Diria que o diretor Shoojit Sircar trabalhou bem a trama que lhe foi entregue, desenvolvendo uma super-produção de época, colocando muito envolvimento nos diálogos, mostrando tanto atos de fuga quanto atos de enfrentamento, aonde o público praticamente vivencia os atos do protagonista durante 21 anos, não sendo algo simples e direto, mas tendo os devidos cortes, as devidas torturas, e principalmente sem economizar em atos fortes, que dava para serem minimizados, mas a estrutura da trama pedia, e ele não deixou barato. Ou seja, vemos uma trama bem intensa e dramática, aonde o protagonista segura bem toda a encenação de época, cria o devido carisma no público, e o resultado acaba indo além de algo apenas comum, mas sim uma biografia marcante e cheia de dinâmicas. E aí entra o famoso problema, que como é uma produção gigantesca, diretores ficam com muito medo de cortar sua obra e perder detalhes, de tal maneira que dava para o filme ser reduzido em uns 20-30 minutos com muita facilidade, mas não passaria a mesma densidade cênica, então assista descansado e veja a obra por completo.
Sobre as atuações, o protagonista Vicky Kaushal domina o longa com muita personalidade e também muitos visuais diferentes, afinal a trama mostra 21 anos do protagonista, e assim temos desde barba grande até cabeça raspada, mas sem mudar mesmo o olhar explosivo que por vezes se acalmava para não expressar tanta força, mas em seguida vinha cravando tudo, e o ator soube dosar muito esse seu estilo, criando desenvolturas boas para cada momento, e mantendo ainda a síntese completa, isso sem falar nos atos de tortura, aonde mostrou muita força expressiva e marcou bastante na tela. Ao longo de toda a trama tivemos muitos personagens marcantes, mas valem mesmo os destaques de Shaun Scott e Andrew Havill como Michael O'Dwyer e General Dyer respectivamente, pelas falas fortes e diretas em cima do primeiro querendo a volta do colonialismo de forma mais impositiva, e o segundo por ir preparado para uma guerra sem que os demais fossem revidar, sendo bem fortes no jeito de se imporem, mostrando muito na tela. Ainda tivemos Stephen Hogan como o investigador bem colocado que conseguiu saber mais do protagonista, e também Kirsty Averton como a líder dos movimentos na Europa que ajudou o protagonista com muitos contatos, sendo bem direta e marcante.
Visualmente a trama foi muito bem desenvolvida também, tendo atos nas ruas de Londres, mostrando uma prisão bem pequena, salas de tortura marcantes aonde vemos muitos aparelhos e aparatos para tentar fazer o protagonista falar, atos na neve, um julgamento de cartas marcadas num tribunal também bem moldado, várias casas simples aonde o personagem vai para conversar com pessoas dos partidos, tudo bem detalhado para ficar realista, cheio de figurinos de época e tudo mais, mas sem dúvida os atos mais fortes ficaram para o massacre de 1919, aonde vemos todo o tiroteio, os corpos se amontoando, o protagonista correndo para levar as pessoas para os hospitais, partes dos corpos destrinchados, e tudo depois em um ângulo aonde usaram muitos figurantes e símbolos que deram o tom da trama.
Enfim, é um filme que funciona bastante dentro da proposta de mostrar um personagem marcante dentro da História da Índia, vemos atos de época bem trabalhados e o resultado acaba sendo um filme que vale muito o play, mas dou a recomendação de ver sem estar cansado, pois já frisei isso algumas outras vezes, e é bem longo e lento, dando as nuances certas para cada momento. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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