Diria que o diretor Karim Aïnouz foi tão preciso na forma de conduzir o seu diário de viagem, que mesmo que não pensasse em fazer disso um documentário futuro conseguiu transpassar tudo com nuances bem encaixadas, fotos, barulhos e principalmente pessoas para conversar, para observar e transparecer para o público os seus próprios sentimentos, de uma maneira ampla e bem marcada, aonde tudo faz muito sentido tanto para ele de conhecer seus antepassados e suas origens, que faz a trama ter sensibilidade e interação, algo que é muito raro em documentários desse estilo, e como ele mesmo diz em determinado momento que conversa com sua prima distante Inês, ao conhecer a lenda da origem da Cabília consegue ver mais sobre o mundo e sobre sua conexão como um todo, ou seja, o filme não passa a ser algo só seu, mas sim algo gostoso de acompanhar, de querermos saber tudo sobre um povo e até mesmo dele, e isso acaba fluindo tão bem que por vezes nem pensamos mais como um documentário autoral, mas sim uma ficção diferente bem ao estilo que o diretor costuma fazer, aonde um determinado homem argelino-brasileiro conta sobre o seu passado, e isso acaba sendo muito mais amplo do que tudo, funcionando demais.
Quanto da trama em si, diria que praticamente viajamos junto do diretor/personagem do longa, conhecendo uma Argélia mista, aonde muitos não tem trabalho, vemos ambientes felizes pela liberdade em si, mas também sem muita vida já que após a independência muitos não conseguem entrar em alguns países para tentar algo melhor, vemos cidades aonde praticamente o mundo parou com casas bem simples e rústicas, mas também vemos um monumento gigantesco e moderno aonde muitos vão para refletir e tirar fotos, mas o que mais chama atenção no longa são as cores calmas e bem propícias para sentir os pensamentos do protagonista, e mais do que isso, o viajar de navio aonde ele propriamente adere o fator tecnológico de um voo rápido para ir num fluxo mais fechado de como seu pai saiu do país para ir estudar na América e lá encontrou sua mãe. Claro que a trama trabalha com fotos, com filmagens antigas e muito material para colar as pontas de sua reflexão, mas a grande sacada de tudo foi juntar sem pesar e emocionar sem ser algo próprio do espectador, sendo mais amplo do que introspectivo, mesmo fazendo uma grande introspecção tradicional.
Enfim, é um longa que diria que até quem não tem o costume de ver documentários irá entrar bastante no clima proposto pelo diretor, e até diria algo a mais, que muitos talvez até sintam uma vontade interior de buscar suas origens após conferir a trama, bastando ter um norte talvez e um pouco de dinheiro, e quem sabe uma câmera para documentar tudo para posteridade, então fica a dica para o projeto, e claro para conferir o longa nos cinemas proximamente. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto logo mais com outras dicas, então abraços e até breve.
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