Netflix - A Mãe (The Mother)

5/16/2023 12:13:00 AM |

Chega a ser até piada o tamanho das produções originais da Netflix, de modo que o "pouco" que pagamos parece ser ainda menor se pensarmos no tanto que eles gastam para fazer uma trama digamos "simples" que acaba virando algo gigantesco com perseguições, tiros, explosões, animais em cena, ambientações e gravações em lugares remotos, ou seja, tudo tão grandioso que mesmo que a trama seja ruim, acaba sendo um passatempo tão impressionante de curtir que não tem como não gostar do que vemos na tela. Ou seja, não posso falar que a história em si de "A Mãe" seja ruim, pois não é, tendo até alguns vértices interessantes de uma mãe assassina profissional que doa sua filha para ser protegida de seus inimigos, mas se vê tendo de a proteger quando não vê mais segurança para a garota, e isso acredito que já tenha visto pelo menos uns três filmes de mesmo mote, porém tudo o que vemos na tela que seria bem "fácil" de se produzir, a grandiosa produtora acaba jogando dinheiro e mais dinheiro nas mãos da equipe para que o filme seja uma intensa produção de ação, que envolve tanto que nos vemos presos nela, se divertindo com tudo, mesmo sabendo quais rumos tudo tende a ir. E sendo assim vemos um filme tão bem desenvolvido que o resultado empolga, e como muitos sabem valorizo demais grandiosas produções, mesmo com roteiros cheios de buracos, e aqui posso dizer que gostei bastante e dou valor para o resultado final.

O longa nos mostra que Zoe é uma adolescente de 13 anos, filha adotiva de um casal amoroso, com uma casa estável, e preocupações normais de uma menina de sua idade, como escola e amigos. Mas, sua vida tranquila sofre um choque, quando sua identidade é descoberta por criminosos perigosos, e ela é sequestrada à força na tentativa de alcançar sua mãe biológica, que ela mal conhece. Separada de seus pais adotivos, Zoe acaba se encontrando com sua mãe biológica, uma assassina mortal que sai do esconderijo para proteger a filha, da qual havia desistido anos antes. Os motivos do abandono são revelados, e enquanto fogem de homens perigosos, essa mãe emocionalmente mal preparada, tem uma necessidade primária de amar e proteger a adolescente. E enquanto reconstroem essa relação, buscam sobreviver.

Diria que a diretora Niki Caro soube desenvolver bem o roteiro de Misha Green, Andrea Berloff e Peter Craig, usando claro o famoso artifício que todo diretor gosta bastante: muito dinheiro para gastar, pois seu filme sem tantas cenas com motos de neve voando, tiros e explosões seria bem básico, e até recairia para algo mais investigativo e policial, mas não era esse o objetivo, então temos perseguições, trombadas e muita ação com boas sacadas de câmera, e claro um texto até que razoável para que as interpretações não ficassem tão jogadas. Ou seja, é daqueles filmes que você não vai ver esperando algo que te surpreenda, mas que vemos algumas interações interessantes e até uma boa fluidez, só teria de reclamar talvez de tudo ser objetivo demais, faltando um pouco mais de mistério, e talvez algo a mais para os "vilões" estarem tão desesperados atrás da protagonista, pois ficou meio como apenas uma vingança jogada e nada mais.

Sobre as atuações, posso dizer que Jennifer Lopez fez bem seus atos, não trazendo para si um ar tanto maternal, mas defendendo e treinando bem a garota para os obstáculos com o que sabe fazer, foi imponente de estilo e trabalhou com momentos bem intensos que acabaram agradando bastante em cena, só não diria que tenha feito muitas de suas cenas, caindo mais para a dublê, mas chamou a responsabilidade como protagonista e agradou. Lucy Paez fez alguns bons atos com sua Zoe, mas poderia ter trabalhado um pouco mais seus trejeitos, pois mesmo estando "sequestrada" pela mãe biológica, estava segura ali com ela, e fez algumas caras e bocas meio que exageradas, não sendo ruim, mas dava para melhorar o estilo escolhido. Joseph Fiennes fez de seu Adrian um personagem desesperado e obcecado pela protagonista, tentando machucar ao máximo e fazendo trejeitos fortes conseguiu chamar atenção com uma cara bem trabalhada pela maquiagem, claro que como disse faltou um algo a mais pela sua busca, mas foi bem no que cabia a ele fazer. Gael García Bernal sempre entrega muita personalidade em seus papeis, e aqui com seu Hector não foi diferente, e mesmo aparecendo pouco conseguiu trabalhar suas cenas e impactar com um estilo quase que de mafioso. Quanto aos demais, vale poucos destaques, pois o filme não tem tanto um trabalho de desenvolvimento dos personagens, sendo quase que encaixes, de modo que Omari Hardwick teve algumas boas cenas com seu Cruise e Paul Raci foi quase um objeto de conversas em código com seu Jons, valendo pela intensão, já Jesse Garcia com seu Tarantula pode virar maratonista, pois correu uns par de quilômetros na perseguição que a protagonista faz com ele, fugindo de moto, de carro e só sendo parado bem depois de onde saiu.

Visualmente o filme tem boas cenas de perseguição pelas ruas de Cuba, tem alguns atos bem interessantes de treinamento do exército e de vendas de armas no meio do tráfico, mas principalmente todo o envolvimento do filme ficou na cena de sequestro na praça, com muitas dinâmicas, personagens e carros, e na locação no meio da neve, com uma casa bem isolada, armas de vários estilos, todo o treinamento da garotinha e alguns atos com lobos, além claro das várias motos de neve e toda a desenvoltura cênica em cima do que ocorre, sendo algo bem trabalhado, com explosões, tiros de grande calibre e um ambiente bem hostil e frio que em tons de branco com algumas camuflagens ficou ainda mais imponente.

Enfim, é um filme que se analisarmos apenas a parte da história e do mote de enfrentamento é bem simples e quase nulo de ideias, tanto que já vimos vários outros até com a mesma linha, mas que como tem bons atos de ação, e uma produção impecável e gigante, o resultado acaba sendo algo até a mais do que um simples passatempo, valendo o tempo de tela, então se você gosta de um filme que vai entregar boas dinâmicas e lhe entreter pelo tempo assistido vale o play, já se quer algo com uma história marcante mesmo é melhor procurar outro exemplar. E é isso meus amigos, fica assim sendo minha recomendação de hoje, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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