terça-feira, 31 de outubro de 2023

Nefarious

Achei que já tinha visto todos os estilos e subgêneros do terror, mas com certeza ainda não tinha pensado em uma vertente do estilo para o público mais religioso, pois sempre a maioria dos filmes do estilo eram queimados, falando que eram exagerados e forçados, que estaríamos liberando o mal vendo aquilo e tudo mais, isso até hoje, pois eis que chega na próxima quinta-feira nos cinemas o longa "Nefarious", que trabalha o vértice com uma pegada mais própria dentro do estilo, sem termos pessoas levitando, vomitando ou qualquer coisa cheia de efeitos na tela, mas sim um diálogo (ou seria uma múltipla conversa?) entre um presidiário prestes a ser eletrocutado que afirma ser um demônio apenas incorporado em uma pessoa má e um psiquiatra ateu que precisa atestar que o preso não está maluco e é responsável pelos atos que cometeu, merecendo ser tostado na cadeira. Ou seja, vemos algo quase teatral, já que nem precisaria de mais ambientes na tela, e facilmente daria para o filme virar uma peça, aonde o que valeria mesmo são as expressões dos protagonistas, e claro o texto imponente que trabalha bem as intenções do mal contra o bem como o pôster já coloca em desta. Diria que o pessoal mais religioso vai sair da sessão querendo jogar água benta nas poltronas e rezando até chegar no carro no estacionamento, mas quem for conferir a trama esperando um terror mais propriamente dito vai acabar um pouco decepcionado com tudo o que é entregue na tela, não sendo algo ruim, mas que dava para pegar mais pesado para ao menos arrepiar quem está acostumado com o gênero.

A sinopse nos conta que no dia de sua execução, o assassino em série Edward Brady tem um último e decisivo compromisso: uma consulta final com um psiquiatra, atestando que ele de fato cometeu seus crimes sabendo o que fazia e, assim, não pode ter sua sanidade questionada. Porém, depois do suicídio de seu antigo médico, Edward deverá ser avaliado pelo Dr. James Martin, outro psiquiatra. Com o destino – e a vida – do assassino em suas mãos, Martin não tem ideia do que terá que enfrentar. Quando Brady diz ao médico que é, na verdade, um demônio, uma batalha pela verdade tem início, envolvendo fé, crenças e o futuro da humanidade.

Diria que os diretores e roteiristas Chuck Konzelman e Cary Solomon foram bem coerentes na formatação desenvolvida do livro de Steve Deace, pois não quiseram inventar a roda com o que tinham em mãos, fazendo uma trama quase que sem dinâmicas, basicamente tendo apenas uma mesa e dois homens discutindo, ao ponto que temos um ou outro ato fora dali, ou com outros personagens, que servem para elucidar algumas conversas, mas que facilmente daria para suprimi-los. E isso não é ruim, pois mostra principalmente técnica e desenvoltura para fossem bem objetivos, e principalmente acertassem bem no público-alvo, afinal volto ao que falei no começo, que não é um filme para os fãs de longas de terror, pois para esses a trama será bem básica, mas como colocam como objeto de terror situações e traumas religiosos polêmicos como eutanásia, aborto e claro a pena de morte, o resultado da discussão entre aceitar e julgar tais casos com envolvimento entre dinâmicas religiosas acaba indo mais além, e claro, funcionando para esse público específico. Ou seja, é uma nova vertente que pode dar muito certo, afinal os diretores já fizeram grandes filmes religiosos de dramas, romances e até julgamentos, então agora atacar o gênero de terror pode dar certo também.

Quanto das atuações, diria que os protagonistas souberam segurar completamente a trama em seus trejeitos, convencendo bem o público com as nuances que entregam, de tal forma que como já disse parecer uma peça teatral, ambos deram seus shows e não desapontaram em momento algum. Sean Patrick Flanery entregou um Edward/Nefarious bem interessante, mudando completamente de personalidade e trejeitos conforme conversava com seu parceiro de cena, trabalhando tom de voz e desenvolturas bem fechadas com olhares e dinâmicas, que não podendo sair do lugar chamou ainda mais atenção para tudo o que conseguia somente ali, e foi muito bem. Do outro lado da mesa, podendo se levantar, sair e refletir com tudo o que estava acontecendo, Jordan Belfi conseguiu dimensionar trejeitos inicialmente céticos com seu James, mas que vai mudando bastante conforme tudo vai acontecendo, de modo que entrega bem suas intensidades e agrada bastante, só diria que falhou um pouco na entrevista final, que dava para criar algo a mais ali, mas foi bem no que fez de modo geral. Ainda tivemos alguns atos espalhados com outros atores, mas que não puxaram nada para si, valendo dar um leve destaque para Tom Ohmer como chefe da penitenciária, mas sem grandes atos marcantes.

Com o estilo teatral, basicamente ficaram mostrando o presídio por fora apenas para criar uma ambientação da tempestade que está por vir e toda a revoada de pássaros rondando o local, além de uma multidão na frente na hora que o psiquiatra entra por lá, pois a base toda é bem resolvida em apenas uma cela com uma mesa, algemas e o figurino tradicional de presidiário, pois tudo rola ali perfeitamente, mas claro que o ato depois aonde acham as coisas na cela do presidiário o resultado dá uma boa trabalhada, com tudo o que é mostrado. Além disso tivemos ao final uma entrevista tradicional dessas de apresentador e entrevistado, com tudo bem simples e funcional, ou seja, a equipe de arte tentou mostrar um pouco mais de trabalho, mas não era necessário, e assim o simples já era suficiente.

Enfim, é um filme interessante de proposta que basicamente recomendo para todos os amigos religiosos que gostem de terror, pois o filme foi feito completamente voltado para eles, e com toda certeza irão gostar bastante de tudo, sairão tensos e tudo mais, e assim sendo daria uma nota 8 ou 9 nesse tipo de análise, porém para os amigos que gostam de terror mesmo, daqueles que você se arrepia com tudo, o resultado não vai alcançar um nível satisfatório, sendo interessante, mas que dava para pegar um pouco mais, e assim sendo colocaria com um 6, então vamos seguir na média, pois é um bom filme e vale a conferida, então indico ver nos cinemas à partir do dia 02/11 como algo simples, bem feito que dava para ir tão além com poucas mudanças, mas não ficaria dentro da proposta, então vamos manter assim e está tudo certo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, novamente agradecendo ao pessoal da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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