A diretora e roteirista Anika Decker ficou bem em pauta nesse ano por seu nome estar entre os roteiristas de "O Amor Mandou Mensagem", tendo sido a roteirista do original alemão de 2016, "Text for You/SMS für Dich", que foi refilmado e com grandes atores e acabou sendo bem chamativo, e aqui em seu terceiro trabalho como diretora trabalhou até que bem toda a essência que desejava mostrar, e facilmente conseguiria ir muito além se tivesse focado em um dos temas apenas, pois o passado problemático do protagonista era interessante de ser desenvolvido (sendo fechado como algo tão bobinho que chega a dar pena do protagonista pensando que era odiado), o lado feminista da protagonista com todos seus amigos em um teatro LGBT+ daria para ser palco para muitas histórias intensas pensadas pelas mentes que habitavam ali, e até mesmo a decadência de um astro por não estar no seu melhor momento e cair nas armações de uma fofoqueira midiática ruim daria para entregar bons atos, mas tudo junto pesou a mão e acabou ficando estranho de ver na tela. Não sendo algo ruim, mas mostrando que a diretora se perdeu por onde desejava ir, e acabou entregando o bolo no final com um recheio apenas de glacê, ou seja, sem sabor nenhum, que ainda dá para comer, mas que não dá aquela sensação boa no final.
Sobre as atuações, diria que Elyas M'Barek soube trabalhar bem seu Marvin, dando nuances bem interessantes de galã, e também uma certa insegurança de personalidade para o personagem, de tal forma que nos envolve e trabalha com estilo para marcar presença em todas as situações, porém exagerou um pouco nos trejeitos, o que acaba incomodando em alguns atos. Já Lucie Heinze acabou fazendo sua Frieda de uma maneira imponente num primeiro olhar, mas que se verteu rapidamente para o estilo tradicional de mocinha apaixonada e revoltada nos atos seguintes, não mantendo tanto o estilo original, e isso diria que seja um defeito de roteiro e não da atriz, mas não dá para relevar da mesma forma. Peri Baumeister entregou uma empresária/amiga bem interessante com sua Sammy, de forma que trabalhou bem sua presença cênica em quase todos os atos, agradando bastante com olhares e entregas de personalidade. Alexandra Maria Lara fez a jornalista/fofoqueira num nível tão direto que chega a passar medo até nas que conhecemos por aqui com sua Bettina, não forçando a barra, e mantendo a pose do começo ao fim. Tivemos ainda muitos outros nas cenas do teatro, cada um tentando se impor e entregar sacadas feministas bem empoderadas, mas não funcionando como um stand up deve rolar, pois poucas mensagens soaram engraçadas realmente, e isso volto a dizer que é culpa do roteiro, então nem vou destacar ninguém mais.
Visualmente a trama mostrou um apartamento bem luxuoso do protagonista, uma première bem montada aonde ele não vai, mostrou um teatro decadente de stand up, uma apresentação meio que bizarra de pessoas vestidas de absorventes dançando ao redor da protagonista, tudo meio alucinógeno mesmo, tivemos alguns atos em boates, uma propaganda de suco bem maluca, e alguns atos no apartamento da protagonista bem bagunçado, mostrando que a equipe de arte precisou ser bem criativa e conseguiu retratar as ideias da diretora.
O longa tem uma trilha sonora agitada bem interessante que ditou o ritmo da trama e não deixou o filme ficar cansativo de ver, e isso é uma qualidade que merece muito ser dita, então deixo aqui o link com as canções do filme para todos ouvirem depois.
Enfim, é um filme que dava para ter ido muito mais além, mas que entrega algo interessante dentro da proposta, e se a diretora não tivesse se perdido no meio de tantos temas era capaz de ser daqueles filmes memoráveis e diferentes do usual, mas não ocorreu, então fica a dica para a conferida com ressalvas nos cinemas a partir do dia 17/08. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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