terça-feira, 24 de outubro de 2023

Amazon Prime Video - Feitiçaria (Brujeria) (Sorcery)

Costumo dizer que o estilo mais artístico é daqueles que ou você ama e vai curtir mesmo que o filme seja completamente estranho, ou então você vai ficar o filme inteiro tentando entender aonde o diretor desejava chegar e todas as possibilidades que a trama abre para conseguir atingir isso, e confesso que já pulei  o filme "Feitiçaria" alguns dias na plataforma da Amazon Prime Video, pois tinha todos os trejeitos de ser algo exageradamente artístico e introspectivo que facilmente não chamaria tanta atenção ou desenvoltura, e hoje ao dar play nele fica bem claro essa essência meio estranha, meio bizarra, que consegue misturar bem o conceito entre bruxaria versus religião, de crenças versus colonialismo, e claro como o medo do desconhecido pode causar coisas na mente das pessoas, de tal forma que mesmo o longa não tendo grandes ápices, o resultado acaba sendo interessante de ver, mas facilmente daria para ir bem mais além mexendo um pouco na trama para que o ritmo e as intensidades dos atos fossem menos travadas. Ou seja, é daqueles filmes que até parecem interessantes, mas que recaem muito para o estilo de festivais, aonde nem sempre o público normal consegue se conectar com tudo, e assim sendo não agrada tanto quanto poderia.

O longa nos situa em Chiloé, 1880. Rosa é uma garota huilliche que, depois do assassinato de seu pai, chega em busca de justiça junto a Mateo Coñuecar, que é líder de uma organização de bruxos e rapidamente se torna seu avô adotivo. Quando Mateo é preso, acusado de ser uma autoridade paralela na República do Chile, Rosa assumirá o desafio de libertá-lo, mesmo que isso a inicie nos caminhos da bruxaria.

Diria que o diretor e roteirista Christopher Murray soube desenvolver sua trama com um estilo fechado demais para o público, mas que determinou bem sua ideia de aonde desejava ir, que é para o mundo das crenças no país, do misticismo e claro do envolvimento pagão que tem um bom peso dentro de algumas culturas indígenas, e essa sacada deu para a trama uma formatação interessante e bem mística que até nos envolve de certa forma. Porém faltou bem pouco para que a trama tivesse um cerne melhor entregue, aonde a desenvoltura atingisse melhor a todos, que o filme rendesse um ritmo mais encaixado, e assim talvez o resultado chamasse mais atenção, pois não digo que seja um filme ruim, pelo contrário, tem atos bem marcantes, mas tudo é tão estranho e lento, que acabamos dispersos, e isso é algo que falha demais, principalmente em tramas de streaming, afinal o público recai para outros lados e acaba entendendo menos ainda o que a trama propõe.

Quanto das atuações, diria que a jovem Valentina Véliz Caileo foi meio que tímida demais para sua Rosa, de modo que pareceu acuada do começo ao fim do longa, quando se solta um pouco mais e entrega uma personalidade mais intensa, porém até chegar lá ficou sempre fazendo coisas de protagonista, mas em segundo plano, o que não é algo que deva ser feito. Daniel Antivilo trabalhou seu Mateo com um ar bem cheio de imposição e teve cenas bem marcantes, e dava para inclusive explodir mais para que ficasse ainda mais chamativo, mas fez bem dentro do que o longa propunha. Já Neddiel Muñoz Millalonco deu um bom suporte para a protagonista com sua Aurora, de modo que ficou bastante em segundo plano com seus atos, mas sempre erguia a protagonista para que não ficasse tão acuada. Outro que teve cenas meio que conflitantes, mas que fez bem o que o papel pedia foi Daniel Muñoz com seu Acevedo, num misto entre delegado e juiz que ficou até estranho de entender na trama. E por fim, Sebastian Hülk trabalhou seu Stefan bem, criou algumas desenvolturas tensas, mas o personagem em si é meio forçado, e ele entregou sem tentar ir por um lado mais casual.

Visualmente a trama teve atos bem intensos com símbolos espalhados em vários atos, um tribunal bem bagunçado, algumas cenas de violência policial intensas, muita chuva, casas simples repletas de cultura e misturas entre religião e misticismo, algumas cenas intensas com pássaros, ou seja, a equipe de arte teve um trabalhão para conseguir representar bem o roteiro em cada cena, junto com figurinos rústicos bem colocados que deram um tom bem cinzento para a produção, mostrando a cada ato muita precisão para simbolizar tudo. Já na questão dos efeitos, forçaram um pouco a barra com os cachorros e com os ataques dos pássaros, de modo que soou bem falso na tela, mas diria que foi uma opção mais própria.

Enfim, não diria que esperava muita coisa do longa, pois já parecia bem estranho, porém é notável que a equipe não quis algo mais comercial e deixou a trama com um estilo que não flui facilmente, e assim numa plataforma de streaming facilmente o pessoal acabará nem terminando o longa por inteiro, o que é algo ruim de acontecer, mas para aqueles que forem até o fim, como eu fiz, diria que o resultado por completo é algo mediano, que dava para ir mais além, então fica a dica para pensar no que deseja ver antes de dar o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã na torcida de achar algo melhor para indicar para vocês, que essa semana está bem difícil, então abraços e até logo mais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...