Diria que o diretor Juan Felipe Orozco até que criou uma atmosfera bem interessante em cima da obra do escritor Mario Mendoza, de tal forma que vemos uma cidade estranha, densa, com pessoas andando e sobrevivendo apenas, tendo as dinâmicas bem próximas de crimes e mortes, e só esse ar já faz valer todo o resultado da trama, que daria para ir muito além e surpreender com toda a dinâmica investigativa, porém ele acabou criando alguns núcleos para entrelaçar no final, e isso não deu o formato que o longa poderia ir mais além, parecendo até que a polícia da cidade é meio inexistente e tudo recai para os jornalistas, sejam eles de grandes tablóides, pequenos, ou até independentes, e assim sendo faltou aquele ar policial mais misterioso, para que tudo ao final fosse revelado e impactasse de uma maneira melhor. Não digo que o que ele fez foi algo ruim, mas dava para ir muito além, e com pouquíssimas mudanças, mas cada um tem seu estilo, e aqui optaram por esse.
Sobre as atuações, com toda certeza a escolha de Andrés Parra para o papel de Frank Molina foi muito bem feita, pois o ator soube pegar o papel e dar uma dimensão meio que mista entre loucura e bebedeira, deixando fluir os momentos de maior impacto e criando as desenvolturas com um ar mais fechado que acaba funcionando bastante, só faltando mais um estilo mais policial para suas investigações, pois aí seria perfeito. Aria Jara até fez algumas cenas intensas de sua Gaby, mas não demonstrou uma entrega maior, sendo apenas uma conexão entre os dois lados da trama, e isso pesou um pouco, pois poderia ter ido mais além. Juan Pablo Urrego e Jorge Cao trabalham bem o estilo político da trama com seus Ignacio e Augusto Pombo, de maneira que o pai ficou mais próximo dos crimes físicos e o filho dos crimes políticos, mas sem também se expressarem de modo mais chamativo. E quanto aos demais, vale dar leves destaques para a jornalista vivida por Patricia Tamayo e para o assassino de aluguel vivido por José Restrepo, mas certamente quem daria um bom tom para a trama seria Lomaasbelo que morre logo no começo da trama.
Visualmente já falei que o filme está incrível, com uma cidade bem densa, quase toda dominada pelo escuro e chuvas ácidas, todo um ar criminal bem colocado, um ringue de lutas bem simples, uma festa bem clássica entre políticos, uma fundição usada para outros usos não habituais, uma igreja que recolhe pessoas doentes, e o apartamento do protagonista aonde vemos todo o cuidado tradicional de uma boa investigação, ou seja, a equipe de arte não foi muito além, mas soube entregar cada detalhe no lugar certo para marcar território no gênero e isso faz uma trama do estilo funcionar bem.
Enfim, é um filme que tinha tudo para ir muito além, causar tensão e trabalhar bem uma investigação, mas que optaram pela simplicidade de estilo e o resultado acaba sendo algo que não empolga, claro que é muito melhor que muitos outros que já vimos, mas aparentava ser muito mais tenso, de forma que recomendo ele com muitas ressalvas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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