Diria que a diretora e roteirista Sarah Polley foi bem enfática aonde desejava chegar com a trama do livro de Mirian Toews, que foi inspirado em tramas reais que aconteceram na Bolívia, mas que no filme a diretora preferiu não situar a localização, e fez bem isso, pois a trama acabou sendo mais abrangente, e claro crítica em relação aos cultos e modos de vida de algumas pessoas, e dessa forma embora muitos critiquem a trama como um feminismo exagerado, o filme pauta bem toda a situação que muitas mulheres vivenciam em suas vidas de abusos, de homens decidindo o que elas devem fazer, algumas não ligam e perdoam tudo continuando a viver com os mesmos abusadores, outras preferem te paz e sair de perto, e outras mais revoltadas querem lutar, mas não sabem como, e dessa maneira toda a didática da produção entrega ares pesados, com uma fotografia quase em preto e branco, mostrando que a maioria ali já perdeu suas cores, e dessa forma o texto junto com o desenvolvimento funcionam bem demais.
Quanto das atuações, temos atos marcantes de praticamente todas, mas ao mesmo tempo não temos grandes destaques expressivos, pois o filme é quase uma peça aonde todas as protagonistas só falam no mesmo ambiente e se desenvolvem ali, aliás tenho quase certeza que o longa irá fazer com que o texto vire peça facilmente, valendo claro chamar a atenção para Rooney Mara com sua Ona bem eloquente e certa das escolhas, com um ar mais emocional bem colocado; tivemos Jessie Bucley e Claire Foy mais explosiva com suas Mariche e Salome; as mais velhas foram bem centradas e diretas em suas opiniões, tendo Judith Ivey e Sheila McCarthy mais serenas com suas Agata e Greta, enquanto Frances McDormand foi mais dura e direta no tradicionalismo de sua Janz; e até mesmo as garotas mais jovens conseguiram ter bons atos com destaque para Emily Mitchell com sua Miep graciosa e bem colocada em cena. E claro sobrou para o único homem em cena passar toda a emoção de um professor bem colocado, aonde Ben Wishae soube conduzir toda a reunião com muito envolvimento e segurança de seu August.
Visualmente como já disse o filme pode virar facilmente uma peça e ser exibido em todos os teatros mundo afora, afinal como cenografia basta apenas montar um celeiro para as votações e discussões, e ali ambientar as mulheres distribuídas conversando e argumentando, com figurinos mais recatados claro para manter o tradicionalismo, e fora dali vemos as crianças brincando nas plantações e claro o ato final com muitas carroças, mas só, e isso foi o que chamo de ato cru, aonde ou o texto funciona bem, ou o longa vira um desastre, o que felizmente não aconteceu.
Enfim, é um filme bem seco que serve para muitas discussões, e acredito que muitos também vão odiar, pois mexe com toda a ideia tradicionalista que gira o mundo atual, e que muitos não aceitam mudar, além de ser uma trama um pouco lenta de atitudes, o que alguns não curtem, mas digo que é algo bem válido de se conferir, e claro pensar nas ideias que coloquei no primeiro parágrafo, pois vale a discussão, e consequentemente a conferida do longa. E minha única reclamação mesmo é que dava para fazer ele menos teatral com mais aberturas cênicas, e com um final mais desenvolvido com o que ocorre depois do ato mostrado na tela, mas isso é uma opinião minha apenas. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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