Não posso afirmar que o diretor e roteirista Yôji Yamada se inspirou um pouco em sua vida para escrever e dirigir a trama, afinal esse é quase o seu 100º trabalho chegando agora aos 91 anos, mas mostra que as vezes uma história bem guardada pode ser atualizada e virar algo memorável, mas também nos mostra que a devoção e a paixão são coisas que andam muito juntas, ao ponto de vermos isso em um emprego, em uma família e até mesmo em uma amizade, aonde souberam entregar símbolos para nos envolvermos com as dinâmicas e ir se emocionando sem grandes quebras, e assim tudo ir nos dizendo o quanto o cinema é mágico. Diria que o diretor soube brincar nas duas épocas para que tudo tivesse atos bem encaixados e fossem se desenvolvendo bem, pois não dá para entender muito bem logo de cara tudo o que aconteceu com os amigos, mas conforme a trama vai além tudo faz muito sentido e acaba sendo bem bonito tanto para o lado da magia do cinema em si, quanto para a devoção amorosa que muitas famílias acabam tendo.
Sobre as atuações diria que conseguiram trabalhar muito bem o estilão de Goh tanto jovem quanto velho, que Sawada Kenji entregou com muita disposição ao refilmar todas as cenas do personagem, afinal a maior parte já tinha sido gravada por Ken Shimura, que morreu de COVID, e o ator soube dosar bem seu semblante para passar um certo desdém com a vida já nos seus momentos finais, foi empolgante ver ele escrevendo com o neto, e deu boas conexões para tudo o que Suda Masaki fez no passado com o personagem jovem, que foi dinâmico, apaixonado pelo cinema e determinante nos atos bem encaixados com a proposta, o que acaba agradando bastante. Ainda tivemos Noda Yojiro e Kobayashi Nenji bem concentrados no papel de Terashin novo e velho, mostrando boas dinâmicas e desenvolturas. Nagano Mei trabalhou sua Yoshiko bem simpática e graciosa jovem, enquanto Miyamoto Nobuko fez ares mais sofridos já idosa. E ainda vale o destaque para Kitagawa Keiko como a atriz meteórica da época de ouro do cinema japonês Katsura Sonoko.
Visualmente a equipe de arte foi muito enxuta, mas mostrou bem as produções da época, todo o estilo bem coeso de ângulos e simplicidades que iam muito além de apenas uma história, mostrou um pouco das vivências que ocorriam ali nos estúdios, e vindo para o presente mostrou o público pequeno, porém cativo dos cinemas artísticos, a magia dos ambientes de uma projeção, e também toda a separação da época da pandemia, e também a vida sofrida da família com os gastos do protagonista em apostas. Ou seja, foram determinados a mostrar símbolos para conectar tudo e conseguiram.
Enfim, é um filme bem bonito, com um ar bem nostálgico e mágico para os fãs do cinema, e que trabalha bem a história dos protagonistas, de modo que poderia até ter sido melhor desenvolvido alguns atos, mas ainda assim é algo que vai agradar bastante quem for conferir. Então quem mora em São Paulo, vá conferir o longa no SATO Cinema que fica na Rua São Joaquim, 381 na Liberdade, e os demais de outras cidades em breve o longa deve entrar também para o acervo digital da SATO Company então aguardem que vale a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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