Netflix - Mixed by Erry

6/07/2023 01:14:00 AM |

Confesso que desde o dia 31/05 quando o longa italiano "Mixed by Erry" estreou na plataforma da Netflix eu estava olhando bem receoso de dar o play nele, pois parecia bobo e não algo que fosse real, mas hoje resolvi dar a chance, e olha... a trama é daquelas que nos transporta realmente para a Itália do meio para o final dos anos 80, quando as fitas piratas explodiram tanto com discos de alguns artistas, como também com compilações musicais de vários artistas juntos para quem gostava só de uma ou outra canção de um cantor, e que junto com vários outros montados por algum DJ o resultado ficava perfeito de ouvir. E quem nessa época não fez suas próprias coletâneas, ou então comprou na feira ou em qualquer outro canto algo desse estilo? Só quem não viveu mesmo essa época que não acompanhou, pois bem antes de existir CDs e atualmente as playlists digitais, o mundo era bem assim, ou seja, apenas situei um pouco alguns dos mais jovens, mas quem assistir ao filme irá ver não apenas um jovem que sonhava ser DJ e já fazia trambiques com o pai desde garotinho (substituindo chá em garrafas vazias de whisky para vender como original!) que junto dos irmãos acabou virando a maior gravadora ilegal da Itália na época, e mostrando todo o processo e ingenuidade dos jovens, toda a loucura que foi o que fizeram. Ou seja, é um filme se olharmos a fundo bem simples, mas que envolve tanto e trabalha tão bem a época que acabamos presos do começo ao fim, sem cansar por ele ser curto, e principalmente com uma produção impecável de época que agrada demais, mesmo sem ter grandiosas atuações.

O longa conta uma história de paixão e sonhos que, partindo de Nápoles, se torna uma incrível aventura internacional. Na mágica capital da Campânia dos anos 1980, onde Maradona é uma divindade, Enrico "Erry" Frattasio transforma as mixtapes que faz para seus amigos em um império, graças à ajuda de seus irmãos Peppe e Angelo. Um empreendimento sensacional que vai mudar suas vidas, reinventar o conceito de pirataria na Itália e levar a música para a vida de todos.

Dois anos atrás reclamei bastante da loucura do diretor e roteirista Sydney Sibilia com o filme "A Incrível História da Ilha das Rosas", pois mesmo usando uma história real de base, ele acabou exagerando demais em toda a trama ao ponto de ficar bizarro e irreal, mesmo sendo bem interessante, porém aqui posso dizer que ele se redimiu ainda mantendo o mesmo estilão maluco, pois se lá era uma história que o mundo praticamente desconhecia e ficou abstrata, aqui não ocorreu por ser algo mais de impacto mundial, que todos viram e ele soube dosar a desenvoltura maluca para que fosse tudo bem convincente, ocultou o nome das fitas virgens concorrentes (o piiii com asteriscos na legenda foi o melhor!) e trabalhou os personagens como pessoas bem ingênuas, mesmo que desde crianças falsificassem produtos junto de seus pais. Ou seja, o diretor soube utilizar bem o que sempre falei de colocar um pouco de ficção numa história real para ela se valorizar, e ainda deu estilo para uma época completamente maluca, aonde com certeza muitos hoje nem ouviriam tantas músicas se ficassem apenas com um disco de 2 ou 3 músicas boas e um monte de ruins, enquanto uma fita bem preparada tinha 12 (as vezes mais) boas canções do gênero que empolgavam até estourar, e assim o resultado funcionou bem demais, e chamou muita atenção.

Sobre as atuações, diria que o trio de irmãos foi bem trabalhado, mas que talvez faltasse um pouco mais de malícia na intensidade deles, pois pareceram realmente serem bem ingênuos, o que pelo tanto de coisas que faziam não era normal uma pessoa achar simples, mas com seus trejeitos entregaram bons atos e desenvolturas, claro tendo o destaque para Luigi D'Oriano com seu Enrico "Erry" bem solto, cheio de olhares por vezes meio que desanimado, afinal sempre quis ser DJ e não o que acabou virando, mas entregando boas dinâmicas nos convenceu de tudo com bom primor. Tivemos o mais empolgado com toda a fama e desenvoltura Angelo que Emanuele Palumbo entregou, e claro tivemos o esperto e bem colocado Peppe que Giuseppe Arena desenvolveu, de tal forma que o trio teve uma boa química e funcionou bem dentro da proposta. Ainda tivemos o agente da Polícia Federal que estava desesperado para pegar os jovens e não conseguia, sendo bem trabalhado por Francesco Di Leva, e claro o dono da empresa de fitas que viu seu lucro disparar com as compras dos irmãos que Fabrizio Gifuni cadenciou de forma bem encaixada nas suas poucas cenas. Quanto dos demais, diria que as mulheres da trama até que fizeram bons atos espalhados, mas sem grandes destaques, valendo apenas chamar a atenção para o pai dos jovens que Adriano Pantaleo fez bem e agradou.

Visualmente o longa foi uma brincadeira muito gostosa pelos anos 80, aonde a equipe de arte brincou bastante com o figurino, com os eletrodomésticos e eletrônicos, com o gravar das fitas, com as escolhas das músicas nos ambientes e até mesmo na forma criminal trabalhada com empresas escondidas e mudando de lugares para continuar pirateando, ou seja, tudo de forma bem simbólica e marcante que acaba funcionando com cores e elementos, e assim o resultado encaixa demais.

Enfim, é mais um dos que dou play esperando bem pouco e saio muito feliz com o resultado final, sendo daqueles que vou recomendar com certeza para todos, então a dica principal é para o público que viveu essa época explosiva das piratarias musicais, mas que quem for mais jovem também veja para ver a loucura que era querer escutar sempre as suas principais sem ter de ouvir um disco inteiro. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...