AppleTV+ - Flora e Filho - Música em Família (Flora and Son)

10/03/2023 10:28:00 PM |

Alguns filmes conseguem tocar um pouco mais as pessoas pela síntese da trama, outros pelas atuações, e tem vezes que até os musicais não tocam tanto pelas canções, mas sim pelo objetivo completo que tudo passa a representar, e com o lançamento da semana (ou do mês, já que lá surge um filme a cada monte de dias) da AppleTV+, "Flora e Filho", vemos bem essa energia inicialmente estranha e pegada entre uma mãe jovem e seu filho que teve com 17 anos, aonde ele está rumando para ser preso pela quantidade de delitos e ela desencantada com a vida resolve aprender a tocar violão para tentar reconquistar o ex-marido que é músico, para se conectar com o filho e ver se conseguem se entender, ou só por ter achado o professor bonito e gostar do tempo junto com ele online, mas que na junção de história, de envolvimentos e de emoções consegue passar muito mais do que apenas um filme musical complexo, mas algo que mostra que mudar faz bem, ouvir o próximo e entender ele pode ser mais fácil do que se imagina, e que conexões podem ocorrer quando menos se espera. Ou seja, é um filme que dá para curtir tranquilamente sem pensar muito, pois é bonitinho e tem uma boa energia, mas que se filosofar um pouco sobre tudo o que é mostrado vai abrir a mente de algumas teorias malucas sobre família, vida, e tudo mais.

A mãe solteira Flora não sabe o que fazer com seu filho adolescente rebelde, Max. Incentivada pela polícia a encontrar um hobby para Max, Flora tenta ocupá-lo com um violão surrado. Com a ajuda de um músico de Los Angeles, Flora e Max descobrem o poder transformador da música.

Sei que alguns vão me crucificar, mas o diretor e roteirista irlandês John Carney trabalha quase sempre o mesmo estilo de filme, e isso não é ruim, pois já sabemos que vamos encontrar sempre uma boa trama, ótimas canções originais nas vozes dos protagonistas, e muita conexão entre os personagens, que mesmo trabalhando temas difíceis conseguem nos envolver de uma maneira tão fácil e bem colocada que você acaba pensando em diversas coisas sem precisar parar de curtir a trama. Ou seja, ainda meu filme preferido dele é "Mesmo Se Nada Der Certo", mas consigo arrumar um bom lugarzinho na minha memória para esse seu novo filme, pois ele dialoga bem os problemas de muitas mães com seus filhos adolescentes mais rebeldes, e também critica alguns pensamentos da sociedade sobre ser mãe num mundo moderno, e assim sendo acredito que muitos irão se conectar com toda a ideia e com o desenrolar da trama.

Quanto das atuações, diria que Eve Hewson foi bem direta no estilo de sua Flora, passando bem suas emoções com trejeitos bem trabalhados, não deixando dúvida dos sentimentos da personagem, e costumo dizer que isso em trama mais musicais é algo que muitas vezes soa falso de ver na tela, e aqui ela dominou com leveza, agradando bastante. E falando em agradar bastante, o jovem Orén Kinlan trabalhou seu Max de uma forma mais fechada, mas sem soar tímido, o que é até estranho de ver pela personalidade que queriam atingir, pois sonha em ser rapper, e até tem um estilão para isso, ou seja, foi meio que duplo e chamou atenção. Agora embora tenha um estilo meio galanteadora com a forma entregue, Joseph Gordon-Levitt não entregou nem metade do que sabe fazer para com seu Jeff, pois ficou seco demais em suas cenas, mas não foi algo ruim, apenas dava para ser mais emocional nos olhares, diria que talvez tenha sido o estilo escolhido por ser aulas online, mas a sacada do transporte lateral para dentro do ambiente ficou bem bacana de ver. Ainda tivemos alguns atos bem colocados de Jack Reynor como o pai do garoto, mas nada que fosse memorável.

Visualmente a trama foi bem dimensionada no apartamento bem simples e bagunçado dos protagonistas, mas que depois acaba respirando muita música com a jovem aprendendo a tocar violão e o garoto sintetizando sua música com o computador, vemos um bom transporte de ambientes do professor para junto da protagonista seja no topo do prédio ou em alguns parques, e vemos um pouco da instituição penal aonde o garoto vai, mas algo muito bonito para algo prisional, que se duvidar é melhor que muitos colégios internos por aí, então ficou um pouco estranho de ver, mas como tudo se conecta bem, e isso foi algo bem rápido, o resultado da equipe de arte funcionou ao menos para a proposta.

Como é um filme musical, é óbvio que as canções foram muito bem trabalhadas tanto por músicos profissionais quanto pelos protagonistas, e mais do que isso, a maioria tem letras bem encaixadas com os momentos da trama, o que é sempre muito gostoso de ver acontecer, e claro ouvir, então deixo aqui o link para quem quiser conferir depois.

Enfim, é um filme de certo modo bem simples, mas que é tão gostosinho de conferir, com um tema bem interessante que acaba valendo demais o tempo de tela de apenas 97 minutos. Sei que muitos não tem a plataforma (e também já fui e voltei nela umas par de vezes por demorarem meses pra ter algum filme novo), mas terão bons exemplares nos próximos meses, então vale se pensar em usar o período de teste para ver esse e muitos outros que já estão por lá. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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