Diria que o estilo do diretor e roteirista Martin Provost ("A Boa Esposa", "Reencontro") é desses que gosta de retratar personagens como uma pintura realmente, valorizando bem a cenografia e trabalhando bastante com detalhes cênicos, mas sem criar grandes desenvolturas na tela, o que acaba mais cansando do que agradando na forma integral da trama. Ou seja, ele trabalhou bem todo o resultado do filme, mostrando bem como viveu o artista e tudo mais, mas não conseguiu ir muito além do que uma obra biográfica bem desenvolvida.
Quanto das atuações, diria que Cécile de France trabalhou muito bem sua Marthe Bonnard, entregando algo até que bem interessante de desenvoltura, criando trejeitos fortes e intensos, e se desenvolvendo bastante conforme os anos vão mudando na tela, desde uma donzela bem esperta no começo até uma mulher que passou a pintar e depois uma senhora que vê fantasmas, e isso mostrou que ela tem muita potência artística, sendo precisa e interessante de acompanhar seus traços. Já Vincent Macaigne fez um Pierre Bonnard bem intenso, trabalhando bem as mãos e olhares para passar o ar de estar pintando mesmo, e claro como um bom amante de suas musas acabou tendo flertes com todas. Stacy Martin deu um ar sedutor para sua Renée Monchaty, criando cenas marcantes e muitas aberturas emocionais para a trama, mostrando estilo e presença na tela. Quanto aos demais, vale citar muitos artistas marcantes da época, como Anouk Grinberg que viveu Misia Godebska, e André Marcon que fez Claude Monet, dando boas intensidades para as cenas junto dos protagonistas.
Visualmente a trama é incrível, retratando bem o fim do século XIX e o começo do XX colocando a guerra meio que de pano de fundo, mas sem mostrar bombardeios ou soldados, e focando mais nas pinturas e na vida do protagonista, mostrando seu pequeno estúdio em Paris, as festas na casa de Mísia Godeska, depois sua bela casa a beira do rio aonde acontecem várias cenas bem bonitas, inclusive com Monet usando o local para várias de suas pinturas também, vemos algumas cenas num prédio na Itália com a amante, e claro as pinturas de Marthe depois, ou seja, um filme com uma liberdade poética bem visual da vida do pintor e de sua musa.
Enfim, é um filme que até entrega algo bem interessante, e escrevi claro o texto com 10 minutos a menos, sem saber o final que irei ver na terça quando for conferir outro e este estiver no finalzinho, mas já dava para imaginar o que aconteceria ali, e nos atos seguintes, então digo que poderia ter um ritmo mais trabalhado para não soar cansativo, pois assisti 110 minutos do longa que pareceram pelo menos umas três horas, mas não chega a ser ruim de ver, então fica a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas vou agora ver uma das estreias do streaming, já que hoje não voltará a luz no cinema do Festival, então volto mais tarde com mais um texto, então abraços e até breve.
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