Disney+ - Peter Pan & Wendy

5/01/2023 05:16:00 PM |

Certa vez em uma conversa com amigos discutimos sobre a falta de bons roteiros no mercado que tem levado a maioria das companhias a desejarem tanto refilmagens de clássicos, seja transformando animações em live-actions ou apenas mudando alguns meros detalhes para uma nova formatação sem mudar muita coisa, e a conclusão que chegamos é que só valeriam a pena se fizessem realmente novas versões, para que o conteúdo fosse visto de uma ótica diferente, e não apenas fazer por fazer, e essa segunda coerência parece que é o que anda rolando na mente dos produtores da Walt Disney, pois seu novo trabalho lançado diretamente na Disney+, "Peter Pan & Wendy", nada mais é do que o mesmo filme da animação colocando mais personagens inclusivos para tentar representar todo mundo, tendo mulheres nos meninos perdidos (gêmeas por sinal), tendo um garoto com Down como líder dos garotos, colocando índios mesmo como tribo fora dos garotos, e claro mudando tons de pele de alguns personagens ícones para abranger outras faixas de público. Ou seja, não vou falar que o filme é ruim, pois é o mesmo que já vi lá no passado refeito apenas com outro olhar, mas poderiam ter criado mais elos, dado mais vida talvez no passado de Peter e James que apenas citam que eram amigos, ver o processo de separação, e aí sim talvez acabar com o que já sabíamos que acontecia, mas não é apenas fazer por fazer e isso qualquer inteligência artificial seria capaz de converter a animação para live-action, o que acabou desapontando um pouco quem esperava ver algo a mais na tela.

O longa apresenta Wendy Darling, uma jovem com medo de deixar sua casa de infância para trás, conhece Peter Pan, um menino que se recusa a crescer. Com seus irmãos e uma fada, Tinker Bell, ela viaja com Peter para o mundo mágico da Terra do Nunca. Lá, ela encontra o pirata perverso, Capitão Gancho, e embarca em uma aventura emocionante que vai mudar sua vida para sempre.

Diria que o diretor e roteirista David Lowery não precisou pesquisar muito em cima do clássico que completa 70 anos em 2023, pois tivemos tantas adaptações da trama para os cinemas que certamente ele viu várias até que o projeto chegasse em suas mãos, e com isso ele até poderia ir além e criar algo novo para a companhia, mas certamente o que lhe pediram era que fosse fiel ao clássico na composição da história, e claro colocasse as novas tendências da companhia que é de incluir todo tipo de pessoa para ser enxergada na trama, e com isso o filme para quem já conhece o original assistiu e ficou normal olhando para a tela esperando algo a mais, mas talvez para novos olhares que nunca viram o clássico numa fita VHS, talvez crie alguma identidade, goste de ver os personagens lutando e não querendo crescer e toda a simples desenvoltura na tela de casa. Ou seja, o trabalho de Lowery foi bem simples, mas que ao menos não errou com algo irreal de vertentes, pois aí a quebra seria muito forçada.

Sobre as atuações, o que posso falar é que nenhum ator teve grandes desenvolturas expressivas para chamar o filme para si e mostrar aquele algo a mais, não sendo um trabalho ruim, afinal a maioria estava em seu primeiro grande papel, mas dava para ter trabalhado melhor cada um. O jovem Alexander Molony já havia feito algumas dublagens, mas estreou mesmo nas telas de um filme grande agora com um papel de protagonismo bem imponente, afinal Peter Pan tem um estilo próprio e se considerarmos que ele já é um adulto que apenas não cresceu, tendo mais ou menos a mesma idade de gancho, precisariam ter trabalhado um ar mais denso com o garoto, o que acabou não ocorrendo, mas ele ao menos voou bem e fez boas caras e bocas, então não vamos culpar tanto sua estreia. Ever Anderson já fez alguns trabalhos menores iniciando lá em 2016 como a versão mais jovem de sua mãe Milla Jovovich em "Resident Evil 6", e aqui assumiu uma personagem imponente e bem cheia de facetas que é o caso de sua Wendy, sendo até séria demais para uma garota de sua idade, demonstrando responsabilidade cênica e até que agradando com o que fez. Nem precisaria falar o quão presente foi Jude Law com seu Capitão Gancho, trabalhando de forma imponente e bem forte, tanto que acabou assustando a criançada nas gravações, e fez bons trejeitos agindo realmente como um capitão pirata, e segurando a onda em suas cenas. A base do filme é com o trio, mas tivemos muitos outros bons personagens que não foram tão usados como Smee de Jim Gaffigan, a Tinker Bell de Yara Shahidi e até mesmo a Tigrinha de Alyssa Wapanatâhk, e embora tenham feito tanta campanha de marketing em cima do líder dos garotos perdidos Slightly que foi vivido pelo garoto com Down, Noah Matthews Matofsky, ele acabou ficando bem de lado com poucas cenas para chamar atenção.

Visualmente criaram uma Terra do Nunca bem ampla, com muitas florestas, um esconderijo dos jovens bem rústico sem muitos detalhes, mostrando bem o mar e o navio, tendo um crocodilão digital bem estranho e valorizando muito as cenas de voo, de tal forma que o longa pareceu um pouco preguiçoso por parte da equipe de arte, não sendo algo ruim de ver, mas dava para valorizar mais os personagens, seus figurinos, armas e tudo mais com bem pouco tempo a mais de tela, mas tudo foi feito tão rápido e sem simbolismos que não vemos acontecer realmente na tela.

Enfim, é um filme que dava para ter ido muito além, mas que optaram pelo mais simples apenas para fazer uma adaptação live action do clássico para comemorar os 70 anos dentro da companhia, não sendo nem algo a mais, nem algo a menos, simples e sem grandes desenvolturas, de tal forma que como disse antes talvez os novos espectadores até experimentem e gostem do que verão, já quem viveu na época do clássico vendo na infância e depois as diversas outras experimentações vai achar nada demais na tela, então diria que o resultado acabou mediano demais. E é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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