Diria que o diretor e roteirista Jérémie Rozan foi bem inteligente na proposta completa da trama, mostrando a velha faceta de que para alguém que ganha pouco, quando vê a possibilidade de decolar não pensa duas vezes, afinal a ganância é algo presente demais no ser humano, claro que tem alguns que são espertos num nível máximo, e usando essa base criou o protagonista Daniel que praticamente comando o filme contando sua história e de seus amigos. Claro que esse estilo de narração é algo que facilita muito para um diretor para que não seja necessário tanta desenvoltura no roteiro para que o público entenda tudo o que está acontecendo, e é bem válida quando bem usada, porém aqui ele exagerou um pouco na dose, e por vezes alguma sacada que se descoberta pelo espectador chamaria muita atenção, ela já é revelada em seguida pelo protagonista. Ou seja, talvez tenha sido um pouco de falta de experiência em cinema para o diretor, afinal antes só dirigiu comerciais e videoclipes, mas mostrou estilo e certamente se seguir nesse caminho tem futuro, afinal como costumo falar, fazer rir é o jeito mais difícil de estrear no cinema, e ele conseguiu.
Sobre as atuações, diria que Raphaël Quenard tem muito estilo e personalidade, mostrando uma desenvoltura tão bem trabalhada para seu Daniel que por vezes acabamos torcendo pelos seus golpes, e isso não é algo bom, e ele chamou tanto a responsabilidade do filme para si que praticamente nem vemos os outros se destacando na tela, ou seja, praticamente pegou o filme para ele e foi embora. Antoine Gouy trabalhou seu Patrick Breuil com um ar meio que daqueles empresários que tem medo de tudo, que pegaram a empresa do pai andando e depois da morte do pai não sabe nem o que fazer, e seus olhares perdidos disseram tudo, até no lado de não perceber a traição, ou seja, foi bem ousado no traquejo e acabou agradando. Agathe Rousselle fez de sua Virginie a tradicional RH rancorosa que não aceita se rebaixar para o que os donos pedem, e seus trejeitos foram bem dinâmicos para chamar atenção nos atos que está junto dos dois protagonistas, desenvolvendo um bom jogo de cintura que acaba agradando bastante também. Ainda tivemos Grégoire Colin com seu Nougarolis disposto a ser o espertão que acha que vai comprar tudo facilmente sem ser enganado, Youssef Hajdi bem colocado com seu Ange cheio de perspicácia na investigação, e claro Igor Gotesman que faz o melhor amigo do protagonista, porém seu Scania mesmo sendo o cúmplice completo de toda a armação, acabou ficando muito em segundo plano, não aparecendo tanto como poderia para se destacar.
O contexto visual da trama praticamente focou nos atos dentro de uma grande empresa de envasamento e embalagem de perfumes, vemos as máquinas passando com vários frascos e um estoque gigantesco de caixas e paletes, vemos algumas salas de administração, e claro a casa aonde os personagens do roubo fazem suas festas nas sextas-feiras quando recebem o pagamento do roubo da semana, tivemos alguns atos em boates e um armazém secundário em uma fazendo, mostrando que basicamente foram bem simples de tudo, tendo uma ou outra cena em casas, mostrando carrões, mas a base mesmo sendo dentro da fábrica o que deu a nuance toda que a equipe de arte desejou mostrar.
Enfim, é um filme que tem uma boa sacada e uma desenvoltura boa de curtir, sendo algo a mais do que apenas um passatempo, mas dava para terem trabalhado um pouco mais toda a dinâmica para não necessitar tanto da narração e da quebra da quarta parede pelo protagonista a todo momento, que aí sim seria um filme genial. Ou seja, vale o play para vermos pessoas espertas roubando riquinhos que acham que mandam no mundo, e assim fica sendo uma mensagem a mais para quem dar o play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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