Diria que a diretora e roteirista Lola Quivoron levou para Cannes em 2022 exatamente algo que eles tanto desejam ver que é a liberdade artística bem incorporada na alma de um filme, aonde conseguiu passar emoção e funcionalidade na tela, não recaindo para abstrações nem floreando algo que é comum num grupo de ladrões de motos, de tal forma que a trama segue quase sem freio do começo ao fim, e com isso vemos um estilo próprio bem criado, aonde tudo funciona rapidamente e de tal forma que não conseguimos tirar os olhos da tela. Ou seja, é perfeito para a proposta e mostra que a diretora sabia muito bem o que desejava mostrar, sem erros visuais, mas com muitos riscos nas gravações, o que deu o charme para a produção completa e assim venceu o prêmio Coup de Coeur no Un Certain Regard do Festival de Cannes 2022.
Como a maioria dos atores são estreantes e não profissionais de atuação, a trama acabou fazendo com que a diretora imergisse no mundo dos pilotos de moto e assim não espere ver grandes trejeitos nos personagens, nem grandes diálogos, mas ainda assim não soou falso nem artificial na tela, e isso foi um grande trunfo por parte da direção. Claro que o destaque do filme ficou para a protagonista Julie Ledru com sua Julia bem direta nas cenas, fazendo algumas caras e bocas para se impor no meio de tantos homens, mas segurou bem a responsabilidade e agradou demais em cena, sendo perfeita para o papel e chamando muita atenção como deve acontecer com o papel principal. Yannis Lafki também foi bem nas cenas que entregou com seu Kaïs, não sendo explosivo, mas conseguindo dominar tudo como apoio da protagonista. Quanto aos demais, cada um teve sua proposta, alguns com estilos mais fechados, outros mais briguentos, mas valendo destacar apenas Anthonia Buresi com sua Ophélie simples e bem colocada como a mulher do dono da gangue que está preso, não sendo algo chamativo, mas fazendo bem as cenas que dão novas intenções para a protagonista.
Visualmente a trama mostra bem um lado urbano que vemos desse pessoal que pilota motos nas ruas, fazem seus shows de acrobacias e vivem no limite do perigo, misturando também com o lado mais criminoso e com isso vemos uma garagem de desmanche, vários tipos de motos e roubos bem imponentes, mostrando que a equipe de arte também imergiu bem para conhecer esse mundo e passar arte na tela, agradando bastante.
Enfim, é um filme bem intenso e marcante, que pela sinopse e pelo trailer jurava que não iria gostar da ideia funcionando, mas o resultado é tão bem feito e marcante que me agradou bem mais do que o esperado, então para quem ainda tiver sessões dele no Festival Filmelier, pode ir sem medo, e o longa estreia comercialmente em breve então já fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda tenho mais um para conferir, então abraços e até daqui a pouco.
PS: Diria que vale um 8,5 de nota, mas sem trabalhar com notas quebradas 8 acho que seria pouco.
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