Uma Fada Veio Me Visitar

Não vou mentir que estava com muito medo de conferir "Uma Fada Veio Me Visitar" em plena sexta-feira 13, pois sei bem que nunca foi meu estilo favorito nem os longas da Xuxa, muito menos os baseados nos livros adolescentes de Thalita Rebouças, mas cá estou escrevendo feliz após conferir a trama, pois com um formato descontraído bem misto aonde mostrou uma fada que parou nos anos 80/90, bem no estilão da apresentadora, a trama cadenciou problemas atuais de bullying e amizades superficiais com boas sacadas e até um bom envolvimento. Outro ponto bem colocado na trama foi a direção de público, sendo um filme feito para adolescentes, aonde os fãs da protagonista até podem se conectar, mas não quiseram fazer nem algo infantil bobinho demais, nem algo realmente adulto, e como costumo falar, isso é acertar em cheio, ou seja, é um filme light, bem feito e que serve como um bom representante do gênero infanto-juvenil que as vezes nem gostam tanto de se ver na tela, mas o resultado funciona e agradará quem for disposto a curtir.

A sinopse nos conta que depois de quatro décadas congelada, a Fada Tatu é escolhida para uma missão: fazer Luna e Lara, duas adolescentes que se odeiam, virarem melhores amigas. Enquanto Tatu tenta se adaptar aos tempos atuais, percebe que os problemas da adolescência continuam os piores do mundo.

Diria que a diretora Vivianne Jundi se redimiu bem depois de fazer um filme sem direção de público como acabou entregando "Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano", pois aqui o maior acerto foi ter pegado o roteiro/livro de Thalita Rebouças e ir no rumo certo que a trama pedia, com algo meio bobinho sem ser ingênuo, mas com sacadas bem pensadas nos temas modernos que as adolescentes enfrentam atualmente, e assim brincando com as fases temporais de adolescentes dos anos 80/90 na personalidade/figurino da fada, com as gírias e envolvimentos atuais pela garota Luna, acabou funcionando e tendo pegada. Ou seja, o resultado na tela acaba sendo um filme descontraído que até tem atos que você fica constrangido do que vê os personagens fazendo, mas que ao analisar friamente vê que era a melhor forma para funcionar.

Sobre as atuações, não sei se o livro foi pensado exatamente com Xuxa Meneghel no papel de Tatu, mas ela pegou com tanta personalidade a personagem, que chega a ser difícil pensar em qualquer outra atriz para o que vemos na tela, e mesmo ela dando a declaração de que usou teleprompter para não perder as falas, não sentimos isso ocorrer na tela, pois foi perfeita, claro do seu jeito meio maluco, e agradou bastante. E falando em agradar, a estreia de Tontom Périssé mas telonas foi algo realmente incrível de ver, pois a jovem fez sua Luna de um modo tão bem conectado, dando nuances para a personagem, sendo emotiva e envolvente, tendo carisma (algo dificílimo para qualquer ator/personagem adolescente), e mostrando tanto que é bom ficar de olho nela, pois tende a estourar bem como atriz se lhe derem bons papéis. Ainda tivemos Vitória Valentin bem colocada nos atos de sua Lara, fazendo uma jovem bem arrogante, tradicional de garotas nessa fase, mas que soube mudar bem com a formatação, e claro com o baque do roteiro, de modo que chama atenção e agrada também. Felizmente não focaram tanto nas demais fadas, pois os personalizados ali eram meio que bobinhos demais para o tema, e talvez recairia para algo mais infantil, mas diria que Zezeh Barbosa, Dani Calabresa e Lívia Inhudes até que não desapontaram nos seus devidos momentos.

Quanto ao visual da trama, a equipe de arte brincou bastante como quarto da protagonista bem decorado com pinturas cheias de detalhes e estilo, entregou uma escola tradicional de filmes, com as devidas conexões, foi bem rápido ao mostrar que a garota esnobe é riquinha com seu super armário de roupas, mas principalmente a equipe de figurino trabalhou com tudo e mais um pouco para as roupas da fada, sempre voltando para os clássicos da cultura dos anos 80/90, soando por vezes divertido e por vezes bizarro, mas agradando bastante de uma forma geral.

Enfim, confesso que fui conferir pronto para atirar muitas pedras no longa, mas sai muito feliz com o resultado entregue, e mesmo tendo algumas cenas forçadas e bobinhas para um público mais adulto, como disse no começo o foco foi muito acertado no público adolescente, então assim sendo o resultado funciona bem e até agrada mais do que o esperado. Então diria que recomendo ele para esse público alvo que até pode achar que ver um filme da Xuxa vai ser algo meio ultrapassado, mas que no final acabará gostando bastante. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto logo mais com outro texto de hoje, então abraços e até breve.