Diria que o diretor Pascual Sisto em seu primeiro longa-metragem e o roteirista Nicolás Giacobone que já nos presenteou com grandes obras premiadas quiseram mostrar bem como é ser adulto tendo uma herança grandiosa e tudo de mão beijada e comparou como é ter de assumir uma bronca de se tornar adulto com o pouco que tem tendo de se virar depois, sendo algo bem básico de entender e até acredito que quiseram entregar apenas isso, mas se olharmos bem vemos também alguns traços de psicopatia no garoto ao ir testando a droga/remédio em si mesmo, depois um pouquinho só com o jardineiro, aumentando a dose até chegar na quantidade ideal para o apagão, de modo que a trama acaba sendo criativa e bem desenvolvida. Ou seja, é um trabalho bem feito, não se alonga muito nos detalhes e funciona bastante, porém quem não curte filmes mais lentos, a ideia pode cansar um pouco.
Sobre as atuações, é inegável o primor de olhares do garoto Charlie Shotwell com seu John, de forma que chega a ser de um estilo de frieza impressionante, trabalhando bem as doses do remédio, tendo brincadeiras estranhas com o amigo, e o jeito que conversa com a amiga da mãe então, ou seja, tem muito futuro no meio do cinema de terror. No grupo familiar, tivemos um Michael C. Hall tradicional como um pai rico que aprende o que é passar fome no buraco, Taissa Farmiga como a irmã que enxerga de cara que o garoto é problemático e a mãe vivida por Jennifer Ehle que como toda mãe, mesmo sendo jogada num buraco ainda pensa no filho se ele está bem, ou seja, todos fazem caras bem desesperadoras e conflitivas lá dentro, mas ainda assim se passam como família. Na história paralela, vale pontuar o lado mais desesperador da garotinha com o que a mãe faz com ela, de tal forma que Samantha LeBretton acaba transmitindo bem a síntese de um jovem quando se vê sozinho no mundo sem poder viver a nova vida por não ter o principal: dinheiro.
Visualmente o longa usa a mesma analogia para mostrar os dois lados da moeda, com o garoto aprendendo a viver sozinho tendo todas as regalias de uma casa imensa com piscina, comida a vontade, uma conta bancária milionária, e mostrando detalhes de toda a bagunça que cria, vemos um buraco bem fundo e claustrofóbico aonde a família toma chuva, barro, come coisas que sobra pela fome, faz as necessidades fisiológicas da forma que dá, e vemos também o outro lado da casa simples, com a mãe apenas deixando o básico para a garotinha sobreviver por um tempo, e depois ela precisando sair para o mundo. Ou seja, são poucos símbolos, mas bem colocados para representar tudo que a direção desejava ver na tela.
Enfim, é um filme simples, com um ritmo um pouco lento, mas que não chega a cansar, que serve bem para as reflexões que vemos principalmente nessa nova geração que quer ser adulto a qualquer custo, sendo que alguns vão "herdar" casas gigantes e uma vida fácil, e que mesmo jogando a família para o canto, quando precisar é só jogar uma escada, enquanto outros vão ter de ralar muito para sobreviver, e não vão ter quem procurar. Ou seja, vale o play para filosofar e claro indicar para alguns mais mimados. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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