O filme anterior do diretor e roteirista Nicolas Bedos, "Belle Époque", foi algo maravilhoso de ver, sendo daqueles tão incríveis que dei nota 10 e daria novamente, pois tem estilo e tudo mais com uma desenvoltura única e charmosa que funciona do começo ao fim, e aqui ele até tentou florear um pouco com jogadas de filmes antigos, com a proposta em cima do teatro da protagonista, mas não conseguiu atingir com grande eficácia tudo o que poderia, pois acabou indo para rumos mais crus e conflituosos, aonde a jogada do acreditar nos personagens acaba se perdendo um pouco. Ou seja, ele foi confiante demais no corte exageradamente picado, e acabou deixando sua trama até mais complexa do que ela realmente é, sendo algo bem trabalhado nas essências, que deixou o filme muito amplo ao mesmo tempo que ele não era para ser, e assim o resultado se perde um pouco. Claro que está bem longe de ser um filme fraco de ideias, e ainda brinca bastante com toda a imponência dos personagens, porém acaba falhando na velocidade e se alonga demais, não atingindo o ápice como poderia.
Sobre as atuações, um dos atores que mais vem sendo usados nos filmes franceses é Pierre Niney, e ele tem um estilo que por vezes acaba até sendo interessante para papeis que necessitem de mais mistério, como é o caso aqui de seu Adrien, porém ele usa esse seu artifício de olhares e não fica tão sedutor quanto o papel precisava ser, de tal forma que em alguns atos ele até soa estranho, mas ao menos suas desenvolturas funcionaram para os atos mais diretos. Já Marine Vacth tem em seu currículo muitos filmes como uma mulher sedutora, e usa sempre seu corpo para cenas intensas bem marcantes, e aqui sua Margot pedia exatamente isso, além de um ar misterioso e claro trejeitos de uma atriz já que seduz e muda seus alvos com muita facilidade, então acabou sendo bem trabalhada e deu bons ares para a trama. Isabelle Adjani deu um ar bem clássico para sua Martha, parecendo realmente aquelas estrelas do cinema e do teatro francês que exalam o luxo de aparências em suas festas e sempre está querendo novos papéis para aparecer, de forma que ela nos convence demais e faz atos bem entregues na tela. François Cluzet trabalhou seus atos com um ar meio calmo e desorientado demais, ao ponto que seu Simon parece perdido em cena, mas também disposto a cair no golpe com muita facilidade, e isso pegou um pouco, pois dava para ele se impor mais em cena e dar novas nuances. Ainda tivemos alguns atos bem colocados de Emmanuelle Devos com sua Carole e Laura Morante com sua Giulia, de tais formas que ambas se desenvolveram como conexões para tudo e chamaram atenção para ir além, com a segunda se dando melhor nos atos se incluindo no golpe completo.
Visualmente a trama tem um estilo bem encaixado, mostrando a Riviera Francesa com seus casarões das estrelas, restaurantes de luxo e também um lado mais oculto aonde vemos casas mais simples e também alguns restaurantes básicos, que se olharmos a fundo ainda são bem requintados, vemos toda a jogada de joias, quadros, pianos, festas para manter aparências e até apresentações teatrais bem colocadas, além de um julgamento tradicional sem grandes nuances de detalhes, de tal forma que a equipe de arte caprichou em alguns atos e economizou em outros, não indo para grandes frutos.
Enfim, é um filme interessante do estilo que tem uma boa pegada, mas que dava para ser menos bagunçado ao ponto de funcionar melhor dentro do gênero, não sendo ruim, mas que muitos vão acabar olhando torto e sem entender muito a proposta. Ou seja, vale o play, mas é alongado e confuso demais para chamar atenção. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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