quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Amazon Prime Video - O Chefe (Boiling Point)

Muitas vezes vemos nos realities gastronômicos os chefs falando que as cozinhas de restaurantes profissionais geralmente são caóticas, que cozinhar é o mínimo e tudo mais, mas como costumo falar, sempre pode piorar, então o diretor resolveu mostrar em seu longa "O Chef", um dia de um restaurante badalado aonde todos os tipos de problemas vão rolar, usando uma câmera bem presencial quase que grudada nos principais personagens, de forma a irmos sentindo cada momento intenso, e só pensando em como tudo pode piorar, mostrando que o simples e bem feito não bastam, e um erro na equipe pode explodir tudo em algo que precisa seguir uma cadeia. O longa concorreu à várias premiações no ano passado e entrega muita personalidade e dinâmica em cada cena, valendo bem a conferida na tela, principalmente por ser bem rápido, apenas 92 minutos, mas que entregam tantas situações que parece até maior.

A sinopse nos conta que a trama acompanha a rotina caótica de uma cozinha, de um prestigiado restaurante, no dia mais movimentado do ano. Um chef de cozinha precisará lidar com as pressões da crítica e de funcionários, além da falta de ingredientes e visitas inesperadas. Em uma noite em que tudo conspira para uma tragédia anunciada, o Chef fará tudo para manter o controle de seu restaurante. A trama se desenvolve nos bastidores da cozinha estrelada, onde a pressão implacável das circunstâncias, pode levar os profissionais ao limite, em um ramo que não admite erros, e a precisão e controle são qualidades essenciais. O longa, todo em plano sequência, entra de forma eletrizante nos conflitos travados em um espaço tão angustiante, quanto uma cozinha sobrecarregada.

Quando assisti o filme "O Acusado" semanas atrás vi que o longa anterior do diretor Philip Barantini era um que eu queria ter conferido quando vi o trailer no cinema, mas que não chegou aqui no interior na época e acabei esquecendo, mas vi que tinha para locação na Amazon Prime Video e deixei na minha lista para assistir, e hoje eis que dei o play e vi o quanto o diretor foi genial no estilo, pois sabemos bem que não daria para fazer um filme desse formato totalmente em plano-sequência, mas ele fez boas viradas de ângulos e pequenas quebras que praticamente não vemos elas, e assim o desespero entregue é ainda maior já que vamos acompanhando tudo, vamos tendo as desenvolturas quase que acompanhando sem piscar a movimentação, cada hora com um personagem, aonde nos é entregue desde críticas sociais até falhas administrativas no restaurante, isso passando pelas modas de influenciadores e críticos gastronômicos, ex-chefes, intoxicação e até vigilância sanitária querendo algo ridículo como um quadro de anotações diárias de tudo, ou seja, o diretor apelou para que o filme fosse explosivo como uma água fervendo até atingir o ponto de ebulição (como é o nome original), e assim o resultado impacta e agrada demais!

Quanto das atuações todos entregaram atos bem interessantes, parecendo até que fossem realmente funcionários de um restaurante, o que não é, afinal são todos atores bem trabalhados, e claro o destaque fica por conta de Stephen Graham que fez um chef bem tradicional, mas cheio de problemas com a família, com drogas, dívidas e claro com sua autoestima, de tal forma que seu Andy tem muitas cenas com olhares fechados e densos, e toma também muita pancada no seu dia, e o ator conseguiu segurar bastante tudo o que rola, de um modo forte e claro bem fechado. Outra que teve momentos bem colocados foi Vinette Robinson com sua Carly, tanto que a série que foi lançada agora no começo do mês usando a mesma base do filme tem ela como protagonista, e seu ato de estouro foi preciso e bem imponente, mostrando atitude e desenvoltura na medida. Quanto aos demais vale destacar a dona do restaurante/gerente vivida por Alice Feetham e claro o chef televisivo junto da crítica gastronômica que vão ao restaurante para deixar o protagonista desconfortável, vividos por Jason Flemyng e Izuke Hoyle.

Visualmente como a trama é praticamente toda em plano-sequência, tiveram de arrumar um restaurante bem amplo aonde a câmera acompanha mostrando várias mesas lotadas, áreas separadas, o bar movimentado, a cozinha trabalhando rápido, as praças de montagem de pratos e de saladas, todo o fundo aonde vão lavando as louças, a área externa aonde vão levar o lixo, vemos um pouco do banheiro feminino e também ao final uma pequena sala/escritório do chef, isso tudo com muita desenvoltura de ângulos rápidos e mudanças bem colocadas de personagens para ir desenvolvendo tudo e sendo bem detalhistas em todo o ambiente, mostrando que a equipe de arte pensou muito bem, e a iluminação foi precisa para não ficar apagado.

Enfim, é um filme bem intenso, cheio de desenvolturas e estilos, que deixa o público aflito com algumas situações, mas que ainda dava para ser mais trabalhado em alguns momentos, mas para isso teria de não ser tão sequencial, o que não chamaria tanta atenção também, mas que funciona demais e vale ser conferido, e para quem gosta, a continuação em formato de série está no segundo capítulo ainda, então fica a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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