Diria que o diretor e roteirista Leon Prudovsky soube usar os artifícios da trama para trabalhar bem cada sacada de seu filme, de modo que vemos um senhorzinho polonês rabugento que praticamente já foi morar isoladamente para não ter contato com ninguém, apenas com as rosas negras de sua mãe, e ao chegar seu pior inimigo, um alemão que lembra demais Hitler, como vizinho tudo poderia rolar, e o mais bacana é que o diretor usou claro muitas piadas duplas, muitos elos destacados para ir afrontando o público, e tudo isso sem perder a comicidade. Ou seja, ele acabou entregando algo que facilmente desandaria em mãos erradas, não que seu filme seja perfeito, mas dava para virar algo que ninguém suportaria assistir, e isso se deve também ao ficarmos presos com praticamente só os dois personagens, o que acaba virando quase uma peça teatral, e esse acerto é visto como algo bem positivo para as pegadas da trama funcionarem.
Sobre as atuações, é fato que os dois protagonistas foram muito bem com cada ato seu na tela, trabalhando trejeitos bem marcados e desenvolvendo o carisma ou não de cada um, de modo que David Hayman com seu Mr. Polsky é rabugento, é engraçado, tem todas as características daqueles senhorzinhos que se incomodam com tudo e consegue passar bem todas as suas sensações com olhares e falas, não ficando como alguém sem norte, e isso é brilhante de ver. Da mesma forma Udo Kier trouxe para o seu Mr. Herzog muita imponência, e chega a ser até engraçado, pois ele já fez Hitler na série "Hunters", ou seja, tem realmente alguns traços que lembram o ditador, mas aqui trabalhou atos mais calmos, alguns até emocionais se olharmos o caso da perda de seu cachorro, vemos atos duros também, de modo que acaba funcionando bastante na tela. Quanto aos demais atores, a maioria fez apenas pequenas participações, tendo Olivia Silhavy com sua Kaltenbrunner aparecendo em alguns momentos de diálogos entre as partes, meio como uma agente do alemão ou algo do tipo, que não vai muito além, mas também não atrapalha, e também tivemos Kineret Peled como Oficial de Inteligência de Israel, que duvida de tudo o que o protagonista fala e também apenas faz algumas indagações sem se portar muito em cena.
Visualmente é muito bacana ver o ambiente das duas casas, com a de Polsky com quase tudo caindo aos pedaços, meio que num abandono completo só tendo valor para ele as suas rosas, mas comprou câmera, livros e tudo mais para montar uma operação completa de comparação entre seu vizinho e Hitler, já do outro lado vemos uma casa que é bem reformada, cheia de luzes, com muitos quadros e requintes, além de coisas ocultas que fazem o protagonista duvidar de muita coisa, o lugar também bem afastado da civilização com ruas destroçadas mostrando que chegar ali é o fim do mundo e um ótimo lugar para se esconder. Diria que a equipe de arte brincou bastante com tudo, e fez boas sacadas com jogos entre os vizinhos e tudo mais.
Enfim, é um filme divertido e gostoso de curtir, que tem boas sacadas e funciona mais pelas boas interpretações do que pela história em si, valendo para quem gosta de um humor ácido bem desenvolvido e com as devidas nuances da História, valendo a recomendação para todos verem no Festival Filmelier, claro nas cidades aonde ainda estarão exibindo o filme (aliás esse acabou vindo para Ribeirão Preto com a cópia quebrada nos primeiros dias, passando apenas em um dia, então consegui ver só hoje fora do Festival). E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas lá vou eu ver o último longa e volto em breve para dizer o que achei dele, então abraços e até logo mais.
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