Antes de mais nada, vou falar a base para todo fã de qualquer livro, as obras cinematográficas são "baseadas" nas histórias, ou seja, os diretores e roteiristas compram o direito de livre adaptação, não é algo para se fazer 100% igual aos livros, primeiro pela dificuldade de conseguir reproduzir tudo e segundo que algumas coisas não fazem muito sentido quando transportadas para a telona. Dito isso, Kenneth Branagh praticamente escolheu Agatha Christie para desenvolver ao máximo suas obras, e com um roteiro bem trabalhado de Michael Green conseguiu dar nuances trabalhadas de uma forma crível e intensa, não deixando que o filme ficasse totalmente voltado para o terror, mas que desse alguns bons sustos, mas também que tivesse um desenvolvimento clássico das tramas investigativas, sabendo exatamente aonde pegar o público e agradar. Ou seja, escolheu uma das obras que nem é tão conhecida da autora, mas que com seu estilo funcionou demais.
Sobre as atuações, volto a dizer que a mudança de Kenneth Branagh de um Hercule Poirot exagerando em piadas e ares cômicos, que fez nos primeiros filmes, para algo mais sério e determinado acabou ficando muito bom de ver na tela, de forma que agora sim ele nos convence como um investigador bem marcante, com uma pegada mais direta e determinada, e até tendo um ou outro momento descontraído, mas sabendo colocar sua personalidade no limite do começo ao fim, agradando demais. Tina Fey caiu bem na personalidade da escritora Ariadne Oliver, meio que sendo uma personificação de Agatha dentro de suas histórias, e a atriz conseguiu ajudar bem na investigação, meio que preparando seu livro sobre o mistério, fazendo bons trejeitos e sendo marcante no que precisava fazer. Gosto bastante de ver Riccardo Scamarcio atuar, e aqui poderiam ter trabalhado um pouco mais a personalidade de seu Vitale, pois o "segurança" do investigador teve momentos bem colocados e criou alguns bons atos, mas não foi muito além do que poderia fazer. Ainda tivemos Jamie Dornan mostrando que cada vez mais está melhor nos papeis que lhe entregam, fazendo apagar todo aquele começo trágico de expressividades nulas, e aqui seu Dr. Leslie tem cenas bem intensas e interessantes de se ver, e o ator conseguiu ser marcante no papel. E falando em Dr. Leslie, o garotinho Jude Hill que elogiamos tanto em sua estreia com "Belfast", também dirigido por Branagh, mostrou um crescimento gigantesco de personalidade para seu Leopold, filho do médico, com diálogos contundentes e olhares bem precisos conseguiu chamar tanta atenção para si que por alguns momentos cheguei até a apostar que ele era o assassino, mesmo sendo bem improvável, ou seja, tem muito futuro se seguir esse estilo. Ainda tivemos atos bem trabalhados da anfitriã Rowena bem trabalhada por Kelly Reilly, todo um ar bem misterioso e marcante da médium Mrs. Reynolds vivida pela sempre incrível Michelle Yeoh, Kyle Allen bem colocado com seu Maxine, mas sem dúvida quem consegue chamar muita atenção é Camille Cottin como a empregada Olga que sempre está envolvida em tudo e consegue ter boas dinâmicas na trama.
Visualmente o longa é bem trabalhado dentro de um palacete cheio de ambientes, com muitos detalhes envolvendo claro toda a perspectiva de um bom caso de mistério numa noite de Halloween, ou seja, tendo brincadeiras com fantasmas, porões, um terraço completamente destruído e abandonado, uma sessão de conversa com espíritos cheia de apetrechos para dar um realismo maior, espelhos, imagens soltas e tudo mais que funcionou com tons puxados para o marrom e claro o preto para escurecer tudo e dar boas pegadas de susto, além de viradas de câmera rápidas com aparições bem preparadas para funcionar, ou seja, um trabalho minucioso da equipe de arte que filmado com as câmeras gigantes ainda deram mais perspectivas de imersão para o filme, colocando o público quase que junto na investigação.
Enfim, é um filme bem cheio de nuances, com um estilo que quem gosta de um bom mistério para ficar apostando as fichas em quem é o assassino vai brincar bastante com todas as intensidades da trama, diria que só não é perfeito por ser meio que fácil demais acertar o assassino, mas não a motivação e tudo o que rolou, então acaba valendo demais a indicação de conferida como algo até maior do que um bom passatempo, e agora vamos apostar qual será o próximo livro de Agatha Christie que Branagh vai adaptar para as telonas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, voltando a atividade após um breve período de férias, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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