Diria que a diretora e roteirista Anna Gutto teve sua estreia em longas-metragens de uma maneira bem direta e cheia de imposição, pois soube segurar sua trama com algo bem em pauta que é o tráfico de garotas, e juntar a isso toda a dinâmica na mudança de hábitos da vida comum de uma caminhoneira, de tal forma que não chega a ser explosiva em nenhum momento, mas também não deixou que seu filme ficasse cansativo, sendo algo bem representado e com personalidade. Ou seja, talvez a história nas mãos de um diretor de ação mais imponente fizesse o longa ser daqueles que você nem respiraria direito com perseguições e nuances de ameaça bem mais fortes, enquanto nas mãos de um dramaturgo tenso faria o longa com cenas fortes e cheias de reviravoltas, mas ela quis ser algo mais pé no chão e conseguiu com que seu filme ficasse com seu estilo, mostrando algo que causasse pela história em si e não tanto pelos atos, e conseguiu principalmente pelo bom elenco, então veremos o que fará mais para frente, pois começou bem.
Sobre as atuações, confesso que fiquei bem surpreso com a entrega de Juliette Binoche para que sua Sally fosse perfeita, tanto que foi para os EUA passar um ano para aprender a dirigir realmente um caminhão, e sem recair em maquiagens que dessem um tom sereno para seu rosto como costumeiramente ocorre em outros filmes seus, ficou mais crua e direta para o papel, fazendo trejeitos fortes e se jogando por completo para que tudo fosse bem marcante, ou seja, está irreconhecível e muito bem dentro da trama, chamando muita atenção do começo ao fim. Hala Finley também deu boas nuances expressivas para sua Leila, trabalhando olhares e gestuais de impacto e chamando muita atenção para si em vários atos, ou seja, mostrou serviço em cena. Morgan Freeman fez seu tradicional papel de investigador, aqui como um experiente coach que após estar aposentado ajuda o jovem policial que acabou de sair da burocracia interna para as ruas, e fazendo claro seus trejeitos calmos e bem colocados consegue agradar como sempre com seu Gerick. Falando um pouco do parceiro de Freeman, diria que Cameron Monaghan foi um pouco afobado demais com seu Sterling, de maneira que parecia sempre estar correndo, mesmo estando parado, mas que fluiu bem para o que o personagem precisava mostrar. E para finalizar ainda tivemos alguns atos mais intensos no final com Frank Grillo como o irmão da protagonista, Dennis, mas que poderiam ter aproveitado mais ele, já que sabemos que o ator é muito bom.
Visualmente a trama se passa quase que inteira dentro da boleia do caminhão da protagonista, tendo também vários atos em paradas de caminhões em postos de combustíveis, além claro de mostrar muito do ambiente das casas aonde muitas crianças ficam presas até serem vendidas pelo tráfico, algumas delegacias, e claro toda a dinâmica nos ambientes citados, aonde cada detalhe de cartas e objetos fazem todo o significado da trama, até chegarmos na antiga casa da protagonista, aonde vemos um pouco do que ela e o irmão sofreram nas mãos do pai. Ou seja, a equipe de arte foi bem direta e trabalhou com muitos caminhões e com isso abusou desse ambiente mais rústico e bem colocado.
Enfim, é um filme que dava para ir mais além, mas que prende bem dentro do tempo de tela e agrada com uma trama bem representativa dos muitos que vivenciam crimes de tráfico humano e tentam ajudar as vítimas, valendo tanto a conferida por ser algo bem feito como para conhecer um pouco mais sobre esse mundo, ou seja, vale o play com certeza. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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