Netflix - Agente Infiltrado (AKA)

5/07/2023 01:23:00 AM |

O gênero policial sempre traz boas vertentes nas plataformas de streaming, porém costumo dizer que para conseguir funcionar bem o diretor precisa saber aonde atacar para que sua trama não vire uma novela/série nem largue muita coisa sem explicação na tela, pois senão acaba soando artificial demais. E o longa da Netflix, "Agente Infiltrado", que chegou na plataforma por esses dias até tem uma boa pegada, tem boas cenas de tiros e pancadarias, porém a trama tem muitas reviravoltas abertas, de tal forma que parecem usar apenas alguns elos de outro filme para dar uma sequência aqui, e o resultado mesmo tendo estilo se enrolou demais no miolo e acelerou demais no fim para conseguir ser concluído. Ou seja é daqueles filmes que ficamos até bem interessados pela proposta, vemos o personagem mudar de lado algumas vezes, principalmente pelo garotinho, mas que dava para ter trabalhado um pouco mais tudo para que ficasse mais contido, e sobrasse tempo para tudo acontecer, não apenas uma parte de depois correr com tudo para finalizar "bonitinho", e assim diria que a trama até prende, mas não fecha com todo o gracejo necessário.

A trama acompanha o agente infiltrado Adam Franco, que tem anos de experiência realizando trabalhos suspeitos. Como sua próxima missão, Franco deve se infiltrar em um grande grupo de mafiosos franceses para impedir um ataque terrorista. Porém, após entrar no grupo, o agente começa a enfrentar um dilema moral. A situação e as dúvidas de Adam se intensificam ainda mais quando um garoto de oito anos, filho do chefe da máfia, entra na jogada.

Diria que o diretor Morgan S. Dalibert usou toda sua experiência de diretor de fotografia em vários longas de ação para conseguir capturar bem a essência de sua trama, de tal forma que o filme no quesito desenvolvimento de ação é bem preciso, o protagonista tem estilo e encaixa bem nos atos que faz, porém sem olhar o roteiro na mão é notável que tinha história para desenvolver no mínimo uma série de três capítulos, e olha lá se não fosse mais, porém a grana não veio suficiente e resolveu entregar um longa metragem não tão arrastado como muitas vezes ocorre, e acelerou no final várias partes que não teriam tanta necessidade. Ou seja, ficou um filme que aparentemente não chega a muitos lugares, mas que convence bem como uma boa trama de ação policial, e que quem não ligar para esse estilo de falha vai acabar curtindo bastante tudo.

Sobre as atuações, diria que Alban Lenoir soube desenvolver bastante seu Adam, e mesmo sem termos sua origem bem contada, tendo apenas algumas cenas rápidas no miolo, o ator conseguiu chamar para si a responsabilidade e agradar com tudo ao seu redor, sendo interessante de observar desde o começo com uma pegada meio que de brucutu, mas usando isso ao seu favor, o que acaba agradando. Eric Cantona trabalhou bem o chefão da gangue, Victor Pastore, tendo alguns atos com nuances chamativas, mas a maioria sendo bem fechado e direto na personalidade, de modo que consegue chamar atenção no que faz, mesmo estando em poucas cenas. O garotinho Noé Chabbat foi bem carismático e trabalhou de forma graciosa seu Jonathan, não tendo tantas firulas para chamar para si, mas marcando bem o ambiente. Lucille Guillaume fez sua Hélène um pouco agitada demais, mas foi se conectando bem ao protagonista, de modo que seus atos finais acabaram funcionando, claro que poderia ter chamado um pouco mais do filme para sua personagem, mas não teve essa abertura. Ainda tivemos alguns atos mais marcados com personagens fora do meio como Thibault de Montalembert fazendo o agente do protagonista, Kruger, e meio que capanga do governo, tivemos o jovem Saïdou Camara bem colocado com seu Pee Wee, e muitos outros personagens com poucos momentos de tela, mas bons atos, afinal já disse que o filme daria para abrir bastante o espaço, mas optou por ser mais fechado, e o resultado acabou não sendo tão desenvolvido com os atores.

Visualmente a trama mostrou uma mansão bem recheada de seguranças, uma boate com seus devidos shows, e também um prédio de fabricação e vendas de drogas bem imponente aonde o protagonista saiu dando tiros e socos para todos os lados, com os bandidos do outro lado recebendo ele a base de facões gigantes e armas de grande calibre, mostrando que a equipe de arte não economizou em armas de vários estilos, tendo atos imponentes de ação e desenvoltura, criando ambientes ricos de detalhes em planos bem abertos para valorizar tudo, sendo um trabalho da equipe de arte bem encaixado em tudo.

Enfim, é um filme bom, que poderia ser bem melhor com poucos ajustes, ou então terem escolhido ir direto para uma franquia de mais de um filme ou uma série, mas como foi entregue diria que acabou sendo mediano demais sem ir além, mas pelo menos não entregou algo cansativo, e assim dá para conferir sem reclamar tanto. Não diria que recomendo ele com tanto afinco, mas também não foi dos piores que já vi do estilo, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, aliás está bem difícil ter bons filmes nos streamings, mas vamos batalhando, então abraços e até logo mais.


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