Diria que o diretor e roteirista Leo Bello teve um bom início no meio dos longa-metragens, embora seu filme enrole um pouquinho para poder ser considerado assim e não um média, mas soube ser direto nos envolvimentos e representatividades que quis entregar, dimensionou bem sua trama, e teve um estilo que não chega a cansar, algo raro para filmes introspectivos, de tal forma que sua história convence e se desenvolve bem, claro que desde que você se projete nesse meio e sinta as sensações passadas, e isso é o grande risco da trama, pois quem não entrar na ideia do diretor irá achar apenas um filme de uma maluca que vive pelada pensando no espaço, o que não é bem assim, pois vemos todo o tipo de terapia que ela passa e as conexões entre sua vida no espaço e seus pensamentos atrás do pai, e junto disso toda a sua conexão com o filho e o marido, passando pela mãe no meio de tudo. Ou seja, é um trabalho sensorial bem marcado que tem estilo, que talvez com um pouco menos de abstração ficasse muito melhor, mas que não se perde ao menos no miolo.
Sobre as atuações, embora tenhamos atos bem colocados de Wellington Abreu com seu Téo e do garotinho Gabriel Sabino com seu Noé, o longa é inteiro de Gabrielle Lopes com sua Nina, trazendo olhares de todos os estilos possíveis, passando envolvimento corporal e de espaço, sabendo criar toda a personalidade em cima de cada ato complexo, desde seu surto, passando pela época doente até os atos mais sãos, e com isso ela vai criando seus momentos com uma estrutura tão sólida que ficamos bem conectados a ela, e isso faz funcionar o filme, pois facilmente dava para ser daquelas tramas divagantes cansativas que nem lembraríamos dela amanhã, mas a artista soube ir além. Também tivemos alguns bons momentos de Isabela Ferrari como a protagonista jovem e de Luciana Domschke como a mãe dela, mas como a base é da protagonista quase nem ligamos para o restante.
Quanto do visual da trama, oscilamos entre cenas num hospital psiquiátrico bem tradicional com os demais pacientes fazendo seus atos comuns, com um lugar paradisíaco numa cachoeira, aonde a protagonista vai diversas vezes, algumas com uma estrela brilhante, outras apenas com pedras e nadando, também contamos com alguns atos estranhos comendo minhocas e a representação disso num prato de macarrão (e olha que nem era espaguete!), tivemos alguns atos em um observatório com um telescópio imenso e também outros apenas com um telescópio simples no meio do mato, mas sem dúvida o que mais foi estranho foi a casa de cogumelos que a protagonista vivia com o marido, pois não consegui enxergar aonde quiseram ir com isso, se era dos tratamentos alternativos do marido ou apenas um lugar comum, mas ficou bacana visualmente.
Enfim, é um filme que dava para florear um pouco menos para não ser tão abstrato, mas que funciona bem dentro da proposta e acaba agradando quem gosta do estilo, principalmente o público de festivais, mas comercialmente não sei se muitos irão embarcar na ideia, então veremos como vai se sair a partir do dia 10/08 quando entra em algumas salas de cinema no país. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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