A sinopse nos conta que em outubro de 1969, a pacata vida de Madre Maurina no interior de SP é marcada para sempre pela ditadura militar brasileira. Uma história que por muitos anos foi esquecida agora é relembrada e recontada por quem também a viveu - e sobreviveu.
Sei que o trabalho de um diretor de documentários vai muito mais além do que ele entrega na tela, pois a parte de pesquisa é muito maior do que realmente captar as entrevistas e depois montar algo que faça sentido para ir para a tela, e o que Gabriel Mendeleh fez com sua obra é algo que sem dúvida alguma tinha presenciado em uma trama documental, pois vemos seu trabalho com os vários entrevistados, a forma que conduziu para que todas as histórias que sabemos que não foram poucas das pessoas que vivenciaram algum momento com a Madre, e todas as dinâmicas acontecendo que mesmo que nunca tivéssemos lido qualquer coisa sobre a Madre Maurina ficamos quase que íntimos de seus momentos, de sua prisão, dos cuidados e atos que teve com cada um que ela passou na vida, e isso é notável pois vemos quase todos falando a mesma sintonia, a mesma presença de espírito, o mesmo sentido em si que aconteceu. E por vezes até sentimos e vemos os atos acontecendo de uma maneira tão fácil, que fica parecendo até que o diretor foi conversar pessoalmente com a Madre que já está morta desde 2011, e escolheu exatamente as falas que deveriam entrar ou não em seu filme.
Ou seja, é um trabalho imenso de uma direção magistral, um trabalho de montagem preciosíssimo, uma produção perfeita, animações, recriações e encenações emocionantes de ver, sendo um trabalho completo, isso claro sem falar em todas as entrevistas precisas e marcantes que acredito que dariam muito mais do que um filme, e que friso foram num sincronismo de envolvimentos que nos colocam na presença emocional e visual do que realmente aconteceu, sendo brilhante demais em tudo.
Enfim, passei aqui o meu sentimento de ver a trama, mas como costumo falar, um documentário é algo pessoal que cada um tira seu proveito e sua mensagem, não sendo algo tão técnico que dê para pontuar defeitos e qualidades em cima de cada ato, cada mensagem passada, e tudo mais, mas assim como ocorreu hoje numa sessão que lotou o auditório do SESC Ribeirão Preto (era para ser apenas 50 ingressos, lotaram as 206 poltronas e mais várias pessoas ficaram de pé, e outras várias ficaram para fora e farão outra sessão na terça-feira às 19hs) e que ao final todos aplaudiram de pé por vários minutos, deixo aqui minha recomendação para que todos vejam o que foi a ditadura, o que foi prender uma freira que não estava envolvida politicamente na época, apenas sendo diretora de uma escola aonde haviam manifestações, e que assim que o longa chegar na sua cidade ou TV vejam, pois vale cada minuto. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda tenho outra cabine de imprensa para ver hoje, então volto logo mais com outro texto, então abraços e até breve.
PS: Só não dei nota máxima para o filme por ver no bate-papo depois da sessão que dava para colocar ainda mais histórias na trama (quem sabe a equipe se empolgue e role uma segunda parte!), mas se tivesse notas quebradas daria um 9,5 pra mais, pois o longa é incrível mesmo, torcer para a estreia comercial vir em breve para indicar para mais amigos fora de Ribeirão Preto!
2 comentários:
Belo documentário, bela crítica... talvez, o título justifique o talvez mais 🙏, já que o outono não acabou
Olá João... bem assim mesmo né... não acabou e irá continuar... #torcida... abraços!
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...