal, de tal forma que a cena do barco é daquelas icônicas do cinema, mostrando o que muitos deveriam sentir ao falar da ditadura. Ou seja, é um filme que muitos vão ter diversas opiniões e sensações, e que felizmente a diretora demonstrou de cara a sua própria opinião, mostrando que valeu o risco e principalmente soube como não fazer seu filme ficar artificial como algumas vezes ocorrem nesse tipo de trama.
Quanto das atuações, outro ponto certeiro foi focar quase que 100% em cima da protagonista Aline Küppenheim com sua Carmen, de forma que a atriz conseguiu transmitir sentimentos, fazer trejeitos fortes e diretos em cada ato, passando uma verdade sobre o tema, que é ter medo, ter compaixão, ter desespero e tudo mais, ou seja, se entregou por completo sem sair do ar de burguesia, mas sabendo se portar frente à tudo o que ocorre, e isso mostrou técnica e um ótimo preparo para convencer o público do que estava fazendo ali. Quanto aos demais, a maioria apenas dá os devidos encaixes, não indo nem muito além, nem entregando falsos personagens, apenas auxiliando para que a protagonista se destacasse muito no filme, valendo apenas ressaltar Nicolás Sepúlveda com seu Elias, Hugo Medina com seu Padre Sanches, e claro as empregadas Carmen Gloria Martínez e Vilma M. Verdetta pelos devidos atos simples, porém bem feitos.
Visualmente a trama traz alguns bons contrapontos, mostrando uma família bem de vida, que teoricamente passaria toda a ditadura curtindo suas férias na casa de praia, reformando com as cores de livros, fazendo festas, viajando de barcos e tudo mais, mas a protagonista se envolve com a Igreja local, resolve ajudar e vai para praias afastadas, meio que abandonadas, vê pessoas sumindo no meio da comunidade, feridas e tudo mais, ou seja, a equipe de arte quis mostrar muito dessa jogada e foi muito bem nas alegorias, carros e figurinos da época, acertando bastante em tudo.
Enfim, é daqueles filmes que você pode apenas assistir ou refletir sobre tudo o que é mostrado, e que é bem rapidinho, porém intenso de sentir cada situação que a protagonista se envolve para tentar ajudar, ou seja, vale a indicação e com certeza vai fazer quem assistir se ver em um mundo que ocorreu no passado e que alguns ainda desejam ver outras vezes, então fica a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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