Diria que o diretor e roteirista Júlio Bressane é um dos cineastas nacionais que está há mais tempo no mercado de filmes, praticamente não parando de produzir desde a metade dos anos 60, ou seja, já fez de tudo um pouco, mas é daqueles que gosta de trabalhar ideias e desenvolturas de uma maneira meio que diferenciada, ou seja, gosta de pegar um roteiro potencial e brincar com ele, experimentar coisas novas, misturar liberdade criativa com textos rebuscados, e aqui ele usou de técnicas de vários estilos, permeou ideias da trama de Machado de Assis, deu ares rebuscados para um reflexivo Dom Casmurro, e praticamente "criou" o swing no século passado dentro de sua história livremente inspirada na obra do clássico autor. Ou seja, desenvolveu algo que sua mente quis, deixou provavelmente alguns editores malucos para tentar entender o que deviam fazer, e o resultado acabou sendo algo que não agrada, mesmo chamando atenção pelas ousadias.
Quanto das atuações, diria que todos foram bem dentro da proposta, trabalhando personificações bem densas de Capitu, Bentinho e Casmurro acabamos vendo Mariana Ximenes, Vladimir Brichita e Enrique Diaz bem colocados em cena, trabalhando trejeitos fortes e chamativos, que se desenvolvessem melhor todas as dinâmicas, colocando alguns elos entre elas nem precisaria inventar com os vídeos estranhos no miolo, pois o trio seguraria muito bem todos seus atos, e junto dos demais atores acabaria fluindo toda a ideia da trama de um modo seguro e inteligente, mas como isso não ocorreu, apenas fizeram bem as personificações e ganharam seus cachês para filosofar mais com Diaz, fazer olhares de dúvidas com Brichita e ser sedutora e meio maluca com Ximenes, o que todos fazem bem.
Visualmente a equipe de arte ficou só em uma casa, brincando com os ambientes de fundo, mudando os papeis de parede com pinturas chamativas de vários pintores, ousando com poucos elementos cenográficos mas bem contextualizados, tendo claro destaque as cenas de Casmurro numa sala/biblioteca bem rica de livros, e também o minimalismo nos ambientes para que a desenvoltura ficasse mesma no texto, e assim também sobrasse espaço para as loucuras dos vídeos que prefiro nem citar um a um, mas que beiram a loucura por completo. Ou seja, diria que quem trabalhou um pouco mais foi a equipe de figurino para dar o contexto de época para todos em cena, e assim acertou ao menos.
Enfim, é um filme fraco de resultado, mas interessante de proposta, que pessoalmente não tenho como recomendar por ser algo abstrato demais para quem gosta de tramas mais comerciais, mas que por ser bem curto não chega a incomodar tanto, então dá para dar uma viajada nas nuances e tentar ao menos não desgostar de tudo o que é mostrado, e sendo assim fica ao seu critério se gostar do estilo ver nos cinemas a partir do dia 27/07. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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