Diria que o diretor e roteirista Régis Roinsard foi bem coeso no que desejava passar em sua trama, pois a estrutura é clara e objetiva, dando as nuances certas de uma trama de acusações aonde o mistério em si é o que menos importa, e ao mesmo tempo que isso é algo inteligente de se mostrar, acaba sendo um erro também, pois o filme pedia algo mais fechado durante a maior parte do tempo e somente ser desamarrado nos atos bem finais, que até temos uma boa sacada no fechamento (até imaginei que iria ocorrer isso em determinado momento, mas não tão explícito), mas que não foi suficiente para causar um algo a mais. Ou seja, a história em si é boa, as dinâmicas criadas também foram intensas, mas faltou ousar um pouco mais no miolo, e claro uma assessoria melhor em cima da edição, que ficou frouxa de estilo e quebrada demais, de forma que acaba não prendendo o espectador, e isso pesou um pouco.
Quanto das atuações, diria que temos um elenco mundial de primeira classe, com bons atores de vários países, tendo claro o destaque para o protagonista vivido por Lambert Wilson, com um Eric Angstrom inicialmente bem sociável, mas que vai perdendo completamente seu eixo e surtando conforme tudo vai ocorrendo. Tivemos Olga Kurylenko com uma Katerina Anisinova bem marcante e cheia de ares e nuances em seus trejeitos, sendo intensa e direta na maioria de suas cenas. Alex Lawther fez um Alex Goodman bem sintético e meio que largado de atitudes, mas que se desenvolveu bastante durante a produção, conseguindo chamar muita atenção em seus atos finais. Sara Girardeau trabalhou sua Rose-Marie com intenções bem diretas e envolventes, sendo sutil nos devidos atos para marcar presença mesmo não estando entre os principais. Riccardo Scamarcio fez um Dario totalmente no seu estilo que mais gosta, como um escritor chamativo, pomposo e com momentos bem diretos e intensos. Além de Frédéric Chau, Anna Maria Sturm, Eduardo Noriega e até a portuguesa Maria Leite bem dimensionados nos principais atos, de modo que dava até para brincar mais com cada um, mas sem irem muito além, valendo ainda dar um leve destaque para as duas ou três cenas de Patrick Bauchau com seu Georges, que ao final era o que realmente importava na desenvoltura toda.
Visualmente a trama foi bem marcante, mostrando um bunker que como é dito daria para morar completamente ali até o final dos dias, com esteiras para caminhadas e corridas, piscina, restaurante, biblioteca, boliche, quartos bem completos, só não tendo tecnologia para verem internet, mas recebendo as notícias diárias pelos empregados, ou seja, os escritores mesmo que presos durante um bom tempo ali teriam uma boa vida, mas vemos também atos numa delegacia contando depoimentos e em uma livraria aonde ocorreram alguns atos externos, além de uma desenvoltura bem acelerada mostrando como o livro caiu nas mãos da pessoa que ameaçou divulgar online, ou seja, a equipe de arte brincou bastante e foi bem criativa para montar todos os ambientes com muita cenografia e representatividade, colocando bandeirinhas para mostrar os países e tudo mais.
Enfim, é um filme que até tinha um potencial maior para entregar, mas que falhou um pouco demais na montagem, não conseguindo ir além, mas que ainda assim é interessante de estrutura e tem uma história bem trabalhada pelos atores, então acaba valendo o play e a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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