Homem-Aranha Através do Aranhaverso (Spider-Man Across The Spider-Verse)

O mais bacana de uma animação é que lá os diretores podem abusar de todas as leis possíveis de noção, de espaço, da Física e de tudo o que se possa pensar, sendo divertido ver e imaginar todas essas loucuras inimagináveis em qualquer meio comum de um live-action. E se teve um filme que fez muito sucesso tanto de público quanto pela crítica e até nas premiações mundo afora em 2018 foi "Homem-Aranha No Aranhaverso", e agora passado cinco anos reais e um ano e meio mais ou menos na trama nos é presenteado uma trama ainda mais recheada de ideias de multiversos com "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" que traz ainda mais versões do super-herói, brinca com a quebra de cânones de uma saga, e entrega bem as possibilidades de ser do bem ou ser do mal, em algo que vai deixar tanto os fãs satisfeitos, quanto quem gosta apenas de uma boa animação recheada de ação, só tendo um mero detalhe, para quem não leu nada sobre o filme, essa é apenas a primeira parte, já que em Março/2024 chegará "Homem-Aranha Além do Aranhaverso" e aqui o longa encerra no ponto de maior clímax possível, aonde este que vos escreve já estava até roendo as unhas imaginando o que iria acontecer. Ou seja, quem me conhece sabe o quanto fiquei broxado com o que aconteceu, pois sou favorável que filmes tenham continuações, virem franquias de milhares de filmes, mas que todos tenham um começo, um meio e um final, pois largar coisas para outro ano jogado é coisa de série/novela. Mas tirando esse detalhe, o resultado é um ótimo filme que empolga bastante, que até demora um pouco para rolar realmente, mas que quando engrena vai fundo.

Neste novo capítulo, Miles Morales está de volta para uma nova missão em sua agitada vida como super herói. No novo filme, Morales é transportado para uma aventura épica através do multiverso, e deve unir forças com a mulher-aranha Gwen Stacy e um novo time de Pessoas-Aranha, formado por heróis de diversas dimensões. No entanto, tudo muda quando os heróis entram em conflito sobre como lidar com uma nova ameaça, e Miles se vê em um impasse. E para piorar ainda mais a situação, eles precisam enfrentar um vilão muito mais poderoso do que qualquer coisa que já tenham encontrado antes. Agora, para salvar as pessoas que ele mais ama no mundo, Miles deve redefinir o que significa ser um super herói.

Um ponto que sempre discuto em continuações é o fator transição, pois já diz o velho ditado "em time que está ganhando não se mexe", e aqui mexeram em demasia, trocando um trio de diretores por outro trio de diretores, e para piorar um trio de praticamente estreantes nesse meio, de tal forma que Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson ao menos irão continuar na terceira parte da franquia, mas exageraram demais em dinâmicas, em cores chamativas, em efeitos (bem estranhos por sinal, parecendo que a trama tinha sido preparada para ser 3D, mas mudaram de ideia e deixaram os borrões), em quantidade de personagens secundários, e tudo mais que fosse possível em tamanhas proporções, que acabamos até ficando perdidos para onde olhar (e olha que hoje optei pelo dublado, senão ainda acompanhar legendas acho que ficaria mais difícil) e o que encontrar na tela para dar os devidos sentidos. Ou seja, é um filme grandioso, mas que dava para minimizar um pouco algumas situações, desenvolver um pouco mais alguns personagens e talvez com os diretores do primeiro iriam para algo mais perfeito, pois não que seja algo ruim de ver, porém pareceram perdidos com o que queriam mostrar, que claro os fãs das HQs vão vibrar com tantos personagens que já viram nas histórias, mas dava para ser melhor formatado e ainda mostrar muita coisa.

Sobre os personagens, como dessa vez optei pelo inverso do anterior (vi hoje dublado e pretendo ver depois legendado - apesar de ter broxado com o não ter final) vou falar um pouco dos personagens em si e não tanto dos atores/dubladores, de modo que Miles está muito mais desenvolvido, cheio de personalidade, contando com mais poderes, e também deveres, mas está ainda mais apressado que no primeiro filme, de tal forma que chega a até cansar o espectador que lhe acompanha, e isso não é algo bom de acontecer com um protagonista, mas encaixou bem a personalidade e deve ainda render bons frutos no fechamento. Gwen Stacy ainda entregou muita personalidade também, deu um ar mais emotivo que nos atos de fechamento entendemos melhor, e chama bastante a responsabilidade cênica para si. Miguel O' Hara trouxe um ar denso para seu personagem, sendo um líder marcante com estilo, mas também um Aranha mais seco, de forma que por ser um dos principais, deveriam ter trabalhado talvez um pouco mais sua história para convencer melhor, mas encaixou bem no que precisava. O vilão Mancha é bem imponente e divertido, cheio de boas sacadas e piadas bem encaixadas, e um poder bem maluco e chamativo, de tal maneira que com a velocidade do filme ainda ficou mais impactante na tela. Ainda tivemos bons atos com os pais e mães dos protagonistas, e alguns outros bons pessoas e bichos-aranhas, valendo claro o destaque para Hobie e o indiano que tem mais falas na trama, além de alguns bem estranhos como um dinossauro e um cavaleiro-aranha que aparecem rapidamente.

Visualmente já falei que ficou estranho o excesso de cores e efeitos que pareceram alguns borrões duplos de 3D sem óculos, mas de uma coisa temos de dar o parabéns para a equipe, pois foram muito criativos com a quantidade de personagens-aranha, tendo de todos os tipos possíveis, criaram algumas boas cidades diferentes para os personagens passear, tiveram sombreamentos e traços bem intensos que pareceram realmente desenhados a mão e não tão computacionais, e a cidade aonde todos os aranhas vivem foi algo bem tecnológico e interessante que valeria até ter sido melhor trabalhado, mas deram o tom e foram bem marcantes.

Enfim, é um filmaço que dava para ser fechado em um único filme, mas que agora deixou bem a curiosidade de como irão desenvolver tudo no longa do ano que vem, pois se formos olhar a fundo, faltou muito pouca coisa, então ou irão enrolar bastante, ou vai ser algo bem impactante, então o jeito é esperar, e dessa forma diria que recomendo ele mais para os fãs do personagem do que algo feito para todos como foi o primeiro filme. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Tendi a dar um 7 ou 7,5 para o filme, mas como o resultado final me impactou bastante, fazendo minha curiosidade ir além mantive o 8.