Diria que a diretora e roteirista Clarissa Campolina também expressou no seu longa um desejo próprio, afinal aqui é o seu primeiro filme solo, e se vê pronta para uma mudança de ares e estilos, de tal forma que vemos essa essência na tela, vemos o ar de uma mulher que não se vê mais como parte daquele ambiente em si que vive, e isso é intenso de uma forma que faz refletir, ou seja, a trama tem uma boa base, não é algo cansativo de ver, só talvez pudesse já que está com mudança de ares explorar algo a mais, ter mais desenvolturas e desenvolvimentos, seja na nova família, seja no novo apartamento, e não apenas o mostrar, mas sim o agir, que aí sim veríamos sua mão com mais intensidade e o resultado talvez fosse para mais além.
Sobre as atuações, o longa tem alguns personagens soltos na trama e a protagonista, de forma que todos se envolvem para a dinâmica funcionar ao redor dela, então é claro que os olhares caem todos para Mônica Maria e o que faz com sua Jimena, sendo emocional, mas bem centrada em seus objetivos, trabalhando muitos olhares vagos e reflexivos para passar sua mensagem, por várias vezes vemos o uso da narração para passar o seu pensamento e o que escreveu nas cartas para seu pai, e isso é algo que funciona, mas que também serve de muleta como costumamos chamar o uso de algo de segurança para o desenvolvimento do ator, ou seja, ela consegue fazer com que nossos olhos não saiam dela, e isso mostra a personalidade de uma boa atriz, o que é bem acertado na trama. Outra voz de narração muito usada é a de Jhon Narváez como o pai da garota que trabalhou bem o sentimental no tom da voz, e foi bem direto, ao ponto que funcionou bem dentro da proposta, mas talvez usar o ator mesmo em alguns atos daria um algo a mais para o filme. Dentre os demais, vale leves destaques para Margô Assis como a mãe da protagonista e Carlos Francisco como o motorista da família, mas mais como apoio mesmo para as cenas do que como expressividades mesmo.
Visualmente o longa é interessante, mostrando uma casa de família rica, porém bem antiga, mas sem grandes detalhes para não pesar o orçamento, vemos a jovem procurando apartamentos menores, mas com algo mais sua cara, indo num sebo para procurar ver mais coisas sobre o pai que ficou sabendo, mostra a obra que está trabalhando e em apresentações musicais, todas bem colocadas, mas sem dúvida seu sonho é o ato mais simbólico da trama, que é o de derrubar paredes, ruir toda a estrutura antiga para conseguir abrir espaço para o novo, e assim a direção de arte flerta com o mesmo pensamento e acaba sendo um grande acerto.
Enfim, é um filme bem feito, que certamente ganhou muitos aplausos nos festivais que passou, mas que para funcionar bem numa sessão comercial precisaria ir um pouco mais além, então recomendo ele mais como uma sessão reflexiva sobre mudanças de vida, sessões com debates e claro muitos festivais ainda para ele, pois aí sim o acerto mostra que a diretora está começando um novo mundo, e assim fez valer o que passou na tela. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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