Elas Por Elas (Tell it Like a Woman)

Fazia tempo que não conferia uma coletânea de filmes que usassem a mesma temática e se desenvolvessem individualmente, pois o pessoal andava optando por intercalar as histórias e criar "multiversos" que se encontrassem e dissessem algo a mais, porém a ideia de "Elas Por Elas" trabalhou um pouco a mais, já que temos 7 filmes de países e línguas diferentes, dirigidos por 7 diretoras diferentes de ideias, aonde 7 mulheres atuaram como protagonistas para mostrar um pouco de seus problemas e desenvolturas para lidar com o mundo que vivem envoltas, de tal forma que se analisarmos tudo junto conseguimos enxergar um leque bem forte de sínteses aonde a mulher que consegue se reerguer vai conseguir erguer outras que precisarem dela, vemos o saber conversar para que uma pessoa que não aceita ninguém aceite sua atenção, vemos o mudar da vida de uma pessoa quando outra é colocada na sua vida sem que você imaginasse, vemos como um pequeno costume cotidiano é enxergado pelos filhos para mudar uma mãe, vemos uma pessoa no fim de suas forças que precisaria ir para uma comemoração familiar mudar tudo para ajudar uma outra pessoa, e também vemos como uma pessoa que se acha perfeita muda tudo quando conhece uma pessoa que precisou mudar completamente, isso tudo ainda representado numa animação ao final para mostrar que sair da caixa muitas vezes liberta a alma para conquistar o mundo. Ou seja, resumi bem os sentimentos da trama, mas diria que tudo é necessário para ir mais além, pois o filme tem essa capacidade e encanta.

Diria que o filme como um todo tem uma pegada bem sentimental forte, aonde já resumi cada sentimento que tive no parágrafo anterior, mas com toda certeza cada ato vai fazer cada um sentir e se envolver de formas diferentes, o que adianto sobre as técnicas, direções e atuações é que a trama em si é pesada se olharmos bem a fundo, e são temas de muita discussão e abertura que nem sempre vemos de cada um, então acredito que o filme como um todo vai trazer muitas reflexões e dinâmicas. Ou seja, não vou me aprofundar falando de cada direção ou atuação em específico, pois são muitos nomes e o resultado acabaria mais cansando do que tendo alguma serventia, mas digo que todas trabalharam muito bem em cada trabalho, e particularmente os dois que mais me conquistaram foi "Unspoken" e "A Week in My Life", mas sem dúvida o resultado completo funciona como um todo. A canção original concorreu ao Oscar e ganhou o Globo de Ouro desse ano, então já é um atrativo a mais para conferir, e ela é bem usada no filme, além de dar o fechamento em uma outra versão. Vou deixar abaixo as sinopses estendidas de cada curta, que contém basicamente quase que tudo o que ocorre, então leia somente se não se importar com spoilers, e claro, veja o filme nos cinemas à partir do dia 19/10.

Sinopses dos curtas:

"PEPCY & KIM" Baseado na história real do herói do Top Ten da CNN, Kim Carter. Kim Carter nunca teve chance. Ao crescer, ela foi cercada por drogas, violência e crime, logo se tornando uma participante desse mundo. O passado de Kim inclui múltiplas agressões sexuais, dependência de drogas e álcool, falta de moradia e, finalmente, prisão. Para ajudá-la a lidar com seu trauma, nasce Pepcy. Ela alterna entre Kim e Pepcy dependendo de qual personalidade a domina, Kim cria e Pepcy destrói. Durante seu último encarceramento, Kim reflete sobre a vida que viveu antes com sua filha de sete meses, além de tentar controlar seu vício em drogas, estresse pós-traumático e dupla personalidade. Kim ganha na loteria para cumprir sua pena na reabilitação, onde poderá se concentrar em sua saúde mental e lidar com seu passado de agressões e traumas. Kim é transportado, em uma van, para fora da prisão, onde inevitavelmente Pepcy retorna para convencer Kim a esfaquear o motorista. Lutando contra seu próprio demônio pessoal, Kim não esfaqueia o motorista e é escoltada até seu novo centro de saúde mental, deixando Pepcy para trás para sempre, trancado na van. Kim completa seu período de reabilitação, certifica-se em contabilidade e se reencontra com a filha. Ela se torna a fundadora da Time For Change Foundation.

"ELBOWS DEEP":  A Diretora Médica do Homeless Health Care em Los Angeles, Dra. Susan Partovi, e a Enfermeira Tamika King chegam a um hotel sofisticado de Los Angeles que foi transformado em alojamento temporário para os sem teto durante a pandemia de COVID de 2020. A missão deles é verificar Kenny, uma garota sem-teto que luta contra uma doença mental, que teve um braço infectado tratado na semana anterior. Kenny, à beira de outro surto psicótico, torna difícil para o Dr. Partovi tratar seu braço. Enquanto a Dra. Partovi remove camadas e mais camadas de roupas - “proteção da rua”, como Kenny as chama - para descobrir o braço, ela também está aparentemente removendo camadas de medo. Através disso, o Dr. Partovi e a enfermeira Tamika formam uma conexão e crescem em compaixão pela população vulnerável de Los Angeles. Elbows Deep é inspirado em uma história verdadeira contada pela Dra. Susan Partovi. 

"LAGONEGRO":  Ana, uma arquiteta habitualmente ocupada, viaja de volta à casa de sua infância em Lagonegro para identificar o corpo de sua irmã mais nova. Ao chegar, Ana descobre que não só sua irmã Sara deixou a casa para ela, mas também sua filha Lena, de 7 anos. Não tendo tempo ou vontade de criar um filho, Ana tenta encontrar um lar alternativo para Lena, tentando até contratar Bestabe, a babá de Lena, para criá-la. Bestabe se recusa, então Ana decide deixar o tribunal decidir o destino de Lena. Ao saber da decisão de Ana, Lena escreve um bilhete de despedida e foge. Ana faz uma busca frenética tentando encontrar Lena e durante esse momento crucial percebe que Lena não é tão diferente de si mesma - apenas uma garota assustada tentando encontrar um lugar no mundo - e decide que seu estilo de vida agitado pode esperar enquanto ela silencia seu telefone. e dá a Lena toda a sua atenção, o que inclui fazer planos para tornar Lena permanentemente parte de sua vida. 

"UNSPOKEN":  Diana, uma veterinária do tipo que “luta para equilibrar a vida profissional e pessoal”, trata um cachorro ferido durante seu turno na clínica. Durante o exame do cachorro, Diana também nota hematomas anormais na dona do cachorro, Greta. Cada momento de Greta é examinado por seu aparentemente charmoso marido Karl, que nunca sai do seu lado. Algo parece estranho para Diana e ela age de acordo com esse instinto durante um momento em que Karl é distraído pela equipe veterinária. Ela descobre que Greta tem sido constantemente abusada pelo companheiro e corta a pata do cachorro para ter a chance de sair de casa e fugir. Diana consegue ajudar Greta e, como resultado, percebe que a linha entre o profissional e o pessoal às vezes é confusa, e tudo bem quando isso significa fazer a diferença na vida de alguém. 

"A WEEK IN MY LIFE" Yuki trabalha incessantemente para sustentar seus dois filhos, Towa e Aya. Em seus esforços para manter suas vidas nos trilhos, Yuki se perde em sua rotina: acordar, cozinhar, limpar, mandar os filhos para a escola, trabalhar, pegar os filhos, cozinhar, limpar, dormir. Sua vida exaustiva se torna sua rotina, enquanto seus filhos se sentem negligenciados e anseiam por sua atenção. Quando Yuki recebe um presente de surpresa, ela percebe que o verdadeiro presente é estar verdadeiramente presente. 

"SHARING A RIDE":  Divya é uma profissional de sucesso que se considera progressista até que uma noite se vê obrigada a lidar com seus próprios preconceitos e julgamentos. Ela divide um táxi com uma jovem trans, Anjali, com roupas brilhantes e foge enojada. No dia seguinte, ela vê a mulher trans uniformizada, de policial. Divya está impressionada. Intrigada e tentando superar seus preconceitos, Divya mais tarde segue Anjali, novamente vestida com roupas brilhantes, até a “Glitteratti-Transgender Modeling Agency”. Mais tarde, Divya chama Anjali para pegar um táxi. Divya para o carro, oferecendo-lhe uma carona. A mulher se aproxima, com um olhar de reconhecimento de algumas noites atrás. Ela hesita em aceitar a oferta, mas Divya insiste e pergunta a Anjali se ela gostaria de ganhar um chai. Ela finalmente concorda e, num momento de confiança, compartilha sua história de autodescoberta. Percebendo que não são tão diferentes, a noite se torna o início de uma amizade improvável. 

"ÁRIA":  Em uma cela minúscula e escura está uma pequena criatura negra, Aria. Olhando para o teto da cela há sombras rosa brilhantes projetando um laço de mulheres realizando movimentos mecânicos, penteando os cabelos, passando roupa, passando batom, etc. e Aria os copia. Aria não tem traços definidos, apenas olhos grandes que expõem a tristeza. Há um vidro rosa atrás de Aria que quebra repentinamente, permitindo a entrada de uma pequena fresta de luz. Aria consegue quebrar a amarração de seus braços e pernas e fica livre da amarra. Aria empurra a parede de vidro e ela se abre em um zootrópio circular. Ela encontra um quadrado azul de mecânicos masculinos em loop, desde exibir músculos, andar de motocicleta, carregar uma noiva. A criatura, Sake, olha para Aria e sai de seu quadrado. Sake examina Aria, eles flutuam no ar em direção ao topo de um farol. Aria acende a luz e o feixe dela reflete nas paredes de vidro de todas as celas da prisão, quebrando-as. As criaturas começam a se transformar em seres de cores vivas, livres de seus estereótipos e levitam em direção à lua.

PS: Praticamente todos os curtas são incríveis e dei notas 9, 9, 8, 10, 10, 8, 9 respectivamente, então a nota média foi 9 e será a que vou colocar aqui para o longa por completo.