Para quem não conhece de nome, o diretor e roteirista argentino Damián Szifron entregou em 2014 o incrível "Relatos Selvagens", e agora nove anos depois ele mostrou que ainda mantém a essência brilhante de segurar o espectador na poltrona o tempo inteiro, desenvolvendo nuances bem encaixadas com cada personagem e intensificando toda a amarração precisa com a história, de tal forma que vamos junto tentando desvendar cada situação, vamos procurando junto com a protagonista possíveis pistas, e também sentindo suas aflições. Ou seja, o diretor conseguiu criar uma trama moderna, afinal que nem o investigador-chefe fala: "se colocarmos todo mundo que tem algum transtorno como suspeito não vai sobrar ninguém para investigar", e com isso a intensidade acaba funcionando de forma a não ficar nem exageradamente pesado, afinal os tiroteios são bem fortes e duros, mas também não se afrouxou tanto para que o resultado se perdesse, e assim vemos algo que funciona bem na medida. Claro que alguns atos mais no final soaram meio que simples de pegada, de forma que daria para causar mais, mas ainda assim o resultado não atrapalhou em nada, e agrada demais, sendo mais um bom filme no currículo do diretor.
Sobre as atuações dá para falar que Shailene Woodley fez um misto das personalidades que já apresentou nos principais filmes que fez e colocou aqui para sua Eleanor, pois ele é meio problemática, mas tem um instinto bem afiado para investigar, e com isso consegue puxar bons elos para que o público torça para ela desvendar um algo a mais, claro que poderia ter um pouco mais de atitude e imposição, mas não foi o que lhe pediram em cena, então ficou um pouco morna nesse sentido, não sendo ruim, porém dava para ir além. Já Ben Mendelson se impôs com muita força para que seu Lammark fosse respeitado no FBI, mas também tivesse estilo, de tal forma que chama tudo para si, faz olhares e tudo mais, e ainda por cima tem um segredo que surpreende bem a protagonista, ou seja, foi bem rigoroso e chamou muita atenção do começo ao fim. Jovan Adepo também teve boas cenas chamativas para seu Mac, trabalhou com estilo e foi bem na parceria com a protagonista, só poderia ter ido um pouco mais além para se destacar mais, mas agradou. Tivemos vários outros policiais bem colocados, tivemos toda aquela tradicional briga de um querer aparecer mais que o outro, mas nenhum destaque entre eles, sobrando apenas para os atos finais com o assassino vivido por Ralph Ineson, mas mais pela ideologia do personagem, e claro pela desenvoltura com as armas, mas dava para ser qualquer ator no papel, já que apenas fecha a trama.
Visualmente a trama teve toda a pegada clássica de filmes de assassinatos, com boas cenas no começo com a festa de ano novo e acertando 29 pessoas aleatórias em lugares bem longe, sendo algo bem marcante, tivemos depois o tiroteio no shopping, vários atos das investigações rolando em algumas casas, na delegacia com interrogatórios, todo o apelo da mídia com a divulgação das imagens, tivemos toda a desenvoltura no apartamento da protagonista com seus problemas, algumas cenas na piscina aonde vai para desestressar, um tiroteio razoável numa loja de conveniência e claro todos os atos finais numa casa rural do assassino, isso antes passando por um abatedouro, mostrando cruamente como é o processo de fazer a carne dos pratos, ou seja, é um filme aonde a equipe de arte foi marcante de ambientação, usando poucos elementos e pistas, o que não é comum no gênero, mas que funcionou dentro da proposta.
Enfim, é um tremendo filmão do gênero policial, que tem uma investigação interessante, mostra um pouco dos conflitos que ocorrem entre as várias polícias e claro junto com os órgãos do governo, principalmente numa época festiva, e também mostra um pouco da ideologia de alguns malucos para com suas loucuras assassinas, sendo algo que vale com certeza a conferida para quem gosta do gênero, e assim fica minha recomendação. E é isso pessoal fico por aqui com a última dica de cinema dessa semana, mas já vou engatar um filme do streaming hoje ainda, então abraços e até logo mais.
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