terça-feira, 31 de outubro de 2023

Nefarious

Achei que já tinha visto todos os estilos e subgêneros do terror, mas com certeza ainda não tinha pensado em uma vertente do estilo para o público mais religioso, pois sempre a maioria dos filmes do estilo eram queimados, falando que eram exagerados e forçados, que estaríamos liberando o mal vendo aquilo e tudo mais, isso até hoje, pois eis que chega na próxima quinta-feira nos cinemas o longa "Nefarious", que trabalha o vértice com uma pegada mais própria dentro do estilo, sem termos pessoas levitando, vomitando ou qualquer coisa cheia de efeitos na tela, mas sim um diálogo (ou seria uma múltipla conversa?) entre um presidiário prestes a ser eletrocutado que afirma ser um demônio apenas incorporado em uma pessoa má e um psiquiatra ateu que precisa atestar que o preso não está maluco e é responsável pelos atos que cometeu, merecendo ser tostado na cadeira. Ou seja, vemos algo quase teatral, já que nem precisaria de mais ambientes na tela, e facilmente daria para o filme virar uma peça, aonde o que valeria mesmo são as expressões dos protagonistas, e claro o texto imponente que trabalha bem as intenções do mal contra o bem como o pôster já coloca em desta. Diria que o pessoal mais religioso vai sair da sessão querendo jogar água benta nas poltronas e rezando até chegar no carro no estacionamento, mas quem for conferir a trama esperando um terror mais propriamente dito vai acabar um pouco decepcionado com tudo o que é entregue na tela, não sendo algo ruim, mas que dava para pegar mais pesado para ao menos arrepiar quem está acostumado com o gênero.

A sinopse nos conta que no dia de sua execução, o assassino em série Edward Brady tem um último e decisivo compromisso: uma consulta final com um psiquiatra, atestando que ele de fato cometeu seus crimes sabendo o que fazia e, assim, não pode ter sua sanidade questionada. Porém, depois do suicídio de seu antigo médico, Edward deverá ser avaliado pelo Dr. James Martin, outro psiquiatra. Com o destino – e a vida – do assassino em suas mãos, Martin não tem ideia do que terá que enfrentar. Quando Brady diz ao médico que é, na verdade, um demônio, uma batalha pela verdade tem início, envolvendo fé, crenças e o futuro da humanidade.

Diria que os diretores e roteiristas Chuck Konzelman e Cary Solomon foram bem coerentes na formatação desenvolvida do livro de Steve Deace, pois não quiseram inventar a roda com o que tinham em mãos, fazendo uma trama quase que sem dinâmicas, basicamente tendo apenas uma mesa e dois homens discutindo, ao ponto que temos um ou outro ato fora dali, ou com outros personagens, que servem para elucidar algumas conversas, mas que facilmente daria para suprimi-los. E isso não é ruim, pois mostra principalmente técnica e desenvoltura para fossem bem objetivos, e principalmente acertassem bem no público-alvo, afinal volto ao que falei no começo, que não é um filme para os fãs de longas de terror, pois para esses a trama será bem básica, mas como colocam como objeto de terror situações e traumas religiosos polêmicos como eutanásia, aborto e claro a pena de morte, o resultado da discussão entre aceitar e julgar tais casos com envolvimento entre dinâmicas religiosas acaba indo mais além, e claro, funcionando para esse público específico. Ou seja, é uma nova vertente que pode dar muito certo, afinal os diretores já fizeram grandes filmes religiosos de dramas, romances e até julgamentos, então agora atacar o gênero de terror pode dar certo também.

Quanto das atuações, diria que os protagonistas souberam segurar completamente a trama em seus trejeitos, convencendo bem o público com as nuances que entregam, de tal forma que como já disse parecer uma peça teatral, ambos deram seus shows e não desapontaram em momento algum. Sean Patrick Flanery entregou um Edward/Nefarious bem interessante, mudando completamente de personalidade e trejeitos conforme conversava com seu parceiro de cena, trabalhando tom de voz e desenvolturas bem fechadas com olhares e dinâmicas, que não podendo sair do lugar chamou ainda mais atenção para tudo o que conseguia somente ali, e foi muito bem. Do outro lado da mesa, podendo se levantar, sair e refletir com tudo o que estava acontecendo, Jordan Belfi conseguiu dimensionar trejeitos inicialmente céticos com seu James, mas que vai mudando bastante conforme tudo vai acontecendo, de modo que entrega bem suas intensidades e agrada bastante, só diria que falhou um pouco na entrevista final, que dava para criar algo a mais ali, mas foi bem no que fez de modo geral. Ainda tivemos alguns atos espalhados com outros atores, mas que não puxaram nada para si, valendo dar um leve destaque para Tom Ohmer como chefe da penitenciária, mas sem grandes atos marcantes.

Com o estilo teatral, basicamente ficaram mostrando o presídio por fora apenas para criar uma ambientação da tempestade que está por vir e toda a revoada de pássaros rondando o local, além de uma multidão na frente na hora que o psiquiatra entra por lá, pois a base toda é bem resolvida em apenas uma cela com uma mesa, algemas e o figurino tradicional de presidiário, pois tudo rola ali perfeitamente, mas claro que o ato depois aonde acham as coisas na cela do presidiário o resultado dá uma boa trabalhada, com tudo o que é mostrado. Além disso tivemos ao final uma entrevista tradicional dessas de apresentador e entrevistado, com tudo bem simples e funcional, ou seja, a equipe de arte tentou mostrar um pouco mais de trabalho, mas não era necessário, e assim o simples já era suficiente.

Enfim, é um filme interessante de proposta que basicamente recomendo para todos os amigos religiosos que gostem de terror, pois o filme foi feito completamente voltado para eles, e com toda certeza irão gostar bastante de tudo, sairão tensos e tudo mais, e assim sendo daria uma nota 8 ou 9 nesse tipo de análise, porém para os amigos que gostam de terror mesmo, daqueles que você se arrepia com tudo, o resultado não vai alcançar um nível satisfatório, sendo interessante, mas que dava para pegar um pouco mais, e assim sendo colocaria com um 6, então vamos seguir na média, pois é um bom filme e vale a conferida, então indico ver nos cinemas à partir do dia 02/11 como algo simples, bem feito que dava para ir tão além com poucas mudanças, mas não ficaria dentro da proposta, então vamos manter assim e está tudo certo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, novamente agradecendo ao pessoal da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Netflix - Máfia da Dor (Pain Hustlers)

É até engraçado pensarmos na indústria farmacêutica como algo malvado que quer o nosso mal, pelo contrário, nos trazem remédios que melhoram nossas dores, doenças e tudo mais, mas o que a maioria não fala é como muitos desses amados trazem grandes malefícios também, alguns viciam pelas composições, e claro que a prescrição deles por alguns médicos sempre tem algo maior por trás além de ser bom ou não, pois muitos tem o mesmo composto, as vezes melhores resultados e até mais baratos, mas ficamos nos perguntando qual seria o motivo do nosso médico não indicar ele? Eis que agora temos até filme para provar isso, afinal a Netflix nos traz "Máfia da Dor", baseado no escândalo da Insys Therapeutics que rolou 2018, e que muitos nem lembram afinal acabou um pouco abafado na mídia em geral, mas que foi algo bem imponente na indústria farmacêutica para mudarem algumas políticas mundo afora. O longa tem uma pegada bem diferente, com um ar misto entre comicidade e drama, mas que com um ritmo intenso traz um bom sentido para tudo, o que faz dele algo diferenciado nesse mundo das biografias de casos reais criminosos na tela, ou seja, alguns vão achar tudo meio estranho, mas dá para se divertir bem ao ver uma mulher simples e todos os demais executivos de uma empresa praticamente falida que explodiram com as vendas de uma droga viciante, teoricamente legalizada como remédio.

O longa nos mostra que após perder o emprego, Liza Drake, uma mãe solo, está em seu limite. Após um encontro casual com o representante de vendas eticamente duvidoso Pete Brenner, ela recebe uma proposta tentadora. Liza decide começar a trabalhar em uma startup farmacêutica, todavia, o que parece ser uma trajetória ascendente economicamente, se mostra um perigoso esquema de extorsão. A mãe solo acaba se envolvendo no esquema criminoso, e precisará lidar com um chefe cada vez mais desequilibrado, o agravamento da condição médica da sua filha e a consciência crescente da devastação que a empresa está causando ao seu redor - o que força Liza a examinar as suas escolhas. Máfia da Dor expõe o que algumas pessoas são capazes de fazer por desespero (e outras por ganância).

O diretor David Yates andava tão conectado com seus quatro "Harry Potter" e seus três "Animais Fantásticos", que nem lembrava que ele já tinha dirigido outros filmes, mas diria que o estilo que ele entregou aqui não tinha visto ainda ele apresentar, pois ele conseguiu dar uma dinâmica tão rápida e cheia de elementos para a trama que Wells Tower fez em cima do livro de Evan Hughes que mesmo o filme tendo um pouco mais de duas horas, tudo voa na tela, sendo algo rápido, centrado e completamente maluco, pois vamos vendo como a jovem é boa com vendas, e mais do que isso, a equipe montada cheia de mulheres de diferentes estilos, encaixando exatamente o jeito que os médicos queriam ver lhe oferecendo produtos e festas, de tal forma que flui bem demais, e claro, nos indigna demais também. Ou seja, vemos uma pegada cômica em cima de algo tão sério, que os atos meio que documentais em preto e branco acabam sendo até quase que ignorados, mas funcionam dentro da pegada, e assim o filme acaba amplo e bem interessante de ver, mostrando um estilo do diretor que não conhecíamos tanto e que chama muita atenção.

Quanto das atuações, diria que Emily Blunt entregou dinâmicas bem encaixadas para sua Liza, foi envolvente e com trejeitos marcados para conquistar os médicos e todos ao seu redor, criando desenvolturas bem trabalhadas que funcionam de uma maneira bem fácil que agrada bastante do começo ao fim, não sendo perfeita, mas chamando muito da responsabilidade da trama para si. Chris Evans está com um visual tão diferente na trama para que seu Pete não lembrasse em nada seus papeis anteriores, que por alguns momentos até fiquei tentando lembrar dele em outros filmes, e ele se joga bem no papel, faz de tudo um pouco e envolve com muita precisão cênica, algo que ele sabe fazer muito bem, ou seja, dá show nos seus atos. Ainda tivemos atos bem malucos de Andy Garcia como Dr. Neel, o dono da farmacêutica, que inicialmente até tinha um senso mais preciso, mas nos atos finais descamba para algo que não tem como acreditar no que faz, e depois vendo o personagem real vemos que foram bem generosos com o cara, pois era um ser bem maluco e estranho, e o ator ao menos deu um certo carisma para ele. Ainda tivemos bons atos de Catherine O'Hara como a mãe da protagonista que acaba indo trabalhar também na empresa e Brian d'Arcy James que fez um dos principais médicos da trama Dr. Lydell bem cheio de nuances para destacar, mas praticamente todos deram bons momentos para que o filme tivesse conexões bem encaixadas para os protagonistas se destacarem mais.

Visualmente o longa passa por muitas clínicas médicas e suas recepções muitas vezes não tão alegres com algumas secretárias mais dispostas a ajudar as consultoras farmacêuticas, vemos a empresa minúscula decadente com um gerente de marketing bem ruim, vemos os primeiros congressos bem simples e depois do estouro vemos festas gigantescas, a entrada para a bolsa, a mudança do escritório para algo gigantesco, e também a jovem que vivia na garagem da irmã, indo para um condominio de quartos simples e depois para uma mansão imensa, vemos algumas contraindicações dos remédios ocorrendo e claro também todo o vício com pessoas quase zumbis atrás da droga, ou seja, a equipe pesquisou bastante e conseguiu mostrar muito na tela.

Enfim, é um filme que tem estilo, que tem história e que ainda entretém bastante, sendo cheio de boas sacadas e desenvolturas, aonde conseguimos entrar bastante no clima da história real, e sem precisar forçar tanto a barra, o resultado acabou mostrando como foi que uma empresa que não vendia nenhum remédio explodiu até entrar na bolsa de valores dominando quase que na totalidade a venda de remédios nos EUA, e claro sua derrocada quando explicitado os trambiques por trás de tudo, além da venda fora do que era legalizado, então fica a dica para todos que gostem de um bom filme do estilo, que até poderia ter ido mais além com parte da investigação policial, mas que agrada bastante da forma que foi entregue. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


domingo, 29 de outubro de 2023

Amazon Prime Video - A Menina Que Matou Os Pais - A Confissão

Costumo dizer que ver biografias ou histórias baseadas em algo que vimos acontecer e sabemos os desdobramentos é algo bem complexo, pois você já fica esperando aonde vai rolar cada momento da trama, mas quando um diretor sabe cadenciar bem e envolver o público o resultado acaba sendo perfeito. Mas antes de falar sobre o longa da Amazon Prime Video, "A Menina Que Matou Os Pais - A Confissão", tenho de entrar nessa sina de reclamões que temos em nosso país, pois se fosse uma história lá de fora, como tivemos em "Ted Bundy" entre vários outros, todo mundo estaria recomendando ao máximo para correr pra ver, outros estariam chamando amigos e tudo mais, enquanto aqui por "conhecerem" o caso Richthofen e ser algo brasileiro, vemos na internet uma tonelada de reclamações, que não deveria ver, não deveriam fazer, e tudo mais, ou seja, mero besteirol do povo que prefere consumir o importado do que o nacional. Dito isso, coloco mais um detalhe que tem saído vários buchichos que não iriam dar dinheiro para assassina dos pais, ledo engano pessoal, nenhum real da produção chegará para Suzanne ou para os irmãos Cravinhos, sendo algo puramente "ficcional" usando material livre da polícia sobre o caso, então parem de frescura e deem o play, pois a trama é bem imponente, e agora falando do filme em si, posso dizer que tudo foi tão bem desenvolvido, mostrando um cinismo de nível máximo por parte dos assassinos, que em determinados momentos até ficamos com um pouco de pena deles, mas isso mostrou bem as duas faces de cada um, mostrou a burrice de Cristian, e mais do que isso, Carla Diaz tá bem enrolada, pois será difícil separar a atriz de sua personagem nas próximas produções, pois ela pegou o papel para si e entregou algo perfeito demais, num filme tenso e marcante que vale a conferida.

No longa, são mostrados os dias repletos de tensão que vieram após a morte de Manfred e Marísia, pais de Suzanne. O filme traz um terceiro ponto de vista à história, apresentando a confissão do casal e cada passo do processo de investigação do crime na tentativa de compreender como, de fato, aconteceram os assassinatos a sangue frio.

Repito o que disse no longa de comédia que o diretor Mauricio Eça dirigiu dois meses atrás que ele é muito melhor em dramas do que comédias, pois sabe pegar uma história e desenvolver ela com tanta imponência e desenvoltura que não conseguimos tirar os olhos da tela, de tal forma que se com os dois primeiros filmes ele conseguiu fazer duas histórias completamente diferentes, usando praticamente as mesmas cenas, aqui ele usou das falhas dos assassinos para mostrar a desenvoltura da polícia em conseguir as confissões, amarrando várias pontas no melhor estilo de drama policial que estamos acostumados a ver, tendo personagens imponentes, uma história bem fechada, e que mesmo que tudo tenha sido tão detalhado nos jornais do país, hoje o público consegue julgar cada dinâmica de cinismo dos protagonistas contando com uma versão bem elaborada e marcante. Ou seja, o diretor deu show com o estilo encontrado para representar tudo, não caindo em artifícios novelescos, nem forçando a barra para que deixasse uma versão mais limpa, mas sim encaixando tudo com detalhes polêmicos e agradando bastante em tudo.

Quanto das atuações, todos foram muito bem em cena, desde os protagonistas principais, passando pelos secundários, e até mesmo alguns personagens bem simples da trama conseguiram encaixar bem seus atos, ao ponto de mostrar mais um acerto da direção em não deixar nada vago na tela, e claro que o destaque máximo ficou novamente para Carla Diaz, pois ela trabalhou tantos trejeitos fortes, criou imposições marcantes e fez com que sua Suzanne fosse tão cínica que convence em alguns momentos até que não tem nada a ver com a morte dos pais, e como disse no começo, vai ser difícil tirar da mente tudo o que ela fez para a personagem e olhar ela em outros papeis sem ver sua Suzanne, mas ela é boa atriz e vai conseguir. Da mesma forma vale dar um grande destaque para Allan Souza Lima com seu Cristian imponente, cheio de insinuações e desenvolturas, dando um show de atuação no momento de sua confissão, sendo explosivo e bem colocado do começo ao fim do filme. Ainda tivemos Bárbara Colen bem preparada e direta nos questionamentos de sua Delegada Heloisa, criando todo o ambiente em sua mente e preparando cada detalhe na amarração para chegar junto de Che Moais como um imponente Carlão, de modo que tudo funciona no melhor estilo policial possível, ou seja, deram show na tela também. Ainda tivemos muitos outros bons personagens, como Augusto Madeira e Debora Duboc como os pais dos Cravinhos, e claro Leonardo Bittencourt com um Daniel meio que traumatizado em cena com tudo o que acaba ocorrendo, valendo bem sua determinação no papel, isso sem falar no garoto Kauan Ceglio que deu boas nuances para seu Andreas, ou seja, um elenco bem preparado para chamar atenção e funcionar.

Visualmente o longa ficou mais dentro da delegacia, tendo todo o agrupamento da imprensa querendo detalhes e tudo mais de todos, vemos as várias salas de interrogatório bem preparadas para montar as devidas dinâmicas, claro tivemos cenas na mansão e na casa dos Cravinhos, com destaque para a festança na piscina que Suzanne deu para os amigos alguns dias depois do enterro, e falando em enterro tivemos uma bela montagem da tradicional cena que saiu em todos os noticiários dela com o namorado e a família na beirada da cova, ou seja, a equipe de arte foi bem fiel em detalhes do processo, e conseguiu montar uma trama policial de primeiro nível, que chama atenção.

Enfim, é um filme que talvez pudessem ter trabalhado um pouco também do julgamento deles para ir direto para a cadeia, mas que talvez ficasse mais alongado que é algo que o pessoal não curte tanto, então o resultado funciona bem como algo trabalhado em cima das investigações e das pressões em cima dos assassinos para que confessassem, e acaba agradando bastante para quem curte esse estilo de filme, então fica a dica para dar o play e se envolver com tudo. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto ainda hoje com mais uma dica, então abraços e até logo mais.


Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim

Diria que quem conhece o jogo "Five Nights at Freddy's" vai conseguir se conectar bem mais com o longa do que quem for conferir esperando apenas um bom terror na telona, pois a trama tem uma essência até que tensa, aonde o protagonista fica repetindo seu pesadelo milhares de vezes para tentar lembrar algo que consiga mudar em sua vida real, e acaba trabalhando numa pizzaria abandonada com um motivo bem explicado no final, aonde uns bonecos animatrônicos esquisitos acabam tentando pegar sua irmã para virar um deles. Porém a dinâmica em si é muito artificial na tela, não sendo algo que assuste ou cause alguma tensão mais imponente para o público que não é tão ligado ao game, mas ao menos tudo teve um pouco mais de história para funcionar como um passatempo, pois desde quando vi o trailer pela primeira vez conectei ele ao longa "Willy's Wonderland - Parque Maldito", aonde tudo mais incomodou do que entreteve, e isso é algo que pesa bastante. Ou seja, se você curte o jogo, talvez irá gostar do que verá na tela, mas do contrário, se você nunca teve qualquer contato com a história, eu diria que você vai ficar um pouco irritado com os atos finais do longa.

A história se passa em um restaurante familiar tipicamente americano chamado Freddy Fazbear's Pizza, que está atualmente desativado, e acompanha Mike Schmidt, um jovem que está passando por alguns problemas financeiros. Felizmente, ele vê a resposta para seus problemas ao ser contratado para trabalhar como o vigia noturno da pizzaria. Criado por Henry Emily e William Afton, o lugar costumava ser muito famoso por seus característicos robôs animados, que eram o rosto do local e faziam a festa das crianças durante o dia. Porém, quando o sol se põe e a escuridão da noite chega, um segredo obscuro e mortal é revelado: os bonecos animatrônicos ganham vida, transformando-se em assassinos psicopatas e partindo em uma violenta matança.

Diria que a franquia de jogos criada em 2014 por Scott Cawthon poderia ter ido bem mais longe se a produção não tivesse pesado tanto em cima da diretora Emma Tammi por algo mais brando contra a censura, para que o filme pudesse ser conferido pelos jovens, ao invés de deixar o roteiro mais pesado para 16 ou 18 anos de corte, pois aí sim os bonecos estraçalhariam as pessoas com tudo sendo mostrado, os personagens causariam mais medo, e até mesmo as conversas das crianças seriam mais marcantes, mas como optaram por algo quase livre, tiveram de amenizar tudo para que a garotada assistisse, e assim sendo a diretora trabalhou planos mais leves, sem mostrar coisas intensas, e desenvolvendo a trama com algo mais light, que até agradam como uma trama juvenil, mas que não impacta em nada, e também não mostra uma originalidade por parte da diretora.

Quanto das atuações, diria que Josh Hutcherson até entrega olhares e trejeitos bem marcados de alguém com um trauma, de forma que seu Mike acaba sendo interessante de acompanhar, mas bem diferente de outros papéis que já fez, poderia ter se imposto um pouco mais, o que não incomoda, porém sabemos que ele sabe fazer melhor. Piper Rubio conseguiu chamar atenção com sua Abby, trabalhando um estilo meio que mediúnico, porém faltou explorar um pouco mais isso, de modo que ela se deu bem com os bichos, e claro com todo o lance dos desenhos, mas dava para ir além. Quanto aos demais, diria que Elizabeth Lail entregou muito fácil que sua Vanessa tinha algo a mais com o lugar, e não ocultou estilos para soar marcante com isso, e Kat Conner Sterling fez alguns trejeitos de espanto com sua Max, mas seu final foi bem forte, embora seja bobo demais o tempo que ficou colocando a cabeça aonde colocou, e claro Matthew Lillard trabalhou bem seu Steve/William com sacadas bem encaixadas e trejeitos interessantes, que posso dizer ser a única surpresa do longa. Quanto das crianças mortas, diria que o jovem Grant Feely conseguiu ser bem imponente com seu garoto loiro, trabalhando alguns trejeitos que chega a dar um pouco de medo dele.

Visualmente a trama entregou um cenário bem bacana, não tão abandonado quanto deveria estar a pizzaria, com um ambiente bem encaixado, com os personagens animatrônicos interessantes e feios, que mesmo sendo um "ambiente familiar" antigo não sei se seria algo agradável de ficar, com poucos momentos tensos mostrando uma ou outra morte de impacto, e claro nos sonhos do protagonista sempre repetindo a mesma cena em um parque no meio duma floresta, sem grandes designs que chamassem tanta atenção. Aliás fiquei curioso para ver o jogo com o que se parece no filme, pois achei a equipe de arte um pouco preguiçosa.

Enfim, é um filme simples, sem grandes sustos ou cenas que não farão ninguém ficar sem dormir, que até entrega momentos interessantes, que davam facilmente para ficar mais tensos, então como já disse no começo se você joga o game, acredito que irá gostar do que é mostrado na tela, pois o pessoal da sessão estava bem empolgado, do contrário se você apenas foi na onda achando que iria ver um bom filme de terror juvenil, vai sair da sessão meio desapontado com tudo. E é isso meus amigos, fica assim sendo a recomendação, e amanhã eu volto com mais dicas, então abraços e até logo mais.


sábado, 28 de outubro de 2023

Lamborghini - O Homem Por Trás da Lenda (Lamborghini: The Man Behind the Legend)

Confesso que só conhecia o nome Lamborghini pelos carros que via na internet e nos jogos de videogame que jogava quando bem mais jovem, pois o preço de um carro desse não dá nem para passar a mão na porta com medo de arranhar a pintura e ter de pagar com meu carro, então deixa ele lá para o pessoal mais requintado, aliás, a frase que aparece no trailer e no filme "Lamborghini - O Homem Por Trás da Lenda" é bem marcante "Compra-se um Ferrari quando se quer ser alguém na vida, compra-se um Lamborghini quando se é alguém na vida!", pois ela diz tudo sobre o que o sonhador Ferrucio Lamborghini imaginou desde que voltou da Segunda Guerra, montando uma fábrica de tratores com o amigo, e depois de ficar muito rico e reclamar da embreagem de suas Ferrari's diretamente para Enzo, resolveu que criaria um carro de corrida luxuoso e conseguiu. Diria que o filme que estreia na próxima segunda dia 30/10 no canal Adrenalina Pura que fica dentro dos aplicativos da Prime Video, da Claro TV e da AppleTV, é bem interessante para conhecer um pouco da mente desse homem, mas que sendo baseado no livro do filho do personagem que teve alguns problemas com o pai, acabou mostrando ele como alguém meio vazio de emoções, que vivia com secretárias e traia demais sua madrasta que lhe cuidou desde bebê, ou seja, não acaba sendo uma homenagem gigante para a lenda realmente como diz o título, mas que vale para conhecer um pouco mais das loucuras que viveu.

Ambientada na Itália, a trama mostra o início da trajetória de Ferruccio, desde a origem em uma família humilde de fazendeiros, passando por seu trabalho na construção de tratores e chegando até a rivalidade com Enzo Ferrari e as turbulências que pautaram sua vida pessoal. A ambição o levou a criar o primeiro Lamborghini 350 GT, um modelo de carro inovador que unia estilo e velocidade e consagrou a marca como referência da indústria automobilística e sinônimo de luxo e sofisticação.

Diria que o diretor e roteirista Bobby Moresco foi muito contido na entrega de seu filme, pois diria que faltou um pouco mais da vida explosiva do personagem que fica claro existir, mas que usando o vértice de talvez um olhar do filho de como foi interessante em mostrar as astúcias que teve, a criatividade em querer sempre mais, além de ser reconhecido pela excelência, e claro os presentes que dava para seu filho sem motivos maiores, meio como uma compensação pela sua ausência, e o estilo de condução até é bem dinâmico e colocado como algo interessante de se ver, pois o filme tem apenas 97 minutos, mas conta muito, só diria que talvez não particionaria ele em capítulos, pois acabou tendo um começo grande demais, um miolo de tamanho satisfatório e um final rápido demais, que não abrangeu tudo o que foi o estouro realmente do empresário. Ou seja, é uma boa direção, mas talvez nas mãos de um diretor mais explosivo, o mesmo roteiro ficaria incrível, pois poderia não deixar o personagem tão vazio, e talvez veríamos mais atos polêmicos e intensos da vida do personagem.

Quanto das atuações, o pôster destaca Frank Grillo como Ferrucio Lamborghini, e o ator não desaponta em seus momentos, sendo bem direto com seu estilão despojado, mas irreverente, cheio de uma marra, mas podendo fazer a banca, e isso dá um vértice bem colocado que acaba sendo chamativo e interessante de ver. Mas sem dúvida boa parte da trama recai sobre Romano Reggiani como o jovem Ferrucio logo após voltar da Guerra, cheio de ideias, se casando com a mulher que amava, e iniciando sua jornada de empreendimentos com o que aprendeu sobre motores e carros na Guerra, e o ator trabalhou bem seu envolvimento foi dinâmico e criou atos interessantes de ver na tela, com trejeitos intensos bem marcantes. No primeiro ato dos jovens ainda tivemos bons momentos com Hanna van der Westhuysen como Clelia, a jovem esposa do protagonista, e Matteo Leoni como Matteo, seu amigo e sócio nas primeiras empreitadas, ambos mostrando uma amizade e um grande envolvimento com o protagonista, sendo um trio bem marcante. Já nos atos mais velhos tivemos Mira Sorvino como Anitta, a esposa dele bem imponente e cheia de trejeitos explosivos bem colocados, sempre sofrendo com as diversas traições do marido; Patrick Brennan bem colocado como Bob Wallace que deu o apoio aos primeiros carros testando e desenvolvendo junto de Ferrucio, com o ator cheio de marra e bem desenvolvido; Andrea Bruschi como Franco Scaglione que foi designer da Alfa Romeo e depois materializou as ideias malucas de Ferrucio para que o GTV 350 fosse marcante; mas sem dúvida vale o destaque para Gabriel Byrne pelo imponente Enzo Ferrari com olhares secos e bem diretos para que a rivalidade fosse bem trabalhada (ainda veremos no começo do ano que vem outra versão do personagem, mas bem mais jovem).

Visualmente a trama tem uma boa entrega, mostra um pouco da Itália dos anos 50-90, mostra algumas festas, mostra o Salão do Automóvel de Genebra aonde o protagonista lança seu primeiro carro, mostra uma corrida entre os dois rivais, mas principalmente mostra todas as ideias do jovem, fazendo inicialmente tratores em uma pequena garagem, depois ampliando para uma grandiosa fábrica até ter depois um império imenso, tudo com um trabalho cênico de época bem marcante e grandioso, claro que contando com dois dos maiores carros da companhia: o GTV 350 e o Miura, além de outros carrões da Ferrari aparecendo na briga, ou seja, a equipe de arte teve um grande trabalho para que tudo fosse bem representativo na tela.

Enfim, é um filme interessante, que não foi patrocinado por nenhuma das duas marcas, sendo algo feito a parte de tudo, mas que acabou sendo bem representativo, e que chama a atenção para que nem sempre ter muito dinheiro vai trazer muita felicidade, mas que ajuda a ter uma boa vida, ajuda! E é isso pessoal, fica a recomendação para quem quiser conferir no streaming a partir de segunda, e eu volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Hypnotic - Ameaça Invisível (Hypnotic)

Já disse outras vezes, mas não me canso de repetir que não tenho um estilo praticamente favorito, mas sim adoro filmes que me surpreendam, que façam a cabeça explodir em determinado momento e você fique se perguntando: "Como não enxerguei tudo isso?", e confesso que estava com um pouco de medo do que veria em "Hypnotic - Ameaça Invisível", pois pelo trailer não dava para entender exatamente aonde o longa iria chegar, e vendo a enxurrada de críticas negativas que apareceram por aqui, acabou que deu um leve desânimo! Mas meus amigos, como sempre falo, ver sem nenhuma expectativa acaba fazendo algo que já era bom ficar espetacular, e só consigo pensar em palavras gigantes para expressar tudo o que senti com a trama, pois é literalmente uma bagunça na cabeça, em boa parte do filme não entendemos quase nada, mas quando tudo começa a se conectar, e mudar completamente toda a ideia, o resultado explode e fica incrível, sendo quase uma mistura de "A Origem" com "Matrix", só que com outras vertentes, tendo todo um estilo próprio bem trabalhado que chega a ser chocante nos atos finais, e digo mais, tem uma pequena ceninha durante os créditos que acabam levando o filme para um patamar inesperado, que talvez chame para uma continuação, mas veremos o que vai rolar, pois funcionou demais.

No longa, o detetive Danny Rourke se envolve na investigação de um caso complexo envolvendo uma série de roubos em larga escala. No decorrer da investigação, Rourke descobre que sua própria filha - que está desaparecida - pode estar conectada ao caso de alguma forma. E além da pressão para resolver os crimes, o detetive ainda precisa lidar com um misterioso programa do governo que, assim como sua filha, pode ter algo a ver com a conspiração.

O mais engraçado de tudo é que os fãs do diretor e roteirista Robert Rodriguez que forem conferir a trama esperando algo com sua cara irão sair muito decepcionados, e acredito que aqui está o grande motivo de tantas notas baixas, pois ele entrega um filme que não tem a sua assinatura, mas que funciona com muito estilo, sendo bem diferente de pegada, tendo cenas violentas tradicionais do diretor, porém ele faz sua trama ter atos mais inteligentes e desenvolvidos, com sacadas tão bem trabalhadas que acabamos nunca sabendo o que é real ou o que é ilusão por parte dos protagonistas, vendo tudo acontecer e sendo surpreendido com as mudanças e desenvolturas que impactam no resultado, e mais do que isso, acabam chamando a atenção quando se vê por outro ângulo, ou seja, o diretor brincou bastante com tudo, e fez um filme inteligente, cheio de expressividade, que não cansa por ser bem curto para um filme desse estilo (apenas 93 minutos) e que mudou bem a forma de encarar a realidade mostrada na tela (aliás, se esse conceito de hipnóticos existir realmente é de ficar com medo).

Quanto das atuações, diria que Ben Affleck foi bem colocado em cena com seu Danny Rourke, porém dava para ter trabalhado um estilo mais canastrão que chamaria mais atenção, pois seus trejeitos colocaram em dúvida toda a essência de seus atos finais, mas que no contexto completo acaba funcionando bem. Agora quem foi bem impressionante de trejeitos e estilos foi a brasileira Alice Braga com sua Diana Cruz, sendo bem complexa dentro do estilo da trama, criando nuances e desenvolturas bem rápidas, e principalmente não se entregando com facilidade, o que acabou agradando demais. William Fichtner acabou sendo meio que um personagem coringa cheio de incógnitas com seu Lev Dellrayne, de modo que em alguns atos acaba sendo surpreendente, mas em outros pareceu meio que perdido na tela, o que não incomoda, mas que dava para ir mais além. Quanto aos demais, praticamente todos tiveram conexões bem encaixadas com os protagonistas, e uma ou outra cena para aparecer mais, valendo apenas um leve destaque para JD Pardo com seu Randy Nicks e Dayo Okeniyi com seu River.

No contexto visual a trama é bem interessante pelo jogo entre realidade e imaginação, aonde os hipnóticos mudam cenários, personalidades das pessoas e tudo mais num jogo bem maluco, e a sacada de mostrar depois como tudo era em dois atos é algo que chega a explodir a mente, mostrando tanto uma boa sacada do roteiro quanto da equipe de arte, pois é fora de série, e o resultado assim acaba funcionando mais como algo simples pode ser chamativo, e que claro usando muita tecnologia computacional bagunça nossas cabeças.

Enfim, é um filme com uma proposta bem marcante, que brinca com a mente do público, e que principalmente deve ser visto como algo ousado e diferente, pois se esperar muito dele vai se decepcionar, se for esperando um filme tradicional do diretor vai se decepcionar, e se abrir a mente para tudo vai sair com o queixo no chão, então faço essa recomendação de não ver muita coisa sobre o longa, pois qualquer spoiler vai estragar a experiência, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Netflix - Mate-me, se Puder (Invitación a un Asesinato) (A Deadly Invitation)

Um estilo de filme que vem ganhando muitos fãs mundo afora, e que já foi uma febre literária, é o de detetives ou pessoas que estão em determinado agrupamento/reunião aonde ocorre um crime e esse vai usando sua intuição e expertise para desvendar todo o crime com seu assassino e os principais motivos para que isso tenha ocorrido, e digo que é algo bem bacana, pois assim como toda boa trama de suspense  misterioso acabamos usando também nossos anos de conhecimentos em cima de filmes de mistérios para desvendar tudo antes de acontecer, e ficamos bem felizes quando acertamos tudo. E o longa mexicano da Netflix, "Mate-me, Se Puder", usou tudo o que já vimos em outros filmes desse estilo, mas brincando bem com todas as sacadas, de modo que acaba não sendo uma tarefa bem fácil de saber quem e como, mas que a protagonista desenvolveu boas sacadas para montar toda a resposta final, e o resultado acaba sendo interessante de ver na tela. Claro que não é nenhum filme memorável que você vai se impressionar com tudo, e muito menos ficar de queixo caído com a resolução, mas entrega um bom passatempo simples e bem interessante de conferir.

O longa nos conta que a excêntrica milionária Olivia envia à meia-irmã Agatha e a um grupo de velhos conhecidos um misterioso convite para um fim de semana em seu iate, onde descobrirão o verdadeiro motivo da "comemoração": um assassinato. Todos são suspeitos: Carlos (o ex-marido), Cary (um ator decadente), Sonia (a ex-amiga), Doña Cristina (a governanta), Figue (o médico) e até Naram (o instrutor de ioga). Pega de surpresa pela morte inesperada, e com ajuda da polícia, Agatha tentará descobrir se foi apenas um acidente ou um elaborado plano de vingança.

Diria que o diretor J.M. Cravioto foi bem direto na desenvoltura da trama que é baseada no livro de Carmen Posadas, pois não quis complicar a trama nem criar um ambiente mais misterioso como costumeiramente acabam rolando tramas desse estilo, mas fazendo tudo acontecer de uma forma bem trabalhada aonde a protagonista resolve tudo tão de cara, que alguns até vão se desapontar pela falta de busca de pistas e algo melhor nos depoimentos, mas que de certa maneira até agrada, pois tudo é bem mostrado usando seus argumentos. Ou seja, o trabalho do diretor foi de intencionar tudo e resolver conforme uma acusação direcionada, e isso por vezes alguns vão achar fácil demais, mas como faz sentido, acabou sendo interessante de ver ao menos.

Quanto das atuações, também tivemos personagens bem simples e sem grandes traquejos cênicos, de tal forma que não vemos nenhum personagem indo muito além do que estava proposto, ou seja, somente temos o destaque mesmo de Regina Blandón com sua Agatha bem desenvolvida, pegando todas as nuances diretas da irmã e com alguns traquejos sendo expressiva ao menos. E claro também tivemos no começo toda a sacada de estilo de Maribel Verdú com sua Olivia bem direta no que desejava de seus convidados, e claro tendo alguns bons flashbacks para explicar tudo o que tinham que fazer em cena. Dentre os demais, não dá para valorizar ninguém, pois apenas fizeram caras e bocas, deixando que seus personagens fossem apenas clássicos do estilo mesmo.

Visualmente a trama traz um iate interessante bem requintado de detalhes com quartos bem encaixados, e uma mansão com cômodos interligados e muitos detalhes espalhados que a protagonista pega tudo muito rápido e vai desenvolvendo sua acusação por completo, isso claro tendo ajuda de sua parceira em outra cidade falando por um orelhão e indo montando tudo em sua mente. Claro que dava para ter trabalhado mais pistas e objetos cênicos, mas a história por completo é convincente.

Enfim, é um filme simples do estilo que agrada como um bom passatempo, mas que dava para criar uma aura mais misteriosa, um pouco mais de busca de pistas e claro depoimentos mais tensos para que o resultado fosse mais além, pois acabou sendo tudo tão direto que acaba não surpreendendo como algo do estilo, mas que não é ruim de ver pelo menos, e felizmente também não virou uma novelona. Bem é isso pessoal, deixo a recomendação bem em segundo plano, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


terça-feira, 24 de outubro de 2023

Mavka: Aventura na Floresta (Мавка. Лісова пісня) (Mavka: Lisova pisnya) (Mavka. The Forest Song)

Até fui pesquisar se já tinha visto algum filme ucraniano, e até que tenho alguns bons exemplares, porém animação do país com certeza nunca havia visto, e com "Mavka: Aventura na Floresta", que estreia na próxima quinta (26/10) nos cinemas, posso dizer que devemos colocar os olhos no estilo que entregam, pois fizeram uma lenda do país bem trabalhada com emoções, simbolismos e principalmente com envolvimento para todas as idades, sendo algo bonito de ver e sentir, criando toda uma conexão mística com a natureza, que em certos momentos até lembra um pouco o estilo de "Frozen", só que ao invés do inverno, aqui entra em pauta a primavera, e que contando com boas sacadas entre humanos bons e ruins, e claro a famosa busca pela fonte da juventude (fiquem até o meio dos créditos que tem uma boa sacada usando isso!) o resultado da ganância é bem pautado quando confrontado com a ira/ódio mostrando que esse pode ser um caminho sem volta. Ou seja, é daquelas animações com boas desenvolturas morais, que foi bem dublado e cativará toda a família que for conferir, então fica a dica!

A sinopse nos conta que desde os primórdios, as vastas florestas ucranianas abrigam inúmeros segredos e mistérios insondáveis. Eles são o lar de criaturas míticas maravilhosas que habitam entre árvores antigas, guardando fielmente seu reino sagrado. Mavka é uma Alma da Floresta e foi escolhida como a nova Guardiã do reino, sendo sua principal missão é proteger a Floresta e seu sacrossanto Coração - a própria Fonte da Vida - contra qualquer agressão ou intrusão, inclusive por parte dos humanos. Quando Mavka se apaixona pelo jovem mortal Lucas, a avarenta Kylina vê a chance que precisava para assumir o controle da floresta e roubar o Coração. Mavka e Lucas conseguirão viver este grande amor e ainda assim evitar que o mal vença?

O longa já vem sendo desenvolvido há cinco anos, ou seja, passou por todo esse conflito que andamos vendo acontecendo na Ucrânia, e com toda certeza os diretores Oleh Malamuzh, Oleksandra Ruban e Yevheniy Yermak colocaram um pouco de tudo de ruim que a guerra e o ódio traz para o coração das pessoas, e tudo sendo bem desenhado, trabalhando símbolos, desenvolvendo lendas das florestas do país, misturando com a vida musical das feiras, e dando ótimas nuances em cima de tudo, de modo que a trama pode ser vista de duas formas bem abertas, uma como uma animação bonita e emocionante para toda a família, mas que também passa para os adultos a mensagem de como uma guerra e a chama da ira pode destruir tudo o que encontrar pelo caminho levando embora as coisas ruins, mas também incinerando as coisas boas que tiverem pela frente. Ou seja, é muito mais do que apenas uma trama bobinha como vemos muitas vezes em algumas animações, e claro muito bem desenhada, tendo profundidades e sombras bem posicionadas para dar forma aos personagens, tendo alguns atos em 2D tradicional, e claro uma essência bem emocionante junto de boas canções, mostrando técnica e estilo que vai agradar a todos.

Quanto dos personagens e da dublagem, diria que é até engraçado o formato dos corpos da produção, sendo algo bem diferente do que costumamos ver nas animações atualmente, mas que entrega algo bem interessante também, o que acaba agradando bastante, e claro que a protagonista Mavka é toda emocional, tem a bondade dentro de sua essência e cheia de magia e envolvimento acaba sendo bem marcante na tela, aonde Lhays Macedo conseguiu dar um tom bem gostoso para a voz da personagem, cantou bem as canções tema e deu show. Também tivemos o humano Lucas meio desengonçado, mas cheio de dinâmicas, querendo salvar o tio acabando apaixonado pela protagonista, e acaba se metendo em uma tremenda enrascada, e Hugo Bonemer deu um tom de voz bem interessante e cheio de expressividade. Ainda tivemos a vilã cheia de intensidade Kilina que Roberjane Andrade deu o tom bem empostado e cheia de personalidade para ela, tivemos Charles Emmanuel com todos os trejeitos e criações para o assistente da vilã Frol, outro que deu um tom bem forte para a voz do antigo guardião Lesh foi Alexandre Maguolo, mas sem dúvida entre os personagens secundários todas as boas sacadas ficaram a cargo de Hush que Bê Telles deu uma voz bem caricata e divertida, chamando muita atenção do começo ao fim.

Agora como é uma animação envolvendo floresta e muito misticismo, o charme mesmo é o visual bem colorido, cheio de tons e personagens diferentes e bem carismáticos, tendo muito brilho e dinâmicas para entreter todos durante o longa inteiro, e claro passar as mensagens de destruição, de guerra versus o amor durante cada ato bem simbólico que emociona e funciona bastante.

Enfim, é uma animação bem bonita que vale recomendar com toda certeza, que vai agradar toda a família que for conferir, que claro alguns elos vão ser entendidos melhor pelos maiorzinhos do que pela criançada menor, mas com muitas cores e personagens bem colocados o resultado funciona e envolve bastante, claro voltando a dizer que entrega ainda boas mensagens sobre tudo o que o país vem vivendo, então fica a dica para ir aos cinemas na próxima quinta-feira. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, claro agradecendo a equipe da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.


Amazon Prime Video - Feitiçaria (Brujeria) (Sorcery)

Costumo dizer que o estilo mais artístico é daqueles que ou você ama e vai curtir mesmo que o filme seja completamente estranho, ou então você vai ficar o filme inteiro tentando entender aonde o diretor desejava chegar e todas as possibilidades que a trama abre para conseguir atingir isso, e confesso que já pulei  o filme "Feitiçaria" alguns dias na plataforma da Amazon Prime Video, pois tinha todos os trejeitos de ser algo exageradamente artístico e introspectivo que facilmente não chamaria tanta atenção ou desenvoltura, e hoje ao dar play nele fica bem claro essa essência meio estranha, meio bizarra, que consegue misturar bem o conceito entre bruxaria versus religião, de crenças versus colonialismo, e claro como o medo do desconhecido pode causar coisas na mente das pessoas, de tal forma que mesmo o longa não tendo grandes ápices, o resultado acaba sendo interessante de ver, mas facilmente daria para ir bem mais além mexendo um pouco na trama para que o ritmo e as intensidades dos atos fossem menos travadas. Ou seja, é daqueles filmes que até parecem interessantes, mas que recaem muito para o estilo de festivais, aonde nem sempre o público normal consegue se conectar com tudo, e assim sendo não agrada tanto quanto poderia.

O longa nos situa em Chiloé, 1880. Rosa é uma garota huilliche que, depois do assassinato de seu pai, chega em busca de justiça junto a Mateo Coñuecar, que é líder de uma organização de bruxos e rapidamente se torna seu avô adotivo. Quando Mateo é preso, acusado de ser uma autoridade paralela na República do Chile, Rosa assumirá o desafio de libertá-lo, mesmo que isso a inicie nos caminhos da bruxaria.

Diria que o diretor e roteirista Christopher Murray soube desenvolver sua trama com um estilo fechado demais para o público, mas que determinou bem sua ideia de aonde desejava ir, que é para o mundo das crenças no país, do misticismo e claro do envolvimento pagão que tem um bom peso dentro de algumas culturas indígenas, e essa sacada deu para a trama uma formatação interessante e bem mística que até nos envolve de certa forma. Porém faltou bem pouco para que a trama tivesse um cerne melhor entregue, aonde a desenvoltura atingisse melhor a todos, que o filme rendesse um ritmo mais encaixado, e assim talvez o resultado chamasse mais atenção, pois não digo que seja um filme ruim, pelo contrário, tem atos bem marcantes, mas tudo é tão estranho e lento, que acabamos dispersos, e isso é algo que falha demais, principalmente em tramas de streaming, afinal o público recai para outros lados e acaba entendendo menos ainda o que a trama propõe.

Quanto das atuações, diria que a jovem Valentina Véliz Caileo foi meio que tímida demais para sua Rosa, de modo que pareceu acuada do começo ao fim do longa, quando se solta um pouco mais e entrega uma personalidade mais intensa, porém até chegar lá ficou sempre fazendo coisas de protagonista, mas em segundo plano, o que não é algo que deva ser feito. Daniel Antivilo trabalhou seu Mateo com um ar bem cheio de imposição e teve cenas bem marcantes, e dava para inclusive explodir mais para que ficasse ainda mais chamativo, mas fez bem dentro do que o longa propunha. Já Neddiel Muñoz Millalonco deu um bom suporte para a protagonista com sua Aurora, de modo que ficou bastante em segundo plano com seus atos, mas sempre erguia a protagonista para que não ficasse tão acuada. Outro que teve cenas meio que conflitantes, mas que fez bem o que o papel pedia foi Daniel Muñoz com seu Acevedo, num misto entre delegado e juiz que ficou até estranho de entender na trama. E por fim, Sebastian Hülk trabalhou seu Stefan bem, criou algumas desenvolturas tensas, mas o personagem em si é meio forçado, e ele entregou sem tentar ir por um lado mais casual.

Visualmente a trama teve atos bem intensos com símbolos espalhados em vários atos, um tribunal bem bagunçado, algumas cenas de violência policial intensas, muita chuva, casas simples repletas de cultura e misturas entre religião e misticismo, algumas cenas intensas com pássaros, ou seja, a equipe de arte teve um trabalhão para conseguir representar bem o roteiro em cada cena, junto com figurinos rústicos bem colocados que deram um tom bem cinzento para a produção, mostrando a cada ato muita precisão para simbolizar tudo. Já na questão dos efeitos, forçaram um pouco a barra com os cachorros e com os ataques dos pássaros, de modo que soou bem falso na tela, mas diria que foi uma opção mais própria.

Enfim, não diria que esperava muita coisa do longa, pois já parecia bem estranho, porém é notável que a equipe não quis algo mais comercial e deixou a trama com um estilo que não flui facilmente, e assim numa plataforma de streaming facilmente o pessoal acabará nem terminando o longa por inteiro, o que é algo ruim de acontecer, mas para aqueles que forem até o fim, como eu fiz, diria que o resultado por completo é algo mediano, que dava para ir mais além, então fica a dica para pensar no que deseja ver antes de dar o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã na torcida de achar algo melhor para indicar para vocês, que essa semana está bem difícil, então abraços e até logo mais.


domingo, 22 de outubro de 2023

Netflix - Crypto Boy

Diria que a sacada do filme dos Países Baixos que estreou na Netflix, "Crypto Boy", é algo que reflete bem o mundo da economia em diversos países, aonde vemos vários charlatões de criptomoedas que prometem ganhos monstruosos, aonde alguns entram e acabam perdendo tudo, e a síntese também de muitos jovens que não levam o sustento da família para rumos maiores devido os pais não acreditarem em suas ideias. Ou seja, é um filme que tem dois motes interessantes que davam para trabalhar conceitos melhores, mas que da forma entregue até acaba sendo leve e interessante como um passatempo bem colocado na tela, não sendo nada que vamos lembrar daqui algum tempo, mas que funciona ao menos no que propõe entregar.

A sinopse também é bem simples e nos conta que depois de uma discussão com o pai, um jovem cai na tentação da criptomoeda e da liberdade financeira, mas as promessas parecem boas demais para ser verdade.

O diretor e roteirista Shady El-Hamus até pesquisou bastante sobre as bolhas econômicas, muitas vezes até chamadas de pirâmides, e desenvolveu sua trama de uma maneira bem tradicional e comum que vemos acontecer com muitos jovens que buscam ganho de dinheiro rápido e acabam caindo em golpes mundo afora, mas longe de ficar preso apenas nessa ideologia, o diretor soube trabalhar também o elo familiar, o elo da compra e venda de bairros quase que inteiros para uma segregação residencial e muito mais, de forma que seu filme acaba servindo para várias discussões em uma única trama, e o resultado embora não seja algo muito surpreendente, acaba sendo bem trabalhado.

Quanto das atuações, diria que o jovem irmão do diretor, Shahine El-Hamus entregou bem o protagonista Amir, fez bons trejeitos e desenvolveu seu personagem com um carisma meio que estranho, pois suas dinâmicas por vezes pareciam tristes mesmo nos atos mais animados, e assim ficou faltando se impor um pouco mais para chamar mais atenção. Minne Koole trabalhou seu Roy com boa imposição, fazendo bem o estilão desses gurus financeiros que vemos no Youtube, de maneira que consegue convencer em estilo e claro fazendo bem o estilo playboy que a maioria entrega. E claro o pai verdadeiro do diretor e também do protagonista, sendo completamente um filme familiar, Sabri Saad El-Hamus trabalhou seu Omar com bons trejeitos e desenvolturas, mas se segurando um pouco demais, o que acabou criando um vínculo que talvez pudesse ser mais emotivo. Ainda tivemos alguns bons momentos de Tobias Kersloot com seu Gianni, mas valendo destacar mesmo dentre os secundários Isabelle Kafando com sua Ima entregando os olhares de julgamento bem colocados para com seu amigo.

Visualmente a trama mostrou basicamente o restaurante dos protagonistas, a gentrificação rolando ao redor pela imobiliária comprando tudo por ali, a família de amigos das empresas comendo no local, e claro as palestras-shows do pessoal de criptomoeda, os jantares em restaurantes caros e claro as festanças regadas a champanhe, tendo ainda a comparação com a casa simples do protagonista em cima do restaurante e a mansão do coach, ou seja, algo cheio de nuances, que a equipe foi simples porém efetiva no que desejava mostrar.

Enfim, é um filme bem simples, com uma proposta que já vimos em outros filmes, mas que surfa bem na moda de jovens que andam caindo em golpes de criptomoedas misturadas com pirâmides mundo afora, então fica a dica de filme, e também de aplicações seguras para não cair em algo que prometa levar você a virar um ricaço do nada. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Amazon Prime Video - Raiva (Rabia) (Rage)

Costumo dizer que filmes que envolvam lobisomens precisam ser bem desenhados para surpreender realmente e não ser algo cansativo de ver, de forma que ao final você olhe para tudo e seu queixo caia realmente, pois já fizeram tantos iguais que acabamos nem entrando mais no clima. E com a estreia do longa mexicano da Amazon Prime Video, "Raiva", até ficamos meio surpresos na hora que tudo se encaixa no final, mas o longa por inteiro é tão cansativo e monótono que não parecia ter sentido algum tudo o que estava rolando, então diria que apenas passamos raiva vendo ele, para no final falarmos ok foi razoável isso. Ou seja, é daqueles filmes que tudo é fraco dentro de uma perspectiva artística demais, e assim sendo só quem não tiver nada para ver vai acabar dando play e reclamando também de tudo no final.

A sinopse nos conta que Alan e seu pai fogem da dolorosa perda de sua mãe. Enquanto se esconde em uma unidade habitacional isolada, Alan descobre mensagens ocultas que o levam a acreditar que seu pai é um lobisomem. Alan decide fazer algo de uma vez por todas.

Diria que o diretor e roteirista Jorge Michel Grau até soube ocultar bem todas as dinâmicas de sua trama para nós convencer do contrário do que acreditamos, mas exagerou em planos alongados sem ritmo algum, aonde tudo parece ser estranho demais, e com isso o resultado da cena final até chama bastante atenção, mas precisou explicar tudo com vários flashbacks para funcionar, e assim o resultado acaba não sendo interessante o suficiente para chamar muita atenção.

Quanto das atuações, diria que Juan Manuel Bernal até trabalhou bem um Alberto mais explosivo e misterioso, chamando bastante atenção com um estilo bem colocado, porém faltou se desenvolver mais para que tudo fizesse mais sentido, o que acabou não ocorrendo. Já o jovem Maximiliano Nájar Márquez também fez de seu Alan um garoto muito subjetivo que não vai muito além, sendo curioso, andando sem parar, experimentando um pouco de tudo, e trabalhou bem seus trejeitos, mas talvez se o final fosse uns 10 minutos antes e usassem mais um pouco depois com ele o resultado seria bem melhor e ele poderia soar mais marcante. Quanto dos demais faltou usar mais a garota para que as cenas encaixassem melhor, e também colocassem Gilberto Barraza mais explosivo com seu Marco como acontece no final, de tal maneira que não surpreendem, mas também não atrapalham.

No contexto visual a trama entregou um condomínio bem interessante de várias casas muito iguais e grudadas, aonde o jovem protagonista pode ficar andando sem parar pelos telhados, vemos uma casa bem bagunçada no interior, e claro vários objetos estranhos que não dizem muito e não vão além, mas ao menos não desapontaram com os símbolos.

Enfim, é um filme que falha pelo ritmo e pelo desenvolvimento de modo geral, mas que se analisar friamente até tem algo que dê uma leve surpresa no fechamento, ou seja, não é algo que a maioria vá amar ver, mas com bem poucos ajustes acabaria se tornando ao menos interessante. Sendo assim não recomendo ele para quase ninguém, e assim é melhor procurar algo diferente e quem sabe acertar melhor. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Assassinos da Lua das Flores em Imax (Killers of the Flower Moon)

Bom vamos falar do filmão do ano, em todos os sentidos literalmente, "Assassinos da Lua das Flores, pois confesso que fiquei com muito medo da duração do longa de 206 minutos do longa, mas tinha muita história para contar, não chega a ser cansativo, e facilmente daria para colocar ainda muito mais coisas na tela, mas aí seria melhor cair para uma série. Dito isso, a principal recomendação que dou para a galera que vê filmes como séries em uma tonelada de pedaços é que veja ele de uma única vez, pois sei que muitos fizeram isso com o último longa do diretor, "O Irlandês" (que é 3 minutos maior, mas é tremendamente arrastado, ainda que seja incrível), e acabaram não gostando do resultado, então vá ao cinema que não tem como fugir da duração integral, ou daqui alguns dias quando sair na AppleTV+ dê o play e não pare, senão o sentido da trama vai ficar meio artificial. Falado sobre a duração, o que tenho de falar é que é uma obra realista com tanta imponência, que o diretor foi muito sagaz em não dar tanto foco na criação do FBI, como ocorre no livro, mas sim na vida dos protagonistas que o resultado acaba sendo quase um drama romântico às avessas por tudo o que acaba acontecendo, e isso é incrível, afinal temos julgamento, temos muitas mortes, temos articulações para todos os lados, e principalmente temos atores incríveis em seus papeis, o que acaba sendo um show perfeito, imponente e que certamente veremos muitas indicações e premiações, afinal o longa é muito bom e com muitos longas grandiosos adiados pela greve, vai explodir com tudo (literalmente como ocorre na trama!).

A sinopse nos situa no ano de 1920, na região norte-americana de Oklahoma. Misteriosos assassinatos acontecem na tribo indígena de Osage, uma terra rica em petróleo. O caso foi investigado pelo FBI, a agência que tinha acabado de ser criada na época. Os assassinatos dados a partir de circunstâncias misteriosas na década de 1920, assolando os membros da tribo Osage, acaba desencadeando uma grande investigação envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, considerado o primeiro diretor do FBI.

Sabemos do nível do diretor e roteirista Martin Scorsese, mas também sabemos que ele costuma as vezes exagerar demais no que deseja mostrar, e aqui ao se basear no livro best-seller de David Grann, que também é baseado em uma história real, ele conseguiu arquitetar toda a influência do rei das colinas Osage em seu sobrinho, e não apenas nele, fazendo algo tão cheio de cartadas que realmente impressiona a personalidade que o diretor deu para William Hale, e por consequência seu grande amigo Robert De Niro, além disso, o diretor arquiteta um filme cheio de amarras, concentrando detalhes em tudo o que fosse possível e sendo marcante de estilo, não fazendo uma produção apenas como se fosse mais um filme seu, como vemos muitos diretores por aí que querem apenas números, mas sim que conseguisse entregar um teor vivo e bem colocado, aonde cada detalhe importasse. E o mais engraçado de ver é que no trailer vemos o personagem do FBI chegando para a investigação, na sinopse está lotado de palavras sobre o FBI, o livro é considerado como a grande história de criação do FBI, então fiquei pensando (nem olhei no relógio que não dá tempo para isso), se iriam aparecer apenas nos 20 minutos finais, mas como o diretor optou em ir por outro lado, ele colocou o tema no momento certo e ainda sobrou para finalizar o longa de um modo incrível e diferente de tudo, pois como é uma história real, tradicionalmente veríamos as letrinhas falando do que aconteceu com cada um depois que acaba a ficção, mas não, ele usa um dos programas de rádio mais famosos dos EUA de crimes reais, com orquestra, onomatopeias e tudo mais, inclusive com o diretor fazendo uma pontinha de ator.

Sobre as atuações vou começar falando que conseguiram dois feitos com Leonardo DiCaprio com seu Ernest Burkhart, primeiro deram um jeito dele ficar jovem e ao mesmo tempo conseguiram deixar ele feio com uns dentes estranhos e um ar caipira gigante para o papel, aonde entregou claro tudo o que sabe fazer de melhor, com muitos trejeitos, nuances, e muito mais, de tal maneira que brilha em suas cenas e consegue ser muito marcante, o que não era de se esperar menos, afinal é o protagonista. Agora o filme não era sobre William Hale, mas Robert De Niro deu um show tão grandioso com seu personagem, sendo um cara tão ruim, mas tão cheio de artimanhas que não conseguimos tirar o olho dele, sendo perfeito no que faz em cada momento, incomodando com sacadas e jogadas, e principalmente deixando o espaço aberto para que todos ao seu redor brilhassem junto com seu brilho, o que é um luxo, ou seja, não apostaria todas as fichas ainda, pois temos ainda outros filmes concorrentes para surgir, mas o cheiro de seu terceiro Oscar já começa a ser sentido. Outra que pode arrebatar boas premiações na temporada é Lily Gladstone com sua Mollie Burkhart, pois tendo ancestralidade indígena, a jovem conseguiu fazer com que sua personagem tivesse um ar marcante, passasse uma tonelada de sentimentos (afinal ela perde praticamente a família inteira no filme), e com uma leveza tão cheia de nuances fez tudo e mais um pouco com sua personagem, agradando demais em cena. Dentre os demais, tivemos muitas participações e personagens secundários importantes que daria para ficar falando por horas de cada um, muitos atores indígenas bem colocados nos atos principais (falando em seu idioma, mas não sendo legendado, o que é uma pena), mas vale claro o destaque rápido para Jesse Plemons com seu Tom White cheio de estilo, mostrando que o começo do FBI eram quase cowboys que investigavam crimes tendo infiltrados de todos os estilos e conexões.

Visualmente a produção é tão gigantesca quanto a duração, com uma cidade inteira construída cheia de detalhes, vários atos em casas tanto isoladas quanto dentro de um centro, tendo o começo da aparição das iluminações nas ruas, vemos claro todo o petróleo jorrando nas terras indígenas, e claro o luxo que alguns viviam e aproveitavam, a chegada dos brancos para dominar a área e claro brigar com tudo pelo óleo negro, uma explosão monstruosa que impacta demais, muitas mortes à queima roupa bem fortes, e claro todo o figurino misturando ares indígenas mais ricos de detalhes com o ar country também imponente, afinal estão numa das regiões mais ricas da época, e tudo é bem detalhado, ainda tivemos cenas em tribunal, na cadeia, além de muitos velórios, ou seja, a equipe trabalhou bastante.

Enfim, fui conferir com a expectativa alta de um longa que possivelmente vai arrebatar muitos prêmios, morrendo de medo de ficar com sono com a duração e o estilo mais dialogado, mas fui surpreendido com tanta história boa e bem desenvolvida na tela, que não pisquei um momento da trama, passando todo o tempo que você até chega a sentir ele, mas que não incomoda em nada e que faz valer uma recomendação de trama perfeita em todos os sentidos, e assim sendo é claro que entra na lista dos melhores do ano com nota máxima. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Amazon Prime Video - O Chefe (Boiling Point)

Muitas vezes vemos nos realities gastronômicos os chefs falando que as cozinhas de restaurantes profissionais geralmente são caóticas, que cozinhar é o mínimo e tudo mais, mas como costumo falar, sempre pode piorar, então o diretor resolveu mostrar em seu longa "O Chef", um dia de um restaurante badalado aonde todos os tipos de problemas vão rolar, usando uma câmera bem presencial quase que grudada nos principais personagens, de forma a irmos sentindo cada momento intenso, e só pensando em como tudo pode piorar, mostrando que o simples e bem feito não bastam, e um erro na equipe pode explodir tudo em algo que precisa seguir uma cadeia. O longa concorreu à várias premiações no ano passado e entrega muita personalidade e dinâmica em cada cena, valendo bem a conferida na tela, principalmente por ser bem rápido, apenas 92 minutos, mas que entregam tantas situações que parece até maior.

A sinopse nos conta que a trama acompanha a rotina caótica de uma cozinha, de um prestigiado restaurante, no dia mais movimentado do ano. Um chef de cozinha precisará lidar com as pressões da crítica e de funcionários, além da falta de ingredientes e visitas inesperadas. Em uma noite em que tudo conspira para uma tragédia anunciada, o Chef fará tudo para manter o controle de seu restaurante. A trama se desenvolve nos bastidores da cozinha estrelada, onde a pressão implacável das circunstâncias, pode levar os profissionais ao limite, em um ramo que não admite erros, e a precisão e controle são qualidades essenciais. O longa, todo em plano sequência, entra de forma eletrizante nos conflitos travados em um espaço tão angustiante, quanto uma cozinha sobrecarregada.

Quando assisti o filme "O Acusado" semanas atrás vi que o longa anterior do diretor Philip Barantini era um que eu queria ter conferido quando vi o trailer no cinema, mas que não chegou aqui no interior na época e acabei esquecendo, mas vi que tinha para locação na Amazon Prime Video e deixei na minha lista para assistir, e hoje eis que dei o play e vi o quanto o diretor foi genial no estilo, pois sabemos bem que não daria para fazer um filme desse formato totalmente em plano-sequência, mas ele fez boas viradas de ângulos e pequenas quebras que praticamente não vemos elas, e assim o desespero entregue é ainda maior já que vamos acompanhando tudo, vamos tendo as desenvolturas quase que acompanhando sem piscar a movimentação, cada hora com um personagem, aonde nos é entregue desde críticas sociais até falhas administrativas no restaurante, isso passando pelas modas de influenciadores e críticos gastronômicos, ex-chefes, intoxicação e até vigilância sanitária querendo algo ridículo como um quadro de anotações diárias de tudo, ou seja, o diretor apelou para que o filme fosse explosivo como uma água fervendo até atingir o ponto de ebulição (como é o nome original), e assim o resultado impacta e agrada demais!

Quanto das atuações todos entregaram atos bem interessantes, parecendo até que fossem realmente funcionários de um restaurante, o que não é, afinal são todos atores bem trabalhados, e claro o destaque fica por conta de Stephen Graham que fez um chef bem tradicional, mas cheio de problemas com a família, com drogas, dívidas e claro com sua autoestima, de tal forma que seu Andy tem muitas cenas com olhares fechados e densos, e toma também muita pancada no seu dia, e o ator conseguiu segurar bastante tudo o que rola, de um modo forte e claro bem fechado. Outra que teve momentos bem colocados foi Vinette Robinson com sua Carly, tanto que a série que foi lançada agora no começo do mês usando a mesma base do filme tem ela como protagonista, e seu ato de estouro foi preciso e bem imponente, mostrando atitude e desenvoltura na medida. Quanto aos demais vale destacar a dona do restaurante/gerente vivida por Alice Feetham e claro o chef televisivo junto da crítica gastronômica que vão ao restaurante para deixar o protagonista desconfortável, vividos por Jason Flemyng e Izuke Hoyle.

Visualmente como a trama é praticamente toda em plano-sequência, tiveram de arrumar um restaurante bem amplo aonde a câmera acompanha mostrando várias mesas lotadas, áreas separadas, o bar movimentado, a cozinha trabalhando rápido, as praças de montagem de pratos e de saladas, todo o fundo aonde vão lavando as louças, a área externa aonde vão levar o lixo, vemos um pouco do banheiro feminino e também ao final uma pequena sala/escritório do chef, isso tudo com muita desenvoltura de ângulos rápidos e mudanças bem colocadas de personagens para ir desenvolvendo tudo e sendo bem detalhistas em todo o ambiente, mostrando que a equipe de arte pensou muito bem, e a iluminação foi precisa para não ficar apagado.

Enfim, é um filme bem intenso, cheio de desenvolturas e estilos, que deixa o público aflito com algumas situações, mas que ainda dava para ser mais trabalhado em alguns momentos, mas para isso teria de não ser tão sequencial, o que não chamaria tanta atenção também, mas que funciona demais e vale ser conferido, e para quem gosta, a continuação em formato de série está no segundo capítulo ainda, então fica a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Netflix - Era Uma Vez Uma Estrela (มนต์รักนักพากย์) (Once Upon a Star)

Hoje estamos tão acostumados com filmes sendo exibidos dentro dos cinemas tradicionais, sejam os de shopping ou os poucos sobreviventes de rua, que sequer passa pela cabeça de muitos que já existiram mundo afora cinemas itinerantes, aonde pessoas iam até feiras, vilas e projetavam imagens em telas montadas, alguns com som, e como mostrado no longa tailandês da Netflix, "Era Uma Vez Uma Estrela", os próprios donos da caravana dublavam as cenas para dar voz aos muitos filmes, na maioria das vezes com o ator preferido do país, e claro para ter alguma rentabilidade vendiam muitas coisas também, principalmente remédios. Ou seja, o longa acaba sendo uma homenagem tanto para esses exibidores, quanto para os dubladores que muitas vezes precisam criar tons ou entonações que nem sabem direito, afinal em muitos casos nem vinha o filme com as vozes originais para que imaginassem tudo ali, apenas um roteiro e o uso da imaginação, e além disso, o longa trabalha também o elo da amizade e da família que acabavam criando nas andanças por todo o país. Diria que é um filme simples, porém bem emocional e interessante de ver, afinal o cinema tailandês é bem diferente do nosso tradicional que vemos hoje, ainda mais se pensarmos que é uma obra dos anos 60-70 então, o que acabou dando um bom charme já que mostra também a morte do principal ator do país na época.

O longa segue a equipe de uma Unidade Itinerante de Farma-Cinema que pega a estrada para levar a alegria dos filmes dublados ao vivo em 16mm a vilarejos e pequenas cidades em toda a Tailândia. A equipe de quatro personagens principais usa seus microfones para fornecer uma trilha sonora dublada ao vivo para os moradores locais ávidos por entretenimento. Em momentos críticos dos programas, a ação é pausada e a equipe deve assumir o outro papel, de vendedores para vender suas cotas de produtos farmacêuticos antes que os filmes possam continuar. Na estrada eles encontram dificuldades e enganos enquanto tentam seguir seus sonhos.

Diria que vi poucos longas tailandeses, mas a maioria trabalha uma pegada bem forte em cima de seus protagonistas, deixando que o emocional ou a explosão fique bem marcante nos devidos atos, e aqui o diretor Nonzee Nimibutr conseguiu criar cadências bem interessantes, em quase um road-movie, afinal vemos os protagonistas cruzando as montanhas e os terrenos mais difíceis com sua caminhonete para exibir filmes em pequenas vilas e festividades do país, e a grande sacada foi homenagear bem esse estilo de cinema que hoje até temos alguns exemplares de grupos que levam filmes para lugares aonde não existem cinemas, mas claro que com outro tipo de tecnologia, e claro já com o próprio áudio seja original ou dublado por dubladores em estúdios, mas sem dúvida devia ser um charme a mais conseguir tirar a risada ou a emoção do público vendo isso acontecer, quase como uma grande peça aonde a voz e o personagem são diferentes. Ou seja, ele foi bem sagaz na estrutura e conseguiu além de emocionar envolver bem com toda a dinâmica da história, sendo algo tão interessante que conseguimos viajar junto com os personagens.

Quanto das atuações, diria que o quarteto consegue desenvolver tão bem seus papeis, e com uma química tão bem trabalhada que praticamente vemos eles como uma família de amigos, e mesmo nos atos mais travados, afinal a moça é bonita e dois caras solteiros viajando junto é claro que rolaria um ciúmes, acabaram agradando também com bons trejeitos, sendo assim posso falar que Sukollawat Kanarot deu muitos tons para que seu Manit fosse chamativo, conseguisse trabalhar trejeitos para dublar várias vozes em alguns atos, e fez bem a liderança do grupo; Nuengthida Sophon trabalhou sua Kae com sensualidade e disposição para dar vozes às várias mulheres dos filmes, se entregando na emoção e claro em seu sonho de ser secretária; Jirayu La-ongmanee fez seu Kao com empolgação, sendo o mais jovem da trupe, mas cheio de imponência em seus atos, divertindo bem e encaixando bem as cenas que precisava fazer; e claro Samart Payukaroon fez o elo da idade com seu Tio Man, sabendo usar da experiência para manter o grupo, desenvolvendo emoções simples, mas bem conectadas, o que acaba sendo um ponto marcante no filme. Ainda tivemos alguns atos rápidos de Sonny Chatwiriyachai como o inspetor do programa Wichian e Nat Sakdatorn como um dos principais concorrentes da trupe com seu cinema mais elaborado, e claro tendo a conexão com a garota também, mas ambos foram pouco usados, então nem fizeram muito na tela.

Visualmente a trama é cheia de detalhes, mostrando alguns modelos de projetores, mostrando os carros da época e claro os produtos farmacêuticos que os personagens vendem nos "intervalos" dos filmes, sendo algo bem trabalhado e simbólico para dar toda a referência das chegadas nas vilas, as paradas para comida e diversão em alguns bares e boates, e também a comparação com o carro mais chique da outra companhia, isso também mostrando vários filmes tailandeses, e até a forma que foi a morte de Mitr Chaibancha com sua cena de ação em um helicóptero, ou seja, a equipe de arte foi bem detalhista e conseguiu agradar bastante.

Enfim, é um filme de certo modo bem simples, mas também cheio de detalhes e emoções, que funciona bastante mostrando esse mundo da dublagem, inclusive mostrando os roteiros aonde os personagens seguem com as falas e entonações dos filmes, além de mostrar o sonhado mundo das secretárias na época que eram as datilógrafas e suas máquinas profissionais, que entram com um bom chamariz na trama. E é isso pessoal, recomendo ele de uma forma bem emocional sobre o cinema em si, que talvez não emocione tanto alguns que não são desse meio, mas o resultado funciona bastante. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.