Diria que o diretor e roteirista Zach Braff foi bem direto na desenvoltura que desejava trabalhar, afinal a guerra contra o vício é algo muito difícil de mostrar na tela, e já tivemos tantos bons exemplos quanto péssimos exemplares de tramas assim, e quando se junta as dinâmicas do luto e de uma separação problemática tudo pode piorar, ou seja, ele teve nas mãos algo que facilmente poderia dar muito errado, e seu texto permitiu que tivesse leves sacadas para não pesar tanto. Ou seja, o que vemos na tela pelas mãos do diretor é algo bem emotivo, difícil de lidar, mas que conseguiram permear a situação toda de uma maneira muito gostosa de ver, aonde vemos gatilhos de quebra, vemos erros que muitas vezes alguns amigos cometem achando que estão fazendo o bem, e claro as melhores formas de se resolver esses problemas, e assim sendo o resultado mostrou tanto técnica quanto estilo por parte do diretor, mas principalmente seu ganho foi colocar os bons atores para se desenvolverem bem, e isso deu um tom a mais para a trama.
Quanto das atuações, diria que esse estilo de personagem que Florence Pugh fez é o mais certo para sua carreira, pois coloca ela como uma mulher jovem e bem colocada com sua Allison, não uma mulher mais velha como costumeiramente seu agente tem escolhido para interpretar, de tal forma que aqui ela entregou personalidade para o papel, conseguiu criar trejeitos e desenvolturas emocionais bem marcantes, e ainda passar a conexão e o carisma com tudo o que faz, sendo dura consigo mesmo, desesperada na falta de seu vício, e claro sofrendo ao máximo nos atos que causaram gatilhos, sendo sem dúvida alguma perfeita no papel. Outro que não temos nem palavras para falar, pois dificilmente erra, é Morgan Freeman, e aqui foi escolhido com perfeição para o papel de Daniel, já que entrega atos fortes de estilo, mas também direcionados com precisão para cativar, de tal forma que nos atos mais duros ficamos até com receio de sua explosão, ao mesmo tempo que nos doces acaba emocionando e sabendo conduzir sua dimensão para algo até maior. Celeste O'Connor também entregou atos bem trabalhados com sua Ryan, conseguindo ser bem colocada, e claro entregar tanto uma raiva num primeiro momento, mas depois tentar se conectar com a protagonista, e usou bons trejeitos em suas intenções, mesmo que absurdas, mas dentro do contexto da trama. Ainda tivemos bons momentos de Chinaza Uche com seu Nathan cheio de dinâmicas, Zoe Lister-Jones com uma Simone bem paciente e marcante como conciliadora do grupo de apoio, mas sem dúvida dentre os secundários quem trabalhou mais envolvimento foi Molly Shannon com sua Diane, mostrando atitudes tradicionais de mães, e chamando para si alguns momentos marcantes da trama.
Visualmente a trama é interessante por mostrar uma cidade pequena e seus costumes, como bares aonde a maioria vai, festas em outras cidades maiores próximas, o ato de colecionar e montar ferrovias do protagonista bem conectado com a simbologia em vários atos, principalmente no final, as dinâmicas da jovem com medo de dirigir andando de bicicleta, o desespero pela droga num quarto e uma casa completamente bagunçados assim como a vida da protagonista, o estilo do protagonista escondendo seus vícios e medos, e claro um acidente bem moldado e reproduzido, ou seja, a equipe de arte usou alguns bons símbolos representativos, conseguindo chamar a atenção com bem pouco, e sendo funcional na desenvoltura de recuperação na clínica e a volta musical.
E falando em musical, o longa tem uma boa trilha sonora tanto de cantores bem trabalhados com suas canções, quanto com a protagonista botando a voz para jogo e tendo sua música no álbum do filme, de modo que faz tudo acaba sendo envolvente e vale a conferida no link que deixo aqui.
Enfim, é um filme bem interessante, leve e direto na mesma proporção, que consegue envolver bem o público, e talvez até apareça em alguma das premiações, pois tem estilo e boas atuações, então vale com certeza a conferida na Amazon (que vem acertando muito mais que todas as demais plataformas de streaming!) e a indicação para todos, já que vale a reflexão de como não atrapalhar alguém que está tentando parar um vício jogando um gatilho imenso em cima da pessoa. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.
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