Diria que o diretor Christian Duguay usou bem a cartilha de como usar animais e famílias em filmes emocionais para que a história do livro de Christophe Donner fosse bem trabalhada, pois já começa bem marcante ao mostrar o parto do potrinho e da garota no estábulo ao mesmo tempo, e vai desenvolvendo toda a paixão da garota por animais, entra com a ideologia da culpa dos pais de não terem levado a garota para uma corrida, tem toda a dramaticidade do adestrador que tem problemas mentais, mas um dom com os cavalos, os conflitos pós-acidente junto de uma depressão, e a volta bem encaixada com um fechamento ainda mais bem colocado, ou seja, poderia facilmente dizer que aqui eu li todos os títulos dos capítulos do livro que na tela tiveram alguns desenvolvimentos maiores, mas que como falei no começo, eu no lugar do diretor colocaria a glória mais próxima ao miolo para poder desenvolver ainda mais a história, mas aí sairia da cartilha, então diria que o resultado mesmo sabendo tudo o que vai acontecer parte por parte vale a pena.
Sobre as atuações, gosto bastante do estilo de Pio Marmaï, pois ele costuma sempre pegar seus personagens e entregar atos marcantes e fortes, e geralmente colocando sempre um ar meio cômico, porém aqui seu Philippe ficou muito preso à um personagem que não tem muita evolução, e com isso acaba fluindo tanto como o pai da garota. Conseguiram deixar Mélanie Laurent velha demais com sua Marie, de modo que a atriz que está com apenas 40 anos aparentou muito mais nas cenas como a mãe e também não foi muito além. Agora falando da garota, tivemos três atrizes entregando Zoe, com todo o destaque para Charlie Paulete que faz a jovem no momento do acidente e durante os próximos anos desanimada com a vida, trabalhando olhares e dinâmicas de um modo tenso e mesmo parecendo não querer o destaque para si, acaba indo bem no que faz, já nos atos finais a personagem ficou a cargo de Carmen Kassovitz, e a jovem ainda manteve boas cenas com densidade, e claro os atos mais imponentes finais foram bem marcados com seus olhares. Kacey Mottet Klein entregou um Seb com um coração fora dos padrões, emocionando com atos simples e bem colocados, tendo dinâmicas tão bem preparadas que chegamos até a pensar que ele tivesse a deficiência mental, mas não, o ator que incorporou tão bem o personagem que deu show na tela. Quanto aos demais tivemos alguns atos bem colocados de Danny Huston com seu Cooper, Hugo Becker bem colocado como o terapeuta Pierre, e até mesmo Paul Bartel fez algumas boas cenas impositivas com seu Barillot, mas sem grandes chamadas de emoções como o filme pedia.
Visualmente a trama mostra bem a coudelaria da família (aliás ainda não entendi muito bem a diferença de uma coudelaria para um haras, quem souber e quiser compartilhar nos comentários, fique à vontade) na beira de uma bela praia aonde o protagonista faz alguns de seus treinos, vemos a cabana que os empregados fazem para a garotinha ficar mais próxima dos animais, tivemos boas cenas de corrida de cavalos com sulkys (espécie de charrete pequena), sendo algo novo pra mim, pois achava que só tinha corrida de cavalos com jóqueis montados, e claro toda a força de uma tempestade que causa alguns problemas para os personagens, isso sem contar nos belíssimos cavalos que participaram da produção, ou seja, a equipe de arte sofreu um bocado, pois trabalhar com animais é sempre muito complicado.
Enfim, é um filme simples, bem feito, que entrega daqueles passatempos gostosos de curtir e relaxar sem se preocupar com praticamente nada, e que como falei, mesmo sabendo como tudo vai se desenrolar acaba funcionando de uma forma bem trabalhada, e assim valendo a recomendação de play na plataforma do Telecine (seja ela dentro da Globoplay ou da Amazon Prime). E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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