Não costumo trazer muitas dicas de documentários aqui no site, principalmente por gostar mais da ficção, de sair da vida comum e ver coisas que possam florear a mente, afinal costumo dizer que a vida real é algo que vemos todos os dias e se torna chata. Mas quando boas propostas chegam para conferir com certeza indico, e eis que com um esforço gigante de vários cineastas e muito material bruto, "Máquina do Desejo", acabará sendo obra obrigatória para todos os amantes de teatro do país, para que conheçam toda a trajetória de Zé Celso e o teatro por onde passaram grandes nomes das artes, por onde sobreviveu o teatro durante a ditadura, e tudo o que passou nas brigas de um lugar tombado historicamente pelo desejo de compra dos vizinhos de terreno. A trama traz muito envolvimento, mostra vários atos de peças, imagens que sabe-se lá como foram gravadas que com muita pesquisa conseguiram trabalhar para desenhar esse filme, que sabemos que tem muitos que são contra ao estilo, mas que chama tudo para si e consegue marcar.
A sinopse nos conta que em mais de seis décadas, o Teatro Oficina faz mais que revolucionar a linguagem teatral no país: a influência estética da companhia de José Celso Martinez Corrêa estende-se da invenção do Tropicalismo à renovação das linguagens audiovisuais, performáticas, arquitetônicas, musicais brasileiras e muito mais a partir dos anos 1960 até hoje. O filme revisita uma história que envolve personalidades como Caetano Veloso, Glauber Rocha e Lina Bo Bardi, dissolve barreiras entre teatro, ecologia, arquitetura e sexualidade, e mistura arte e vida na eterna busca de uma linguagem verdadeiramente brasileira.
Diria que os diretores, roteiristas e montadores Joaquim Castro e Lucas Weglinski foram bem centrados para mostrar um pouco de tudo, afinal 60 anos de história certamente tiveram coisas boas e ruins, muitos acontecimentos e material aos montes para analisar, e conseguiram transmitir bem uma linha temporal com virtudes bem encaixadas e estilos importantes para toda a trajetória do teatro em si, e claro por consequência de Zé Celso, aonde vemos desde a primeira peça "Os Pequenos Burgueses", todo o estouro que foi com "Rei da Vela" e "Roda Viva", o polêmico "A Vida de Galileu" bem na instauração do AI5 no país, um pouco das filmagens na África durante os períodos de independência de alguns países, todo o conflito em 79 com Silvio Santos comprando todo o quarteirão e querendo inclusive o prédio do teatro, a primeira montagem de "Os Sertões", "Bacante", "Ham-Let", "Cacilda" até chegarmos na última montagem de "Os Sertões", entre outros, claro além de mostrar como foi a concepção maluca do visual e da estrutura aonde o público praticamente vira parte das peças.
Ou seja, são poucos atos se falarmos de todo esse tempo de material, mas teve uma boa linha temporal e uma estrutura que não cansa em momento algum, a narração usada com as entrevistas de cada época dão toda a nuance, não parecendo algo feito propriamente como acontece naturalmente em muitos documentários, mas sim a vida do teatro rolando, e só isso já faz valer a conferida. Então vá conferir, conheça mais sobre os vários nomes que circularam por lá, e mantenha viva a história do Teatro Oficina. O longa estreia dia 19 em vários cinemas do país, e vale muito a sessão. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
PS: O motivo para não dar nota máxima é que eu queria mais do filme, achei que em 110 minutos foram muito sucintos para 60 anos, mas como sei que foi acelerado para a estreia, o resultado ficou bem bom!
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...
Amante da sétima arte desde sempre, crítico desde 2010 após se formar em cinema, confere todos os lançamentos que saem nos cinemas e praticamente todos que saem nas plataformas de streaming, comentando sobre todas as partes técnicas (direção, história, atuações e qualidades visuais e sonoras) de cada filme usando uma linguagem simples e acessível para todos, auxiliando o público se deve ou não conferir os longas lançados. Gosta de todos os estilos, mas ama mesmo um bom suspense para ficar tenso do começo ao fim quando seu queixo cai com uma boa reviravolta.
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