O diretor e roteirista Dominik Moll conseguiu trabalhar com tanta desenvoltura sua trama, colocando cada detalhe da melhor forma possível para realçar o protagonista e mostrar todo o esforço de um jovem querendo mostrar que mereceu sua promoção ao cargo, sem conseguir dormir, somente pensando nas diversas possibilidades, que praticamente o caso em si não importaria ter uma solução, mas sim vermos como o jovem age com os fantasmas do crime lhe rondando, e isso foi algo bem marcante de ver na tela, de tal forma que você consegue ver a base funcional do longa. Aí você entra na ideia e pensa, mas poderiam ter solucionado a trama, já que é apenas uma história aleatória com algum embasamento de casos reais, mas essa não era a ideia do diretor, de ter um filme redondinho com começo, meio e fim, mas sim toda a abertura na vida dos investigadores que tantas vezes correm, acusam, entram nas vidas das pessoas, e no final não conseguem chegar a uma conclusão específica em tantos casos, e precisam passar para o próximo e esquecer aquele fantasma que vai ficar lhe rondando, e dessa forma o diretor foi genial na escolha que fez, levando claro também o Cesar de Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado.
E para uma obra ser completa é claro que tem de ter bons atores nos papeis principais, e não um, mas tanto o protagonista quanto o coadjuvante levaram os prêmios do Cesar, não por menos, pois acabamos quase vendo na tela todos os pensamentos de Bastien Bouillon com seu Yohan Vivés e de Bouli Lanners com seu Marceau, sendo uma dupla que surta junto, com Bastien mais centrado, mas sempre pensando nas mil possibilidades, desenvolvendo interrogatórios e deixando para explodir as pernas no velódromo, enquanto Bouli já explodia direto com os suspeitos, botava suas intenções na frente de tudo, além de estar com sua vida pessoal bagunçada, ou seja, ambos pegaram seus papeis e conseguiram florear o envolvimento para que tudo fosse mais além, e foram perfeitos. Ainda tivemos outros bons momentos com os vários suspeitos, cada um mais estranho que o outro, mostrando o gosto peculiar da vítima, desde Baptiste Perais com seu Wesley, passando pelo garoto Jules Poirier com seu Jules Leroy, tendo o estranho Denis feito por Benjamin Blanchy e o rapper com uma música bizarra que Nathanaël Beausivoir fez, até chegar no violento Vincent que Pierre Lottin fez, mas apenas dando as devidas nuances para suas cenas, sem chamar tanta atenção. E claro que tenho de dar um destaque mesmo que de leve para os pais da garota bem feitos por Charline Paul e Matthieu Rozé, e para a melhor amiga vivida por Pauline Serieys que como uma boa amiga levaria para o túmulo os nomes dos ex-namorados problemáticos da amiga sem dizer para a polícia mesmo que fosse para ajudar a descobrir o culpado. E para finalizar, mesmo que tenha aparecido só no começo e depois tenha ficado aparecendo apenas maquiada torrada, Lula Cotton-Frapier com sua Clara Royer fez bem o que precisava fazer.
Visualmente a trama está bem colocada numa pequena cidade no meio das montanhas, com poucos detalhes cênicos para desenvolver pistas para o crime, de tal forma que vemos as tratativas dos protagonistas invadindo as casas dos suspeitos atrás de detalhes, vemos uma loucura meio abstrata de colocar uma câmera no aniversário de 3 anos da morte, vemos várias cenas na delegacia aonde os protagonistas vivem fazendo relatórios e mais relatórios em cima das investigações, vemos uma juíza com uma tonelada de casos para olhar, e claro a casa simples do protagonista aonde ele leva o amigo separado para lhe dar um sofá para descansar longe do trabalho, além dos vários atos no velódromo aonde o protagonista estoura seu estresse correndo em círculos meio que como se tentasse se encontrar ali. Ou seja, a equipe de arte foi bem condensada e soube dimensionar tudo para a tela, não tendo grandiosos atos expressivos (tirando a árvore com as homenagens), mas também não deixando falhar como um longa investigativo de qualidade.
Enfim, é um filme incrível que quem gosta do estilo policial certamente vai se envolver bem, e conseguiu vencer 6 Cesar e 2 Lumiere, em ambos os casos como melhor filme, ou seja, a França foi do longa nesse ano, e com certeza bem merecido, pois é um tremendo filmaço. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, encerrando o Festival Filmelier, irei torcer para que os longas bons estreiem comercialmente, e os ruins nem passem perto para que ninguém perca tempo vendo (brincadeirinha!), e irei torcer também para que o festival vire anual, afinal vieram muitos filmes que nem sabíamos da existência e que tinham ganho muitos prêmios mundo afora, então parabéns ao Filmelier pela realização e ao Cinépolis Santa Úrsula por sediar aqui na cidade boas sessões, e é isso pessoal, amanhã volto com algum filme do streaming, afinal chega de dois ou três filmes por dia, pelo menos até novembro quando chega outro festival na cidade.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...