O Amor Mandou Mensagem (Love Again)

5/12/2023 01:07:00 AM |

Antes tínhamos os filmes de romance e os filmes de comédia, aí resolveram juntar as duas coisas e entregar as comédias românticas, não satisfeitos de pegar dois gêneros apenas os roteiristas altamente criativos "criaram" as comédias românticas dramáticas, ou se tem de tudo um pouco, e algumas acabam nem conseguindo atingir apenas um dos três gêneros originais. E por quais razões comecei o texto do longa "O Amor Mandou Mensagem" dessa forma? Simples, a trama tem uma pegada dramática forte logo de cara, depois vemos várias mensagens bem tristes da protagonista para o namorado morto, ou seja, um conteúdo dramático que funciona bem e dava até para ir mais fundo, mas ok, nesse ínterim temos claro o jovem que está com o número do morto ficando apaixonado pela moça pela profundidade das mensagens, e claro a química até bate bastante entre eles nos encontros, romance check, e temos algumas pegadas cômicas bobinhas meio que jogadas ao acaso, que até fazem rir em alguns casos e até constranger um pouco em outras meio desnecessárias, mas comédia ok também, porém a junção das três coisas no mesmo filme soou algo falso demais, que não emocionou como um bom romance dramático, nem fez você se apaixonar por toda a essência, nem rolar de rir com a pegada cômica, e isso é o risco que corre ao colocar tudo junto. Agora você deve perguntar, mas ficou ruim tudo junto? E a resposta é não! Pois o filme tem pegada, os atores estão muito bem, Celine entregou novas e velhas canções muito bem encaixadas (diria que ela poderia ter sido um pouco mais conselheira e menos ela mesma, mas era essa a proposta), e o resultado é um passatempo gostoso de curtir, então quem gosta de tudo ao mesmo tempo de forma leve vai gostar bastante, só talvez uma escolha melhor de lado para seguir agradaria muito mais.

O longa conta a improvável história de amor entre Mira Ray e Rob Burns. Mira, ao perder o noivo, desenvolve um hábito peculiar, tentando superar a morte de seu grande amor. Ela manda uma série de mensagens para o número de celular que pertencia ao noivo antigo, não sabendo que o mesmo número antigo foi transferido para Rob Burns, um jornalista. Ele acaba ficando intrigado e cativado pelas mensagens românticas. Quando é designado a escrever um perfil da cantora Celine Dion, ele pede conselhos a artista em como pode conhecer Mira pessoalmente (sem ser invasivo) e conquistar seu coração.

Diria que o diretor Jim Strouse soube trabalhar bem as dinâmicas do livro "SMS Para Você" para que seu filme tivesse uma fluidez gostosa de acompanhar, pois é rápido e direto nos pontos, de forma que logo de cara temos o acidente, quase tão rápido o rapaz já conta que via tudo e claro há o conflito nítido rapidamente também quando a jovem descobre o que o rapaz não contou, ou seja, não espere ver uma trama que vai contar tudo nos mínimos detalhes que essa não era a proposta do diretor, e ele soube utilizar cada elo bem encaixado para ir apresentando no miolo, não necessitando parar para isso, depois ir para o outro caso e assim sucessivamente, de modo que a edição deixou ainda mais veloz toda a trama. Ou seja, é daqueles filmes bem fáceis de pegar e amarrar tudo na mente, de modo que uns vão se apaixonar mais e outros menos, pelo simples motivo de que embora o casal seja fofo com as entregas e dinâmicas, por vezes não pareceram tão apaixonados como deveriam, e isso é um pequeno peso que faltou para irem além, mas como bem sabemos as músicas de Celine Dion são conselhos nítidos e tem muita profundidade nas letras, quem conhece um pouco da sua vida também sabe o quão apaixonada pelo marido foi, e ver toda essa dinâmica colocada junto mostrou que o diretor ousou em pegar ela após tudo o que rolou em sua vida pessoal, e deixar fluir, e o acerto veio bem a calhar.

Sobre as atuações, não li o livro para ver as principais características dos personagens, mas diria que Priyanka Chopra Jonas não seria a primeira opção dos produtores, pois a jovem até desenvolveu bem sua Mira com um estilo bacana, não sendo nem velha nem jovial demais, com uma pegada meio reclusa e alguns olhares bem cativantes, mas talvez precisasse de um pouco mais de exigência para explodir melhor em cena, já que tudo seu é fofinho e até seus atos mais densos não foram tão além, mas ao menos teve carisma para chamar a atenção. Já Sam Heughan se jogou por completo para o papel de Rob, de tal forma que soube trazer a música para seus trejeitos, teve olhares apaixonados bem marcantes e desenvolveu bem cada momento de seu personagem, não trazendo tanto carisma para si, mas sim uma boa personalidade e agradando com isso, só faltando um pouco mais de pesquisa para com os jornalistas musicais, pois ficou meio desconexo nos atos que precisava mostrar um pouco mais de desenvoltura no meio. Celine Dion fez bem o papel dela mesma, não chamando tanto a atenção para si, mas sim para um lançamento de nova volta aos palcos e com músicas novas, trabalhando alguns trejeitos como conselheira para o jovem jornalista, mas sem ir muito além, e isso não atrapalhou o andamento do filme, pois ela encaixou no que a trama precisava e não num Hitch como alguns poderiam imaginar, ou seja, foi bem e voltando agora de tudo o que passou também não era para se desgastar em cena. Quanto aos demais, foram todos bem conectados como aqueles famosos amigos que torcem para os casais se juntarem, então vemos desde a irmã da protagonista bem despojada que Sofia Barclay se propôs a fazer e também vemos os colegas de trabalho do jornalista bem interessados em ajudar o protagonista na sua empreitada, bem feitos por Russell Tovey e Lydia West, de modo que nada explosivo, mas puxando bem a comicidade para o segundo plano com eles. Tenho de dar um destaque meio que ruim para o marido verdadeiro da protagonista, Nick Jonas, pois jogaram ele em um homem fútil tão bobo que nem no pior aplicativo de relacionamentos alguém cairia naquilo.

Visualmente o longa teve atos bem trabalhados, desde hotéis aonde a cantora estava para entrevista, um palco semi-arrumado para ensaios, vemos a redação do jornal bem despojada como tem rolado em muitos jornais mundo afora, a casa de ambos os protagonistas simples, mas recheados de detalhes com a dela tendo muitos elementos de uma desenhista de livros infantis, vemos o processo de mudança do desenho de algo meio deprimente para mais alegre com o humor da protagonista, vemos as conexões do basquete que o protagonista gosta nos jogos e até na cestinha de seu trabalho, e claro alguns restaurantes para encontros bem colocados. Como a trama é baseada num livro, o longa está recheado de elementos cênicos marcantes como os tênis que os protagonistas usam, o jeito de comer lanche, e muitos outros elos pequenos que certamente deram um pouco de dor de cabeça para a equipe de arte, mas que funcionaram bem dentro do visual da trama.

Como o filme usa como base as canções de Celine Dion, é claro que a trilha sonora é um álbum completo da cantora, e as músicas deram bons tons e as letras ficaram bem evidentes, além de que temos algumas canções novas dela, então já fica aqui o link para curtirem antes, durante e depois do filme.

Enfim, é um filme romântico simples que até poderia ter alçado voos maiores, mas que é leve, gostosinho e tem estilo, que talvez os leitores do livro reclamem por faltar coisas (isso é o de praxe), mas que minha maior reclamação (de alguém que não leu o livro) é de faltar um pouco mais de emoção, pois acostumei que filmes românticos com pegadas dramáticas precisam fazer ao menos eu ficar com vontade de chorar ou emocionado com o resultado, e isso não aconteceu, então vá sem muitas expectativas que é capaz de gostar um pouco mais. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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