Com toda certeza a diretora e roteirista Caroline Link devorou o livro de Judith Kerr, pois conseguir passar toda a síntese de um período dificílimo para os judeus e ainda colocar a voz e olhar da trama todo pela ótica de uma garotinha é algo para se envolver e ficar querendo conhecer outros trabalhos dela, afinal isso é algo que não costuma funcionar com muita facilidade, e o estilo entregue conseguiu ser bem leve, mesmo trabalhando cenas bem duras e tristes, parecendo que a jovem tinha esperanças demais para causar qualquer trabalho para seus pais, e com isso seu filme acaba tendo uma doçura bem marcante que flui e envolve bastante. Ou seja, é algo que podemos dizer bem novo nesse estilo, pois a proposta até poderia ser dramática de um nível altíssimo, mas como o livro mesmo é algo bem desenhado e com uma proposta quase que lúdica, o resultado do filme também fluiu para algo mais de aventura familiar de mudanças do que um drama pesado sobre o período do nazismo.
Sobre as atuações posso dizer sem dúvida alguma que a garotinha Riva Krymalowski entregou tudo com olhares simples e bem expressivos com sua Anna, de tal forma que mesmo tendo alguns atos com uma certa timidez, acaba se desenvolvendo facilmente no ambiente e chamando toda a atenção para si, ou seja, mostrou personalidade e certamente pode ir muito longe com seu estilo. O jovem Marinus Hohmann também foi bem direto na desenvoltura de seu Max, passando aquele ar de irmão mais velho, que entende um pouco mais de tudo o que está acontecendo, mas que também ainda é uma criança com apenas 12 anos, e deu bons tons nos seus atos junto de Riva, brincando praticamente com o ambiente e com a seriedade que precisou passar. Oliver Masucci fez bem toda a imponência que seu Arthur precisava passar, sendo um jornalista e crítico de arte passou envolvimento, classe e também muito orgulho para com suas atitudes, o que acabou chamando muita atenção no segundo ato, que acabou sendo até meio que rude, mas correto para o que o papel pedia. Do elenco todo conhecemos bem mais Carla Juri, que entregou claro uma mãe bem conectada aos filhos com sua Dorothea, mas que segue sempre o marido nos desafios até onde dá, de modo que vemos suas atitudes bem colocadas, mudando completamente seu estilo de vida e agradando com os trejeitos passados nessa mudança. Quanto aos demais, vale claro mencionar Justus von Dohnányi como seu Julius bem conectado à garotinha e claro a empregada da família Heimpi bem feita por Ursula Werner, de tal forma que ambos trouxeram um envolvimento bem doce para a jovem garota.
Visualmente a trama mostra bem a casa rica da família em Berlim, o estilo de vida deles com muitas obras literárias, piano, roupas chiques e tudo mais, depois vão para um hotel ainda bem classe alta em Zurique, depois vão mais para o interior da Suíça numa pousada bem simples, com uma escola simples também, aonde vemos maiores conexões das crianças, até a mudança por completo para Paris, aonde vemos claro uma escola completamente diferente, um apartamento bem pobre quase que escondido de tudo, a dificuldade com comida, e o contraponto com os ricos da cidade, e para finalizar ainda temos uma boa cena no topo da Torre Eiffel junto com mais uma viagem de barco, ou seja, a equipe foi simples e representativa, usando ambientes menores para não necessitar talvez mostrar coisas que já mudaram com o passar dos anos, mas principalmente não precisou mostrar o nazismo e a guerra em si, sendo algo mais fechado na família mesmo.
Enfim, é um filme bonito e envolvente, que não chega a pesar nem emocionar tanto quanto poderia com bem poucas mudanças, mas que consegue ser agradável e passar bem a mensagem de como alguns conseguiram sobreviver nessas fugas todas, que claro por terem um pouco mais de dinheiro e contatos tudo fluiu, mas que muitos não tiveram essa mesma sorte e ideia antes da explosão que ocorreu com Hitler assumindo o poder. Então fica a dica para uma boa sessão diferente dentro desse tema, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até breve com mais dicas.
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